sexta-feira, 25 de julho de 2014

FRANCISCO SÁ E AS REDES SOCIAIS EM SUA DIVULGAÇÃO


FRANCISCO SÁ E AS REDES SOCIAIS EM SUA DIVULGAÇÃO

*Enoque Alves Rodrigues

De 2004 até 2009 mantive dois blogs hospedados em sites da Editora Abril, aqui em São Paulo, hoje desativados. No primeiro, denominado “Isto é Espiritismo”, repercutia, sem proselitismos, a Doutrina Espírita disseminada por Kardec, na França, em 1854. Já no outro blog, “Gente, Causos e Coisas do Brejo”, divulgava Francisco Sá, o querido Brejo das Almas. Nele escrevia minhas crônicas quinzenais, hoje vertidas para o livro, “O Brejo das Almas em Crônicas.”.

Quando em 2009 a Abril extinguiu aqueles sites após tê-los mantido por quase cinco anos no ar, jaziam, no registrador de visitas do blog “Gente, Causos e Coisas do Brejo”, para minha total surpresa e decepção, apenas e tão somente a bagatela de 212 acessos. Uma ninharia, suficiente para desmotivar qualquer mortal que se propõe a escrever algo. Pois, o mínimo que alguém que se atreve a escrever alguma coisa, despretensiosamente, espera, é que outros leem e, se possível, comentem o que se escreveu. Aliás, entendo que faz parte de uma boa educação, manifestarmos através de um simples recado ou comentário, toda vez que acessarmos a página de alguém. É uma maneira de dizermos: “Olá, estive aqui. Visitei sua página rapidamente. Um abraço. Fui!”.

 No caso em tela, seria muito de minha parte desejar que alguém comentasse, visto que ninguém lia, porque ninguém acessava. O pior, no entanto, já havia ocorrido. Em 2006, criei no Orkut duas comunidades que ainda existem: “Alô Brejeiro!” e “Francisco Sá, Meu Amor!”. Pois é... Fiasco total. Até hoje o único acesso que consta lá é o meu próprio. Para a pergunta que postei: “você conhece Francisco Sá?” Nenhuma resposta. Ou melhor, uma resposta. A minha: conheço, sim, senhor. E daí, qual é o problema, cara pálida? Triste, não! Mas é a realidade. Minha filha, que naquele tempo frequentava o Orkut, tinha em sua página, inúmeros adicionados, enquanto eu não tinha um sequer em minhas páginas comunidades.

- Filha, quando é que você vai prestigiar o papai com  sua visita a uma de minhas páginas no Orkut?

- Pai, me desculpe, mas com esses títulos estranhos vai ser muito difícil alguém se aventurar. Acho que estas páginas não terão nenhum outro acesso senão o do senhor! Dito e feito. Ainda bem que eu não escrevi mais nada lá. Alias, nem eu sei hoje o que lá se encontra. Nunca mais entrei naquela joça. Só atualizo a minha página pessoal no Orkut por que não posso desativa-la devido ter lá adicionados alguns amigos. Que o Orkut com sua morte anunciada para agosto ou setembro de 2014 se encarregue de extingui-las.

Em maio de 2009 ao visitar meus pais em Burarama, passei, anonimamente, um dia e uma noite no Brejo. Ao retornar para São Paulo iniciei pelo site, “City Brasil”, alguns relatos de pouca relevância sobre Francisco Sá. Hoje este blog se encontra com quase 340 mil acessos. Além dos outros blogs que mantenho alusivos ao Brejo, criados na mesma época, todos eles muito bem frequentados e comentados.

Mesmo com todas as postagens as quais me referi no inicio destas mal traçadas linhas, em 2008, se você jogasse no Google “Francisco Sá”, o resultado da pesquisa trazia um certo Francisco Sá Carneiro, que até hoje não sei quem é. Pois, por não se tratar do meu Francisco Sá, Cidadezinha que se achava perdida nos rincões das Gerais, terra abençoada por Deus que me viu nascer, nenhum outro interesse teria eu em pesquisar ou procurar saber a quem se referia. Por certo, pelo simples fato de esse senhor ostentar o mesmo nome do Ministro da Viação que dá nome ao nosso lugar, já deve ser um grande motivo para fruir de toda felicidade e sucesso. Por favor, não me chamem de bairrista, “porque eu sou”.

No velho Orkut que hoje agoniza, passaram a criar, aqui e acolá, algumas comunidades alusivas ao Brejo das Almas. Nada disso, no entanto, foi suficiente para romper as barreiras virtuais que separavam o nosso Brejo das Almas ou Francisco Sá do mundo incomensurável do WWW (World Wide Web), que em português significa "Rede de alcance mundial". A coisa não engatava ou talvez porque o Brejo não queria “ser alcançado” ou quem sabe, ainda, algum brejeiro, sem querer dividi-lo com o mundo, havia enterrado uma cabeça de jumento aos pés do cruzeiro.

Hoje, no entanto, graças aos esforços e dedicação de todo o nosso povo, a coisa mudou radicalmente. Se você digitar “Francisco Sá”, receberá de volta uma grande enxurrada de referências sobre a nossa Cidade. Com o advento do facebook e twitter, então, as comunicações ganharam muito mais velocidade. Ferramentas poderosíssimas que entre suas incontáveis funções colocam vários indivíduos online, repercutindo, ao mesmo tempo assuntos, ás vezes de pouca importância aparente, mas que, lá no fundo, ao se analisar melhor, se constata, surpreendentemente, que a principal missão dos idealizadores de tais ferramentas está sendo cumprida ao pé da letra: aglutinar pessoas, aproximando-as cada vez mais uma das outras. Transportando-as para as diversas partes do Orbe sem que precisem tirar um só pé do chão. De deslumbramento comedido, uma vez que encaro tudo na vida com naturalidade, deparo-me hoje com as facilidades que não existiam antanho. No Oriente Médio abro um simples computador de mão em meio a uma rua qualquer de Bagdá e de lá meus olhos veem a desfilarem-se no canto direito da pequena tela, “tops” ou curtas mensagens me informando que alguém, em um ponto qualquer do Planeta, curtiu ou comentou o meu link. Que há alguém querendo me adicionar a fim de ter-me como seu novo amigo. Com dois cliques sobre um link e em átimos de segundos estou dentro do Brejo. Volto para o facebook e os “tops” continuam me informando: Que o Brejo agora tem um Centro de Memórias. Que voltou a produzir alho como antes. Que as onças do Catuní voltaram a atacar rês. Que lá em “Capivara” a dita cuja que dá nome ao povoado foi extinta. Que no morro não há mais mocós. Que dos dois riachos só ficou um. Que o uivo dos ventos que varriam as ruas do Brejo emudeceu. Que as águas do Gorutuba e São Domingos estão secando. Que Lagoa Seca transbordou-se. Que a Vaca Morta acaba de ressuscitar, etc. Com o deslizar do mouse sou remetido a fotos antigas dos Padres Augusto, Silvestre e Salustiano, da Casa Viena, do Mercado Velho, do Cel. Tito, de Feliciano, filho de Lauro, de Denilson criança, de Karla Celene, neta de Edith e Antonio, de Wanderlino, em tarde de autógrafos na bela MOC, etc. Com mais dois cliques vejo e ouço um conterrâneo vereador, ao vivo e em cores, aos berros, em acalorado discurso na Câmara Brejeira, em defesa de Munícipes menos favorecidos. Dois cliques mais e sou transportado para o mais completo e bem elaborado jornal regional. Trata-se de “O Jornal de Francisco Sá”, do amigo Flávio Leão. Aqui, sem que seja necessário que eu dê qualquer clique, mas apenas com a barra de rolagem, vejo-me, como que por encanto, literalmente no Paraiso. Em meio a beldades, formosas mulheres, com olhares ternos e inocentes de quem acaba de deixar a adolescência, dignas representantes da mais pura “beleza brejeira”. Estou extasiado. Não... Não vou mais navegar... Navegar não é mais preciso. Quem gostava de navegar era o Cabral e nós sabemos aonde ele foi parar. Perdeu-se pelos caminhos “tortuosos” das índias e acabou “dando” aqui. Quanto a mim, cheguei, finalmente, ao meu Porto Seguro que é este céu e estou rodeado por anjos e divas sob intensos cafunés. Daqui não saio. Daqui ninguém me tira. Não mais desperdiçarei o meu precioso tempo com agenda apertada, compromissos inadiáveis, cálculos matemáticos precisos e outras preocupações naturais de vocês terráqueos. E que o sol da minha vida e razão maior do meu existir, a dona Teresa, não me leia. Amém!

Voltando à realidade atual podemos afirmar com toda convicção que mesmo a passos lentos, ciberneticamente falando, Francisco Sá, o nosso Brejo das Almas, hoje é conhecido no Mundo. Quanto aos méritos, são de todos nós, seus filhos, que sempre nos orgulhamos em levar adiante a sua divulgação.

Valeu peixe!

*O autor nasceu em Francisco Sá, Brejo das Almas, Minas Gerais, Brasil.


domingo, 13 de julho de 2014

FRANCISCO SÁ E AS REDES SOCIAIS EM SUA DIVULGAÇÃO


FRANCISCO SÁ E AS REDES SOCIAIS EM SUA DIVULGAÇÃO

*Enoque Alves Rodrigues

De 2004 até 2009 mantive dois blogs hospedados em sites da Editora Abril, aqui em São Paulo, hoje desativados. No primeiro, denominado “Isto é Espiritismo”, repercutia, sem proselitismos, a Doutrina Espírita disseminada por Kardec, na França, em 1854. Já no outro blog, “Gente, Causos e Coisas do Brejo”, divulgava Francisco Sá, o querido Brejo das Almas. Nele escrevia minhas crônicas quinzenais, hoje vertidas para o livro, “O Brejo das Almas em Crônicas.”.

Quando em 2009 a Abril extinguiu aqueles sites após tê-los mantido por quase cinco anos no ar, jaziam, no registrador de visitas do blog “Gente, Causos e Coisas do Brejo”, para minha total surpresa e decepção, apenas e tão somente a bagatela de 212 acessos. Uma ninharia, suficiente para desmotivar qualquer mortal que se propõe a escrever algo. Pois, o mínimo que alguém que se atreve a escrever alguma coisa, despretensiosamente, espera, é que outros leem e, se possível, comentem o que se escreveu. Aliás, entendo que faz parte de uma boa educação, manifestarmos através de um simples recado ou comentário, toda vez que acessarmos a página de alguém. É uma maneira de dizermos: “Olá, estive aqui. Visitei sua página rapidamente. Um abraço. Fui!”.

 No caso em tela, seria muito de minha parte desejar que alguém comentasse, visto que ninguém lia, porque ninguém acessava. O pior, no entanto, já havia ocorrido. Em 2006, criei no Orkut duas comunidades que ainda existem: “Alô Brejeiro!” e “Francisco Sá, Meu Amor!”. Pois é... Fiasco total. Até hoje o único acesso que consta lá é o meu próprio. Para a pergunta que postei: “você conhece Francisco Sá?” Nenhuma resposta. Ou melhor, uma resposta. A minha: conheço, sim, senhor. E daí, qual é o problema, cara pálida? Triste, não! Mas é a realidade. Minha filha, que naquele tempo frequentava o Orkut, tinha em sua página, inúmeros adicionados, enquanto eu não tinha um sequer em minhas páginas comunidades.

- Filha, quando é que você vai prestigiar o papai com  sua visita a uma de minhas páginas no Orkut?

- Pai, me desculpe, mas com esses títulos estranhos vai ser muito difícil alguém se aventurar. Acho que estas páginas não terão nenhum outro acesso senão o do senhor! Dito e feito. Ainda bem que eu não escrevi mais nada lá. Alias, nem eu sei hoje o que lá se encontra. Nunca mais entrei naquela joça. Só atualizo a minha página pessoal no Orkut por que não posso desativa-la devido ter lá adicionados alguns amigos. Que o Orkut com sua morte anunciada para agosto ou setembro de 2014 se encarregue de extingui-las.

Em maio de 2009 ao visitar meus pais em Burarama, passei, anonimamente, um dia e uma noite no Brejo. Ao retornar para São Paulo iniciei pelo site, “City Brasil”, alguns relatos de pouca relevância sobre Francisco Sá. Hoje este blog se encontra com quase 340 mil acessos. Além dos outros blogs que mantenho alusivos ao Brejo, criados na mesma época, todos eles muito bem frequentados e comentados.

Mesmo com todas as postagens as quais me referi no inicio destas mal traçadas linhas, em 2008, se você jogasse no Google “Francisco Sá”, o resultado da pesquisa trazia um certo Francisco Sá Carneiro, que até hoje não sei quem é. Pois, por não se tratar do meu Francisco Sá, Cidadezinha que se achava perdida nos rincões das Gerais, terra abençoada por Deus que me viu nascer, nenhum outro interesse teria eu em pesquisar ou procurar saber a quem se referia. Por certo, pelo simples fato de esse senhor ostentar o mesmo nome do Ministro da Viação que dá nome ao nosso lugar, já deve ser um grande motivo para fruir de toda felicidade e sucesso. Por favor, não me chamem de bairrista, “porque eu sou”.

No velho Orkut que hoje agoniza, passaram a criar, aqui e acolá, algumas comunidades alusivas ao Brejo das Almas. Nada disso, no entanto, foi suficiente para romper as barreiras virtuais que separavam o nosso Brejo das Almas ou Francisco Sá do mundo incomensurável do WWW (World Wide Web), que em português significa "Rede de alcance mundial". A coisa não engatava ou talvez porque o Brejo não queria “ser alcançado” ou quem sabe, ainda, algum brejeiro, sem querer dividi-lo com o mundo, havia enterrado uma cabeça de jumento aos pés do cruzeiro.

Hoje, no entanto, graças aos esforços e dedicação de todo o nosso povo, a coisa mudou radicalmente. Se você digitar “Francisco Sá”, receberá de volta uma grande enxurrada de referências sobre a nossa Cidade. Com o advento do facebook e twitter, então, as comunicações ganharam muito mais velocidade. Ferramentas poderosíssimas que entre suas incontáveis funções colocam vários indivíduos online, repercutindo, ao mesmo tempo assuntos, ás vezes de pouca importância aparente, mas que, lá no fundo, ao se analisar melhor, se constata, surpreendentemente, que a principal missão dos idealizadores de tais ferramentas está sendo cumprida ao pé da letra: aglutinar pessoas, aproximando-as cada vez mais uma das outras. Transportando-as para as diversas partes do Orbe sem que precisem tirar um só pé do chão. De deslumbramento comedido, uma vez que encaro tudo na vida com naturalidade, deparo-me hoje com as facilidades que não existiam antanho. No Oriente Médio abro um simples computador de mão em meio a uma rua qualquer de Bagdá e de lá meus olhos veem a desfilarem-se no canto direito da pequena tela, “tops” ou curtas mensagens me informando que alguém, em um ponto qualquer do Planeta, curtiu ou comentou o meu link. Que há alguém querendo me adicionar a fim de ter-me como seu novo amigo. Com dois cliques sobre um link e em átimos de segundos estou dentro do Brejo. Volto para o facebook e os “tops” continuam me informando: Que o Brejo agora tem um Centro de Memórias. Que voltou a produzir alho como antes. Que as onças do Catuní voltaram a atacar rês. Que lá em “Capivara” a dita cuja que dá nome ao povoado foi extinta. Que no morro não há mais mocós. Que dos dois riachos só ficou um. Que o uivo dos ventos que varriam as ruas do Brejo emudeceu. Que as águas do Gorutuba e São Domingos estão secando. Que Lagoa Seca transbordou-se. Que a Vaca Morta acaba de ressuscitar, etc. Com o deslizar do mouse sou remetido a fotos antigas dos Padres Augusto, Silvestre e Salustiano, da Casa Viena, do Mercado Velho, do Cel. Tito, de Feliciano, filho de Lauro, de Denilson criança, de Karla Celene, neta de Edith e Antonio, de Wanderlino, em tarde de autógrafos na bela MOC, etc. Com mais dois cliques vejo e ouço um conterrâneo vereador, ao vivo e em cores, aos berros, em acalorado discurso na Câmara Brejeira, em defesa de Munícipes menos favorecidos. Dois cliques mais e sou transportado para o mais completo e bem elaborado jornal regional. Trata-se de “O Jornal de Francisco Sá”, do amigo Flávio Leão. Aqui, sem que seja necessário que eu dê qualquer clique, mas apenas com a barra de rolagem, vejo-me, como que por encanto, literalmente no Paraiso. Em meio a beldades, formosas mulheres, com olhares ternos e inocentes de quem acaba de deixar a adolescência, dignas representantes da mais pura “beleza brejeira”. Estou extasiado. Não... Não vou mais navegar... Navegar não é mais preciso. Quem gostava de navegar era o Cabral e nós sabemos aonde ele foi parar. Perdeu-se pelos caminhos “tortuosos” das índias e acabou “dando” aqui. Quanto a mim, cheguei, finalmente, ao meu Porto Seguro que é este céu e estou rodeado por anjos e divas sob intensos cafunés. Daqui não saio. Daqui ninguém me tira. Não mais desperdiçarei o meu precioso tempo com agenda apertada, compromissos inadiáveis, cálculos matemáticos precisos e outras preocupações naturais de vocês terráqueos. E que o sol da minha vida e razão maior do meu existir, a dona Teresa, não me leia. Amém!

Voltando à realidade atual podemos afirmar com toda convicção que mesmo a passos lentos, ciberneticamente falando, Francisco Sá, o nosso Brejo das Almas, hoje é conhecido no Mundo. Quanto aos méritos, são de todos nós, seus filhos, que sempre nos orgulhamos em levar adiante a sua divulgação.

Valeu peixe!

*O autor nasceu em Francisco Sá, Brejo das Almas, Minas Gerais, Brasil.
 

terça-feira, 1 de julho de 2014

EXEMPLOS DE BONS BREJEIROS - PARTE II

Exemplos de Bons Brejeiros – Parte II

*Enoque Alves Rodrigues

Quando Laudelino, o forasteiro, finalizou o culto que ele por iniciativa própria não obstante ser um recém-chegado àquelas paragens celebrou, o meu saudoso avô, sábio e tranquilo como sempre, reuniu-se com a filharada informando a todos que por “motivos alheios a sua vontade” naquele dia ele não faria o culto matinal. Que todos deveriam permanecer atentos para novas recomendações. Que teria de avaliar melhor as circunstâncias que se apresentavam naquele momento para depois fazer o seu juízo de valor e comunicação oficial a respeito dos próximos passos. Que ele, enquanto condutor daquela família, se retiraria por algumas horas quando retornaria com a decisão que todos aguardavam. Lembro-me como se fosse hoje do olhar de minha tia Nira, primogênita de meu avô a quem idolatrava. Corpo vergado e mãos sobrepostas em posição de ternura e reverência a figura imaculada do pai, aproximou-se do mesmo, e delicadamente disse-lhe:

- Perdoe-me, meu pai, se lhe pareço inoportuna, mas, por favor, se me permite gostaria de vos fazer uma pergunta. É possível?

- Claro, minha filha, como não? Do que se trata?

- Jamais deixamos de ter o culto matinal antes de nos dirigirmos ao trabalho. Não consigo entender por quais razões vamos interromper as tradições de nossa doutrina apenas por que um estranho sobre o qual jamais escutamos falar fez aqui, sem a vossa autorização e consentimento, um culto onde pregou para si mesmo sem a presença sequer de uma vivalma.

- Minha filha, - respondeu-lhe meu avô -, o irmão Laudelino, imbuído das melhores intenções fez seu culto onde estava aparentemente só aos nossos olhos. No decorrer desse culto percebi que ele ao passar a palavra para alguns “irmãos invisíveis” darem seus testemunhos, ele próprio permanecia em silêncio olhando atentamente para algo que eu não conseguia ver, mas que ele certamente os via e ouvia, devido à eloquência com que ele os aparteava, assim como os agradecia por tão importantes palavras. Com fundamento nos ensinamentos de Deus e na doutrina que professamos a qual eu sempre lhes transmiti, não devemos acreditar em “coisas” que não estejam inteiramente ao alcance de nossas vistas. É por isto que vou me retirar por alguns instantes para ver que decisão tomar a respeito desse nosso irmão. Espere com paciência. Permaneça vigilante...

Ao meio dia em ponto o meu avô retornou ao casarão da fazenda. Olhar tranquilo e sereno. Feição suavíssima que não deixava dúvida quanto á segurança e firmeza da decisão que tomara.

Com palavras simples, mas, comedidas, proferidas em um só tom, baixas e pausadas como é o costume arraigado em nossas tradições Mineiras, pediu que minha santa Dindinha, (avó) sua adorada esposa, lhe desse um pedaço de cuscuz acompanhado de um bule de alumínio cheio de café de fedegoso (os adventistas daqueles tempos não tomavam café por entendê-lo tóxico). De posse daquelas iguarias dirigiu-se ao casebre adjacente onde estava Laudelino a pouco mais de vinte e quatro horas aonde, como se velhos amigos fossem, conversaram na mais perfeita harmonia que se assemelhava a um diálogo de anjos. Por ser eu criança, extremamente apegado ao meu avô, nenhuma restrição fez quanto a minha presença ali.

Liberato, o meu avô, após saudar Laudelino, o forasteiro, ofereceu-lhe o café com cuscuz. Este, agradecido, desculpou-se com meu avô por não poder aceitar os alimentos informando que se achava em jejum por uma graça obtida. Diante disso o meu avô, calmamente, começou a falar-lhe sobre o assunto que o levara até aquele local. Eu, pasmo, só observava. Nada podia falar. Até por que eu nada entendia.

- Gostei muito do culto que o irmão fez hoje de manhã!

- Deus seja louvado, - respondeu Laudelino. - Observamos vossa presença. Os “irmãos” estavam muito felizes com a acolhida que nos destes.

- É um prazer “tê-los” em nossa casa!

- Então, eu posso continuar recebendo os “irmãos” nos cultos que eu realizar aqui?

- Pode. Claro. Como não? Como eu já vos disse, fique a vontade!

- Apenas precisamos combinar uma coisa: Refere-se aos horários dos cultos. Como eu saio para trabalhar com meus filhos todos os dias ás seis horas da manhã, gostaria claro, se o irmão concordar, que eu realizasse o meu culto para os meus familiares ás cinco horas com a duração de trinta minutos, pois vou necessitar de mais trinta minutos para o desjejum... Pode ser? Depois disto vossa pessoa poderá realizar o vosso culto na hora que melhor lhe aprouver, inclusive terá melhor horário para receber e conversar com vossos “irmãos!”.

- Laudelino não era um sujeito comum. Ele era um ser de luz de marca maior. Chegou aqueles cafundós com uma missão muito especial. Mesmo tendo depois se revelado a pessoa que ele realmente era e que jazia natural e humildemente por debaixo daquela sofrida carcaça, foi difícil ao velho Laudelino suportar tamanha carga de simplicidade, desprendimento, tolerância, cordialidade e fraternal demonstração inequívoca de amor ao próximo de um matuto como o meu avô que jamais antes saíra de sua fazenda a não ser para ir ao Centro do Brejo das Almas, ou Francisco Sá, onde vendia suas colheitas.

Meio desconcertado, Laudelino, sinônimo de todas essas virtudes só restou exclamar:
- Meu Deus! O que é isto, meu irmão?

- Como é possível o senhor me pedir licença para demandar o que é vosso? O forasteiro aqui sou eu! Cheguei ás suas terras sem avisar. Mesmo assim fui recebido. Fiz um culto onde recebi os meus “irmãos” ás cinco da manhã acordando a todos e mesmo assim o senhor vem até mim com todo esse respeito e solicitude?

Ao passo que meu avô lhe respondeu:

- Não sou o verdadeiro dono dessas terras ou dessa fazenda. Apenas possuo os títulos por que cheguei primeiro e as comprei de outro que também não era o dono como dono não foram nenhum dos que por aqui passaram. O verdadeiro Dono disto aqui é o Dono do Mundo. É Deus. Sendo assim, ainda que fosse da minha vontade eu não poderia negar a ninguém o direito a um pouso por curto ou prolongado que seja!

 Laudelino agradeceu e a partir dali uma grande parceria se formou.

Nos próximos capítulos dessa verídica história vamos encontrar esses dois gigantes do bem se debatendo entre si no campo das ideias.

E quais eram essas ideias?

Como o Cristão de verdade deve se comportar para tornar a vida de seu semelhante um pouco melhor.

Até a próxima, Brejeiros. Fraternal abraço.

* O autor é Brejeiro de nascimento
Foto de Francisco Sá, Brejo das Almas - Atrás destas serras se localizava a Fazenda de meu avô