sábado, 27 de agosto de 2011

PLANTAS MEDICINAIS - OS RAIZEIROS DO VELHO BREJO DAS ALMAS

PLANTAS MEDICINAIS  -  OS RAIZEIROS DO VELHO BREJO DAS ALMAS
Enoque Alves Rodrigues
São infinitamente incontáveis os historiadores que tem nos presenteado com seus relatos, por sinal, ricos em pormenores, a respeito da flora medicinal que existia nos serrados do velho Brejo das Almas de antanho que, contrariando a ordem da Natureza,  cobria como se verde tapete fosse, á árida terra que me serviu de berço. Eu próprio, sem qualquer pretensão de incluir-me no rol de importantes, mas mantendo a prudência peculiar, já discorri várias vezes sobre esse tema que em muitos ainda exerce grande fascínio. 
Há, no entanto, várias crendices populares que o nosso matuto brejeiro sempre procurou preservar no decorrer dos muitos anos ou séculos. Refiro-me a comprovação da eficácia de cura atribuída a determinada erva ou raiz. Aliás, ao vermos nos dias atuais a alquimia resultante das grandes descobertas no campo da indústria química prevalecer em quase todas as essências, há que nos perguntarmos: até onde devemos crer na capacidade de cura creditada pelos nossos antepassados, a esta ou aquela plantinha? Será que a raiz que se encontra curtida com cachaça de alambique dentro daquela branca garrafa tem realmente algum poder de cura ou está lá apenas devido ao seu sabor amargo ou para causar um bom efeito visual induzindo o pinguço a consumir mais? São indagações que com toda certeza habitam o imaginário de grande parte da população, pau d’agua ou não.
Contrariando minha mãezinha, a santa de cabelos brancos, razão de meu existir, que acaba de completar setenta e seis aninhos e vive lá em Burarama, que certamente me diria: “Noquinho, cuidado com certas afirmações. Lembre-se que cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém,” atrevo-me a dizer que os efeitos dessas garrafadas na maioria das vezes, são muito mais psicológicos, ou placebo que reais. Mas isso não importa. O que conta mesmo é que não há raízes e garrafadas sem os raizeiros, que as preparam e que intitulam a crônica de hoje.
Certo está que as raízes e os raizeiros fazem parte da vida de Francisco Sá, o nosso querido Brejo das Almas, desde os tempos de sua fundação. Em 1704, quando  o fazendeiro Antonio Gonçalves Figueira deixou suas fazendas Jaíba, Olhos D’agua e Colônia Montes Claros com destino ao Gorutuba, onde chegaria a dois de Novembro, incorporaram-se em sua pequena expedição de pouco mais de 20 pessoas, vários raizeiros, sendo o mais famoso deles Getúlio Santos Soares. Quando construíram a primeira Capela do Brejo, a São Gonçalo, em 1768, ao inaugura-la, estavam todos cansados e esbaforidos. Devido ao calor, forte indisposição intestinal tomou conta da plebe. Foram todos salvos por garrafadas e mais garrafadas de malva com fedegoso e semente de aroeira.
Antão do Catuni, Geraldo da Marvina, de Lagoa Seca, Rosendo, de São Geraldo, Manuel Pereira, de Poções, Bicalho, do final da Rua Montes Claros, Zezim, tocador, da Padre Augusto, Genivaldo, do Mocó, Zé Cláudio, de Vaca Morta e muitos outros, são alguns dos raizeiros que se encarregavam de abastecer os muitos botecos do Brejo com suas garrafadas milagrosas. No entanto, para quem desejasse saborear todas as garrafadas produzidas por estes verdadeiros alquimistas em uma só parte, sem  que se fizesse necessário caminhar muito, bastava apenas ir até o velho “pé na cova”, sugestivo nome de um protótipo de bar, que como o nome indica, ficava exatamente no alto, quase dentro do cemitério de Francisco Sá. Também já muito falei a respeito dos bares do Brejo. Estica o Braço, Rola Moça, do Almeida, Dê Pena, Moça Branca, Roubaram meu Gato, Corta Volta, Rola Pote, Alma Penada, Fura Fronha, Só Cinco, Boca do Inferno, cuja denominação atribuída a sua localização que ficava no antigo beco que dava, ou melhor, que levava o transeunte boêmio à procura do sexo fácil, aonde belas mulheres maculadas e iludidas por promessas fáceis, ainda em idade juvenil, vendiam o sexo, na penumbra de abajur lilás do não menos famoso “Rancho da Lua”, onde  Margot, a cafetina, imperava. Isso apenas para citar alguns botecos mais recentes em minha memória quase anciã.
As poucas farmácias da época viviam às moscas, enquanto que os bares com suas garrafadas não tinham do que reclamar. Qualquer pequena dor de cabeça, de barriga, do peito, das pernas, lombrigas, impotência sexual, etc., era motivo mais que suficiente para que o matuto brejeiro recorresse ao bar mais próximo. Chegava, informava ao dono do bar o seu suposto diagnóstico e depois de alguns segundos lá vinha o caboclo com uma límpida garrafa em uma mão e com um copo baboso na outra, dizendo: “aqui está a solução para a sua doença. Toma um gole que é tiro e queda!”
O “doente” pegava o copo e antes de solver em um só trago o precioso liquido, dava o primeiro gole para o santo e... tchan, tchan, tchan, tchan... Entornava tudo de uma só vez e em poucos instantes dizia-se curado. Não. Não ia embora. Ao contrário, ficava lá bebendo mais e enchendo o saco, até cair, fazendo a festa da cachorrada que lambia-lhe os lábios, solvendo os sabores maléficos da aguardente. Enquanto isso, a patroa brejeira que ficara em casa preocupada com os queixumes do bebum, não restava outra alternativa senão o difícil périplo pelas escuras ruas do Brejo, em busca do infeliz em um dos muitos bares, cuja missão quase impossível, mas que protegida pela deusa que ampara e sustenta todas as deusas do sexo feminino, principalmente as nossas mulheres brejeiras, acabava por lograr êxito em seu intento. Lá estava o “maldito” estirado à frente do bar. Chamava-lhe pelo nome. Nenhum sinal de vida. Estava quase em coma alcoólico. Ai a grande heroína do lar, com a ajuda de alguns outros bebuns que ainda estavam de pé, mesmo tropeçando nas próprias pernas, punham-no em posição vertical, jogava-o nas costas e lá se iam, trôpegos, esposa e pau d’agua à caminho do lar aconchegante.
É...
Por vezes, não há cruz mais pesada e difícil de carregar, que um bêbado às costas.
Enoque Alves Rodrigues, brejeiro de nascimento e convicção, que atua na área de Engenharia, é Escritor com dois livros a serem lançados, Colunista, Historiador e divulgador voluntário de Francisco Sá, Brejo das Almas, Minas Gerais, Brasil. Visitem meu blog: Pra variar, é sobre Francisco Sá: http://enoquerodrigues-earodrigues.blogspot.com/ 

domingo, 14 de agosto de 2011

DEVANEIOS DE UM BREJEIRO AUSENTE – ANDANDO PELAS RUAS DO BREJO

DEVANEIOS DE UM BREJEIRO AUSENTE – ANDANDO PELAS RUAS DO BREJO

Enoque Alves Rodrigues

A imaginação é a mais poderosa aeronave que nos transporta em fração de segundos de um ponto ao outro do Universo, sem que tenhamos movido sequer um dos pés do local em que nos encontramos. Através de suas poderosas asas voamos para os mais longínquos lugares, principalmente para onde se detém os nossos laços e recordações da infância indelével.
Foi assim que de repente me pus a vagar, de maneira dispersa e sem destino definido, pelas ruas, avenidas e praças de meu querido Brejo das Almas, Francisco Sá, “beldade do norte de minas”.
Vi-me defronte à Drogaria União, próximo ao Banco do Brasil, na Praça Jacinto Silveira, de onde iniciei minha caminhada. Parei um pouco em frente à Igreja Matriz e observava a movimentação dos fieis que saiam de mais uma missa. Ganhei a Alameda Montes Claros e fui seguindo. Vi a antiga casa onde antes era a Pensão da Dona Quino, cuja frente servia de ponto para os ônibus que vinham da região de Salinas, Taiobeiras, Grão Mogol, etc.
Mercearia Alameda, Casa Lotérica Lotefrasa,  Minas Bahia Consultoria, até a Farmácia Mineira na mesma Alameda. Sem mais nem menos, vi-me, desta vez diante do Mercado Compre Sempre, na Rua Sete de Setembro, com suas saliências íngremes, João de França Corretor de Imóveis, Diocese de Montes Claros, Fantástico Móveis, Casa Quincas, etc. Saio na Rua Marechal Floriano Peixoto. O Bar do Ronaldo, Casa Rocha, Comercial Moreira, Varejão do Hélio, Mercearia Dois Irmãos, Mercearia São Luiz, etc.  Agora estou na Rua Padre Augusto, diante da Funerária Avelar –cruz credo-, Mercearia São José. Sigo por ela: Sol e Mar, Varejão da Economia. Paro um pouco e antes de virar a direita para sair em frente ao Mercado Municipal, ponho-me a pensar... Quantos, porventura, de nossos conterrâneos saberiam definir o quanto representou o  nome gravado naquela velha placa para o Brejo das Almas?  O certo é que o Padre Augusto Prudêncio da Silva, sobre o qual muito já escrevi neste mesmo espaço foi, juntamente com Jacinto Silveira, um dos maiores beneméritos do antigo Brejo das Almas.
Ao invés de entrar à direita, retorno à esquerda, pegando a Avenida Getúlio Vargas. Passo em frente à Igreja de São Gonçalo. Observo, agora, os prédios da Prefeitura e da Câmara Municipal. Subo,  trôpego, as escadarias da Câmara e posso observar em seu interior. Na portaria uma gorda senhora com uma prancheta à mão. Sequer nota minha insignificante presença. Adentro os interiores. Fotos antigas e amareladas pelo tempo de Legislaturas de há muito passadas. Sento-me numa das cadeiras do Plenário de onde vejo a Nobre edilidade debruçada sobre projeto de grande interesse e relevância para os munícipes brejeiros. Depois de acirrada discussão, aprovaram-no por maioria absoluta. Saio de lá feliz e convicto de que o meu povo a minha gente, os meus queridos iguais, estão sendo muito bem representados. Que, sem duvida alguma, os seus anseios e suas necessidades mais prementes e comezinhas estão sendo, aos poucos atendidos.
De igual modo, entro no prédio da Prefeitura. Feinho, claro, assim como o da Câmara, faltam algumas reformas. Nenhum obstáculo. Alias esta é uma das grandes vantagens de viver e morar em pequenas localidades. Os acessos são livres. Se você for um local, conhecerá a todos e todos o conhecem. Mas se você não for local, acaba passando despercebido. Agora estou defronte ao Gabinete do Prefeito. Posso vê-lo com sua bela “pena” a sancionar o Projeto de Lei que momentos antes tivera eu o privilégio de ver sendo discutido e aprovado na Câmara de Vereadores. Sem quaisquer delongas, o grande chefe do Poder Executivo Brejeiro, homem de grande sensibilidade política e elevado espírito público, comprometido em mitigar facilidades que beneficiem seu povo,  com uma só canetada enquanto eu piscava, zás... Com um só risco, com o seco e assertivo “cumpre-se” dos magistrados, libera toda aquela papelada à Secretaria para que seja registrada nos anais. 
Êxtase incomensurável mesclado com prazer e sentimentos de uma pequenez pessimista e abstrata, invadiu  meu ser. Pensei comigo: Que coisa feia... Por que razão eu imaginava que as celeridades  para com as decisões e aprovações de coisas que beneficiam realmente o povo não aconteciam? O que me levou a subestimar algo tão transparente e cristalino? Sei lá...
O certo é que a felicidade sobrepunha os questionamentos de inferioridades de minha reles pessoa. Poderia ali mesmo encerrar aquele périplo pelas ruas do Brejo. Mesmo assim continuei caminhando sem rumo. Correios, Espaço Rural, Asilo São Vicente, Funasa, Construpena, etc. Na Praça Duque de Caxias, vejo o antigo casarão que pertencia a Rogério da Costa Negro, Casa Prado, Hidrogás, Farmácia Nossa Senhora das Graças, Humberto Ruas e Cia, etc. Na Olimpio Dias, Banco Itaú, Tribunal de Justiça de Minas, Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Kenya Criações, etc. Na Alfredo Sá, Policia Rodoviária e Cartórios de Protestos e do Primeiro Oficio. Na Francelino Dias, Rádio Raízes e outras. Na Rua Capitão Enéas, O Instituto Municipal de Previdência. Na Lauro Oliveira, o prédio da Escola Estadual Donato dos Santos, Tiburtino Pena, a Augusta e Representável Loja. Na Zeca Guida, o Instituto Mineiro. O Café Cometa da Rua Sargento Mor. Na Rua Belo Horizonte a Secretaria Municipal de Saúde. Na José Patrício Silveira, o Sindicato Rural de Francisco Sá. A Doce Magia Modas, da Rua Tremendal. O Colégio Pirâmide, na Rua Minas Gerais. Na Travessa do Rosário, o Sacolão Brejeiro. O Hospital São Dimas e oTribunal Regional Eleitoral na Rua João Catulino. O Centro de Saúde da Praça Rogério da Costa Negro. Hotel Avenida, da Avenida Padre Silvestre. Depois de muito caminhar me vejo à frente do Hotel Amaralina, onde, “supostamente” estou hospedado. Na mesma praça de onde iniciei a minha caminhada. O corpo pede repouso. Observo, de soslaio, do outro lado da Praça dois conterrâneos ao lado de um boizinho sofrível, com uma selinha ao lombo e com uma garrafa pet a servir-lhe de penico.
Uai, eu não havia dito, supostamente?
Pois é!
Todo esse transe de felicidade ímpar seria muita “areia para o caminhãozinho deste pobre mortal”. Eis que na calada da noite, não demorou muito e a invenção de Alexandre Graham Bell, toca...
Ao tira-lo do gancho, antes mesmo que eu falasse “alô”, uma voz feminina que de pronto identifiquei começou.
Dr. É a Luzinete...
Oi, Luzinete, qual é o problema?
Desculpe-me, doutor, pelo adiantado da hora... Mas eu estou te ligando para avisar que aquele treinamento que o senhor ia dar para o pessoal da Obra de Candeias, na Bahia, foi antecipado para hoje.
Luzinete, sua “demônia”, mas eu não lhe disse que não queria ser incomodado quando estivesse em minha terra? Você, por acaso, não sabe que eu estou aqui em Francisco Sá? Desmarque essa joça, imediatamente...
Desculpe-me, doutor, mas acho que o senhor está enganado, pois eu estou ligando para o telefone fixo de sua residência daqui de São Paulo. Assim sendo, o senhor se encontra aqui em SAMPA e não lá no seu “Brejo das Almas”. E com uma gargalhada sarcástica e escrachada, própria dos tiradores de sarro, ainda me comeu o toco... Acorda prá realidade, doutor...Ha, ha, ha, ha,ha,ha...
É...
Por vezes, sem que saibamos, o maior dos pesadelos está em nosso próprio despertar!!!
Enoque Alves Rodrigues, brejeiro de nascimento e convicção, que atua na área de Engenharia, é Colunista, Historiador e divulgador voluntário de Francisco Sá, Brejo das Almas, Minas Gerais, Brasil. Visitem meu blog: Pra variar, é sobre Francisco Sá:
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sexta-feira, 5 de agosto de 2011

SER BREJEIRO É... AMAR O BREJO SOBRE TODAS AS COISAS...

SER BREJEIRO É...  AMAR O BREJO SOBRE TODAS AS COISAS...
Enoque Alves Rodrigues
Há algum tempo atrás li em minha página de relacionamentos “face”, aparte de um conterrâneo ao outro que me sugeria escrever sobre determinado tema relacionado, como sempre, ao Brejo das Almas, do qual supunha ele deter eu o domínio do conhecimento.
Na breve missiva, o conterrâneo que aparteava a quem agradeço de coração, do alto de sua inquestionável sapiência, manifestava-se surpreso devido o outro ter sugerido a mim, que nem no Brejo vivo e não a ele, mencionado tema.  Finalizava informando que sai do Brejo muito cedo e que, portanto, não poderia discorrer com natural propriedade tal assunto, etc.
Tenho por premissa me resguardar de comentar ou me envolver com temáticas polemicas onde não consigo visualizar claramente o trinômio principio, meio e fim. É que na área de Engenharia onde atuo, lidamos muito com ciências exatas, cujo cume é o resultado. Assim sendo, as coisas que não se enquadram neste perfil, julgamo-las, abstratas ou descartáveis o suficiente a não nos permitir que debrucemos sobre elas para tomarmos ações que certamente nos levarão do nada a lugar algum.
Não tenho nos dias atuais nenhum vinculo familiar, qualquer parentesco ou contato físico com alguém que vive no Brejo. Ando por suas ruas sem ser sequer notado. Ninguém me conhece fisicamente. Os poucos, que lá ficaram,  com os quais convivia, já estão, certamente, no andar de cima. Devo aqui ressaltar que sou brejeiro de nascimento, por amor e convicção. Apenas isso já bastaria para justificar esse meu inexplicável apego à terra que me serviu de berço. A incondicionalidade do amor que nutro pelo Brejo das Almas, sua gente e suas mazelas, está lastreada nas mesmas dificuldades que me obrigaram um dia a sair de lá, e principalmente, pelos parâmetros comparativos que pude estabelecer, diante de várias localidades e povos que vim a conhecer aqui mesmo no Brasil e em outras partes ao redor do Mundo, como no Oriente Médio, por exemplo. Em São Paulo, onde vivo, creio ter atingido o modesto pedestal pelo qual lutei e que a vida me reservou, durante longuíssimos anos de labuta.
Mas... E então, não deveria eu nesse caso, amar muito mais a São Paulo que me acolheu, quando necessitava, dando-me guarida, após haver, com seu coração hospitaleiro e cheio de bondade, me convertido através de seus costumes, sotaques diferenciados dos Italianos da Mooca, com suas pizzas e bracholas, em um de seus iguais?
Não. Negativo!
Amo São Paulo assim como amaria qualquer outro lugar que tivesse me proporcionado constituir minha família, participar de seu crescimento e ainda por cima, depois de comer o pão que o capeta amassou, chegar ao ápice da vida com algum no bolso para me sustentar, sei lá, por quanto tempo, sobre as já frágeis e trêmulas pernas que ás vezes insistem,  como as mulas empacadeiras do meu Brejo querido, em não mais querer sair do lugar, carregando o peso de minha saliente barriga. É a vida, meu nêgo.
Amar, já dizia o Poeta, é dar-se sem pedir nada em troca. O meu amor pelo Brejo das Almas, ou Francisco Sá, “beldade do norte de Minas” vem daí. Desde que nasci até hoje, muitos anos se passaram desde que amassei pela ultima vez a bosta das vacas da Fazenda Terra Branca de propriedade de meu avô, no Município do Brejo das Almas. Mesmo assim, ainda hoje meus pobres pés, ao palmilharem alguns importantes centros financeiros, palácios de convenções, centros empresariais e conferências inerentes a minha atividade, conseguem tropeçar em algo de natureza mole e tonalidade verde e escorregadia, que no final, pasmo, as narinas que jamais me traem, constatam tratar-se da mesma bosta de vaca dos tempos de outrora.
O amor, meus queridos amigos e conterrâneos é algo que sobrepõe o nosso querer. Nós não escolhemos o que ou quem vamos amar. Dessa forma, por me faltar argumentos dentro da objetividade, por não dispor de palavras suficientes que me permitam relatar com clareza, todas as causas, motivos e peculiaridades que canalizam o meu amor pelo Brejo das Almas, resta-me apenas me homiziar por detrás do meu mineirismo brejeiro, para lhes afirmar categoricamente, que somente o fato do Brejo ter produzido esse povo simples, lindo e maravilhoso onde eu, igual algum encontrei pelas diversas plagas percorridas, esse povo que transita pelas empoeiradas ruas do Brejo onde eu, muitas vezes, em vigília do espírito invisível, também me encontro a caminhar, basta-me para seguir amando-o com todas as forças do meu ser, sem quaisquer outras justificativas. Assim é o amor.
E tenho dito!
Enoque Alves Rodrigues, brejeiro de nascimento e convicção, que atua na área de Engenharia, é Colunista, Historiador e divulgador voluntário de Francisco Sá, Brejo das Almas, Minas Gerais, Brasil. Visitem meu blog: Pra variar, é sobre Francisco Sá: http://enoquerodrigues-earodrigues.blogspot.com/