terça-feira, 1 de julho de 2014

EXEMPLOS DE BONS BREJEIROS - PARTE II

Exemplos de Bons Brejeiros – Parte II

*Enoque Alves Rodrigues

Quando Laudelino, o forasteiro, finalizou o culto que ele por iniciativa própria não obstante ser um recém-chegado àquelas paragens celebrou, o meu saudoso avô, sábio e tranquilo como sempre, reuniu-se com a filharada informando a todos que por “motivos alheios a sua vontade” naquele dia ele não faria o culto matinal. Que todos deveriam permanecer atentos para novas recomendações. Que teria de avaliar melhor as circunstâncias que se apresentavam naquele momento para depois fazer o seu juízo de valor e comunicação oficial a respeito dos próximos passos. Que ele, enquanto condutor daquela família, se retiraria por algumas horas quando retornaria com a decisão que todos aguardavam. Lembro-me como se fosse hoje do olhar de minha tia Nira, primogênita de meu avô a quem idolatrava. Corpo vergado e mãos sobrepostas em posição de ternura e reverência a figura imaculada do pai, aproximou-se do mesmo, e delicadamente disse-lhe:

- Perdoe-me, meu pai, se lhe pareço inoportuna, mas, por favor, se me permite gostaria de vos fazer uma pergunta. É possível?

- Claro, minha filha, como não? Do que se trata?

- Jamais deixamos de ter o culto matinal antes de nos dirigirmos ao trabalho. Não consigo entender por quais razões vamos interromper as tradições de nossa doutrina apenas por que um estranho sobre o qual jamais escutamos falar fez aqui, sem a vossa autorização e consentimento, um culto onde pregou para si mesmo sem a presença sequer de uma vivalma.

- Minha filha, - respondeu-lhe meu avô -, o irmão Laudelino, imbuído das melhores intenções fez seu culto onde estava aparentemente só aos nossos olhos. No decorrer desse culto percebi que ele ao passar a palavra para alguns “irmãos invisíveis” darem seus testemunhos, ele próprio permanecia em silêncio olhando atentamente para algo que eu não conseguia ver, mas que ele certamente os via e ouvia, devido à eloquência com que ele os aparteava, assim como os agradecia por tão importantes palavras. Com fundamento nos ensinamentos de Deus e na doutrina que professamos a qual eu sempre lhes transmiti, não devemos acreditar em “coisas” que não estejam inteiramente ao alcance de nossas vistas. É por isto que vou me retirar por alguns instantes para ver que decisão tomar a respeito desse nosso irmão. Espere com paciência. Permaneça vigilante...

Ao meio dia em ponto o meu avô retornou ao casarão da fazenda. Olhar tranquilo e sereno. Feição suavíssima que não deixava dúvida quanto á segurança e firmeza da decisão que tomara.

Com palavras simples, mas, comedidas, proferidas em um só tom, baixas e pausadas como é o costume arraigado em nossas tradições Mineiras, pediu que minha santa Dindinha, (avó) sua adorada esposa, lhe desse um pedaço de cuscuz acompanhado de um bule de alumínio cheio de café de fedegoso (os adventistas daqueles tempos não tomavam café por entendê-lo tóxico). De posse daquelas iguarias dirigiu-se ao casebre adjacente onde estava Laudelino a pouco mais de vinte e quatro horas aonde, como se velhos amigos fossem, conversaram na mais perfeita harmonia que se assemelhava a um diálogo de anjos. Por ser eu criança, extremamente apegado ao meu avô, nenhuma restrição fez quanto a minha presença ali.

Liberato, o meu avô, após saudar Laudelino, o forasteiro, ofereceu-lhe o café com cuscuz. Este, agradecido, desculpou-se com meu avô por não poder aceitar os alimentos informando que se achava em jejum por uma graça obtida. Diante disso o meu avô, calmamente, começou a falar-lhe sobre o assunto que o levara até aquele local. Eu, pasmo, só observava. Nada podia falar. Até por que eu nada entendia.

- Gostei muito do culto que o irmão fez hoje de manhã!

- Deus seja louvado, - respondeu Laudelino. - Observamos vossa presença. Os “irmãos” estavam muito felizes com a acolhida que nos destes.

- É um prazer “tê-los” em nossa casa!

- Então, eu posso continuar recebendo os “irmãos” nos cultos que eu realizar aqui?

- Pode. Claro. Como não? Como eu já vos disse, fique a vontade!

- Apenas precisamos combinar uma coisa: Refere-se aos horários dos cultos. Como eu saio para trabalhar com meus filhos todos os dias ás seis horas da manhã, gostaria claro, se o irmão concordar, que eu realizasse o meu culto para os meus familiares ás cinco horas com a duração de trinta minutos, pois vou necessitar de mais trinta minutos para o desjejum... Pode ser? Depois disto vossa pessoa poderá realizar o vosso culto na hora que melhor lhe aprouver, inclusive terá melhor horário para receber e conversar com vossos “irmãos!”.

- Laudelino não era um sujeito comum. Ele era um ser de luz de marca maior. Chegou aqueles cafundós com uma missão muito especial. Mesmo tendo depois se revelado a pessoa que ele realmente era e que jazia natural e humildemente por debaixo daquela sofrida carcaça, foi difícil ao velho Laudelino suportar tamanha carga de simplicidade, desprendimento, tolerância, cordialidade e fraternal demonstração inequívoca de amor ao próximo de um matuto como o meu avô que jamais antes saíra de sua fazenda a não ser para ir ao Centro do Brejo das Almas, ou Francisco Sá, onde vendia suas colheitas.

Meio desconcertado, Laudelino, sinônimo de todas essas virtudes só restou exclamar:
- Meu Deus! O que é isto, meu irmão?

- Como é possível o senhor me pedir licença para demandar o que é vosso? O forasteiro aqui sou eu! Cheguei ás suas terras sem avisar. Mesmo assim fui recebido. Fiz um culto onde recebi os meus “irmãos” ás cinco da manhã acordando a todos e mesmo assim o senhor vem até mim com todo esse respeito e solicitude?

Ao passo que meu avô lhe respondeu:

- Não sou o verdadeiro dono dessas terras ou dessa fazenda. Apenas possuo os títulos por que cheguei primeiro e as comprei de outro que também não era o dono como dono não foram nenhum dos que por aqui passaram. O verdadeiro Dono disto aqui é o Dono do Mundo. É Deus. Sendo assim, ainda que fosse da minha vontade eu não poderia negar a ninguém o direito a um pouso por curto ou prolongado que seja!

 Laudelino agradeceu e a partir dali uma grande parceria se formou.

Nos próximos capítulos dessa verídica história vamos encontrar esses dois gigantes do bem se debatendo entre si no campo das ideias.

E quais eram essas ideias?

Como o Cristão de verdade deve se comportar para tornar a vida de seu semelhante um pouco melhor.

Até a próxima, Brejeiros. Fraternal abraço.

* O autor é Brejeiro de nascimento
Foto de Francisco Sá, Brejo das Almas - Atrás destas serras se localizava a Fazenda de meu avô

sábado, 24 de maio de 2014

EXEMPLOS DE BONS BREJEIROS - PARTE I



Exemplos de  Bons Brejeiros – Parte I

*Enoque Alves Rodrigues

Quando criança passava minhas férias Escolares na Fazenda Terra Branca, no Município do Brejo das Almas ou Francisco Sá, próximo ao morro da masseira, de propriedade de meu saudoso avô Liberato ou João Albério Rodrigues.

Adventista, vegetariano e Sabatista, denominação esta atribuída aqueles que guardam o Sábado. Lembro-me que o casarão daquela Fazenda que ficava ao norte de Minas Gerais era todo rodeado de pequeninas casas onde residiam alguns colaboradores serviçais além de outros parentes, próximos ou distantes, que meu avô socorria, levando-os para morar ali, onde participavam dos cultos assim como de toda liberdade na casa como se familiares também fossem. Naquela fazenda cortada por caudaloso rio, além da criação de gado leiteiro mantinha o cultivo de todo tipo de cultura, além de um grande canavial que quando era tempo da colheita o Engenho de madeira puxado por duas trelas de bois gemia dia e noite meses a fio, na fabricação de rapadura, melado e puxa. Que gostoso.

Minha diversão era cavalgar sobre um velho pangaré que de vez em quando cismava e me atirava ao chão saindo em desabalada carreira, deixando-me sozinho naquelas quebradas no mais completo abandono.

Certa manhã quando o meu avô tirava o leite das vacas vi, ao longe, descendo a serra por uma picada que ficava em frente á Fazenda, trôpego e cansado, um senhor alto, de idade avançada, com barbas brancas, que ao postar-se diante de nós apresentou-se:

- Bom dia, eu sou o Laudelino...

- Que o Senhor esteja nesta casa! Saudou-nos.

- Amém, assim seja irmão. Seja bem-vindo em nome de Jesus! Respondeu-lhe o meu avô.

Lembro-me, que jamais saia de perto do meu avô, que eu estava com uma cuia tomando o leite quentinho que ele acabava de tirar, misturado com farinha de milho e rapadura raspada. O meu avô não conhecia Laudelino, mas ao escutar sua saudação de chegada foi logo dizendo para mim: não se assuste Noquinho, é um irmão da Igreja.

- Preciso de um “poiso” por esta noite. Necessito descansar para seguir viagem!

- É um prazer, em nome de Deus, recebe-lo, irmão, em nossa humilde casa. Sinta-se a vontade!

- Amém!

A família que o meu avô constituiu era numerosa.  Era composta por ele, minha avó, sete filhas mulheres, sendo uma casada à época (tia Cota) e seis solteiras, além de três homens sendo o meu pai o mais velho.

Os adventistas daqueles tempos eram bem mais rígidos por que tinham toda a sua Doutrina fundamentada no Velho Testamento. A denominação seguida por meu avô e sua família era a do (movimento de reformas que depois passou a chamar-se da completa reforma.). O meu avô, já velho, ao levantar-se todos os dias, passava em frente aos dormitórios de todas as filhas e filhos batendo nas portas, e antes de sair para o batente duro realizava um culto matinal ás 6 horas onde todos tinham de participar. Ele sempre se postava na cabeceira da mesa e após entoar hinos punha-se a leitura da Bíblia. Apenas ele como o chefe daquela família tinha aquela primazia. A ninguém mais, nem mesmo ao filho mais velho era permitido assumir a posição de destaque do meu avô na direção do culto e na cabeceira da mesa. Naquela manhã, por volta das cinco horas, no entanto, algo de muito inusitado estava acontecendo naquela “jurisdição disciplinada de quartel.”.  Pois antes que meu querido avô se levantasse, já podia escutar lá fora cânticos de louvores e alguém a tilintar uma velha enxada convidando os moradores daquela imensa casa a acompanha-lo no culto que faria. Era o velho Laudelino, o forasteiro, recém- chegado àquelas plagas. Observador que sempre fui, Recordo-me, ainda hoje das feições de meu avô naquele episódio inesperado. Seus aposentos ficavam na parte de cima da casa e da janela pode observar esta cena: Laudelino, que tinha a mesma idade (73) anos e feição de meu avô, inclusive a mesma barba longa e branca, própria dos adventistas de antanho, havia montado uma mesa na frente da casa sobre a qual tinha sua Bíblia e na cabeceira assentou-se iniciando ali o culto. Em meio ao culto Laudelino, como se estivesse rodeado de uma multidão de pessoas presentes, passava a palavra para alguns que depois de “darem seus respectivos testemunhos” devolviam-na ao dirigente Laudelino que agora, ou seja, quarenta minutos depois finalizava o culto. Enquanto isto o meu avô, calmo como sempre foi, assistia a tudo aquilo de sua janela, tranquilo e sereno e, passivamente, como era de seu costume, sorrindo, deslizando a mão pela sua bem cuidada barba e a cada refrão de Glória a Deus de Laudelino lá embaixo meu avô respondia lá de cima em sua janela: Aleluia, amém, irmão!

Curioso, passei a matutar em meu cantinho.

Para quem, diabos, Laudelino estava pregando? Quem eram aqueles seres invisíveis a quem ele concedia a palavra? Por que eu não os via? Eram eles realmente verdadeiros? De carne e osso?

E agora? O que aconteceria depois de Laudelino terminar o culto? O meu avô faria outro culto ou “validaria” o culto de Laudelino?

De onde veio Laudelino? Quem era ele? O que pretendia ele ali naquela localidade? Foi enviado por alguém? Continuaria por lá?

Quem, finalmente, se revelaria por debaixo daquela velha carcaça? Uma pessoa de boa ou má índole? Por quanto tempo o meu amado avô o toleraria?

A que se dedicaria ali? Sim, por que não obstante ele ter a mesma idade de meu avô, em termos de condicionamento e força física não o assemelhava em nada. Estava demasiado gasto e até mesmo para dar um passo manquitolava.

Trabalhador incansável que sempre foi o meu avô, será que ele o manteria ali em sua fazenda sem condições para o trabalho?

É o que veremos no desenrolar dessa verídica história de minha infância.

Até a próxima, Brejeiros. Fraternal abraço.

* O autor é Brejeiro de nascimento.
Brejo das Almas e Adjacências - Atrás destes morros ficava a Fazenda Terra Branca - Propriedade de meu avô

quarta-feira, 23 de abril de 2014

BREJO DAS ALMAS - LINDO E LIMPO


Brejo das Almas – Lindo e Limpo!
*Enoque Alves Rodrigues
 
Recentemente, ou precisamente, anteontem, 20/04/2014, minha filha Letícia esteve de passeio por Francisco Sá, nosso querido Brejo das Almas. Acompanhavam-lhe os nossos familiares de Montes Claros e Capitão Enéas. Conhecedora do meu amor e devoção pelo Brejo, eufórica, toda feliz, ligou-me, de lá, a fim de me informar á respeito das novidades da Terra querida “que me viu nascer.”.  Ao seu retorno á São Paulo, ratificou, detalhadamente, todas as belezas que presenciou. Devido não ser esta a primeira vez em que ela visita o Brejo, por que lá já esteve comigo em outras ocasiões, quando nos deparamos com um Brejo das Almas esquecido pela gestão anterior, em pandarecos, pois a impressão que tivemos era de uma Pompéia pós Vesúvio cujas erupções a transformara em ruinas, com ruas e praças esburacadas e imundas tomadas pelo lixo, com sujeiras por todos os lados, prédios de autarquias municipais caindo aos pedaços, esmoleres abandonados ao léu como se farrapos humanos fossem etc., possui todas as qualidades para tecer, com isenção, comparativas entre o antes e o depois que é o momento atual.
 
Pois é, Brejeiros.
Primeiramente quero ressaltar, que é possível que alguns de vocês que vivem e respiram cotidianamente os ares desta nossa Cidade não tenham percebido o quanto ela mudou para melhor. É próprio de alguns seres humanos que o condicionamento ao qual estamos afetos e inseridos em determinado contexto da vida nos tornem ás vezes insensíveis a certas mudanças que ocorrem ao nosso redor, por mais significativas e radicais que elas sejam, quer positivas ou negativamente. Aliás, principalmente, se elas forem positivas, por que a maioria de nós está predisposta, queiramos ou não, a ver somente o lado negativo das coisas a fim de poder justificar nossas críticas, muitas vezes, ou quiçá, quase sempre, destrutivas embasadas que estão em nosso próprio egoísmo e fraqueza. Costumo dizer que não há crítica destrutiva. Que toda crítica é construtiva. Mas, toda vez que insistimos em não querer ver, ouvir e sentir o lado positivo das coisas e pessoas, não obstante as evidências que as compõem e fundamentam saltarem-se à nossa frente, todas e quaisquer críticas tornam-se destrutivas e o que é pior, entorpecem, em definitivo, a mente e os olhos, qual cegueira, privando-nos de visualizar, com todo prazer, o lado bom da vida.
 
E o que viu Letícia no Brejo das Almas desta vez? Lembrando que ela não esteve só no Centro. Visitou também alguns bairros.

Pois não. Vou sintetizar.
Viu, entusiasmada, um Brejo das Almas muito mais bonito e hospitaleiro que chega a convidar o forasteiro à nele permanecer, por, pelo menos, uma noite.  Uma Cidade atrativa de visual novo, com gente ordeira, bonita e saudável a transitar por suas ruas e praças, limpas e arborizadas. Lixeiras colocadas estrategicamente onde o Brejeiro civilizadamente deposita o seu lixo. Prédios reformados ou em obras. Localidades antes íngremes e esburacadas passaram por terraplenagem e asfalto. Ao longe, no alto, iluminado, o Cristo Redentor Brejeiro, com os seus braços abertos saudando a todas as almas encarnadas ou desencarnadas que chegam ou passam belo Brejo. E o mirante com sua visão de trezentos e sessenta graus de onde a Cidade pode ser observada? Que maravilha. Que colosso. Como o meu Brejo das Almas que tantas inspirações me trazem está se modificando. As afirmações de Letícia, minha filha, evidenciadas por uma infinidade de fotos e vídeos feitos, orgulhosa e exclusivamente para o paizão Brejeiro aqui, não deixam dúvidas: o choque de gestão sobre o qual este profeta “de araque” que vos fala havia vaticinado há algum tempo, quando disse que o Brejo das Almas ou Francisco Sá, passaria por grandes modificações, está se cumprindo. Os homens de boa vontade, entre uma dificuldade e outra, estão á postos, trabalhando por uma Cidade cada vez melhor. Talvez, quem sabe, o que outrora nos parecia inatingível ou utópico não esteja tão longe assim. Mesmo com os inúmeros obstáculos e “lombadas” de ultima hora, colocadas, propositadamente, sem prévio aviso, por gestões passadas, no meio do caminho, a Cidade que todos nós ansiosamente queremos e merecemos está surgindo diante dos nossos olhos de ver.
 
Basta seguirmos acreditando e, se possível, colaborando, substancialmente, com aquilo que esteja ao nosso alcance. Na impossibilidade de contribuir, que, pelo menos, fechemos os nossos olhos de ver e ouvidos de ouvir, às críticas destrutivas de alguns adeptos do quanto pior, melhor. Daqueles que pouco ou nada produzem além de palavras de pessimismo a guisa de ponto de vista fundamentado em suas próprias derrotas, misérias e investidas infrutíferas. Ou melhor, dizendo, daqueles que querem mais é que o mundo se acabe em barranco para morrerem encostados.
Muito em breve, pessoalmente, os meus olhinhos castanhos estarão conferindo, alegremente, estas mudanças, caminhando que estarei, anonimamente, por estas ruas e praças, no meio do meu povo Brejeiro.
 
É...
Por vezes, ou quase sempre, é quando fechamos os olhos para as pequenas ou grandes realizações da vida, é que morremos para os homens, para o mundo e para Deus.
 
Ou eu estou errado!
E tenho dito.
 
*Enoque Alves Rodrigues, nasceu no Brejo das Almas.
 

sexta-feira, 18 de abril de 2014

FELIZ PÁSCOA, BREJEIROS - O BREJO DAS ALMAS EM CRÔNICAS ESTÁ CHEGANDO!


*Enoque Alves Rodrigues

Feliz Páscoa, Brejeiros.

Neste momento muito especial em que todos nós estamos com os corações voltados para o Símbolo Maior da Páscoa, Jesus, quero desejar a todos vocês, Brejeiro ou não, mas frequentador deste meu BLOG toda felicidade do Mundo. Que todas as suas expectativas se cumpram. Que a verdadeira simbologia da Páscoa se materialize em vossa vida. Que a paz, saúde e prosperidade jamais lhes faltem.




O Brejo das Almas Em Crônicas.

O meu livro “O Brejo das Almas em Crônicas” composto de 302 páginas onde estão elencadas quarenta e seis histórias do antigo Brejo das Almas e de seus personagens que marcaram época, será lançado aqui em São Paulo no próximo mês de Junho/2014.

No ano passado eu havia solicitado à Municipalidade do Brejo a gentileza de me enviar lista com indicações de nomes de instituições públicas, como escolas, bibliotecas e outras entidades de interesse do Município para que eu encaminhasse, gratuitamente, alguns exemplares do meu livro “O Brejo das Almas em Crônicas.”. Acompanhei a evolução deste meu pedido até a sua terceirização, encaminhado que foi a outro órgão para que me atendesse. Mesmo não tendo recebido à lista com as indicações dos nomes e endereços para envios, prometo ao meu povo que quando for a Minas passarei no Brejo para distribuir, graciosamente, alguns exemplares diretamente a quem encontrar pelas ruas.

O Brejo e os antigos personagens que fizeram a sua história a qual muito nos orgulha e enaltece enquanto Brejeiros, não obstante somente alguns fragmentos dela terem sido repassados realmente de pai para filho, são muito lindos e não podemos deixar de forma alguma que tudo isto morra algum dia. O tempo, nem sempre, senhor absoluto da razão, não pode jamais apagar o que há de bom em nossas memórias a respeito de nossa Terra, assim como de sua gente antiga que muito sofreu, vivendo e escrevendo a sua história de maneira simples, muitas vezes, despretensiosa, no intuito de deixa-la gravada com marcas indeléveis a posteridade atual e vindoura.

Em virtude de todas as crônicas relatadas neste livro serem inteiramente inéditas, tão logo ele seja publicado voltarei a atualizar este BLOG semanalmente como sempre fiz cuja interrupção foi necessária devido ao grande acúmulo de trabalho na área de minhas atividades, conciliado com a revisão de dois livros sendo o próprio “O Brejo das Almas em Crônicas” e o outro de temática Espírita que será distribuído gratuitamente.

Um forte abraço para todos vocês, Brejeiros!

E vamos em frente...

*Enoque Alves Rodrigues nasceu no Brejo.

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

BREJO DAS ALMAS - 76 ANOS SEM JACINTO



BREJO DAS ALMAS - 76 ANOS SEM JACINTO


*Enoque Alves Rodrigues


Brejo das Almas, 17h30m do dia 8 de Janeiro de 1938. Com quase 67 anos, falecia, depois de padecer por doze anos do mal de Parkinson, no Brejo das Almas, ou Francisco Sá, distante 480 quilômetros da Capital Belo Horizonte, ao norte de Minas Gerais, Jacinto Alves da Silveira. Portanto, brejeiros, amanhã, quarta-feira, oito de Janeiro de 2014, o nosso Brejo completa 76 anos sem o seu fundador, ou principal responsável por sua emancipação politico-administrativa. 

A Parkinson é idiopática, ou seja, é uma enfermidade primária de causa obscura. Há deterioração e morte celular dos neurônios produtores de dopamina. É, por isso, uma doença degenerativa do sistema nervoso central, com início geralmente após os 50 anos de idade. É uma das patologias neurológicas mais frequentes visto que sua prevalência situa-se entre 80 e 160 casos por cem mil habitantes, acometendo, aproximadamente, 1% dos indivíduos acima de 65 anos de idade. Apesar do muito que já se pesquisaram, decorridos quase duzentos anos do descobrimento desta gravíssima doença por James Parkinson, pouco ou quase nada se sabe sobre suas causas.


O fato é que, deve-se a ela, todas as consequências de doze anos de sofrimentos que vitimaram o grande e insubstituível benfeitor de nossa Cidade. Tudo começou quando ainda vereador em Montes Claros, no momento em que lutava pela aprovação de mais um projeto que beneficiaria o Brejo. Ali ele sentiu as primeiras dores no dedo indicador da mão direita, que insistia em não obedecer aos seus comandos. Seu colega de partido, Antônio Ferreira de Oliveira, o Niquinho “Açúcar”, ou Farmacêutico, é quem conta com todos os detalhes, o inicio desse duradouro tormento, que, como já mencionei, doze anos depois ceifaria a vida do nosso mais ilustre Brejeiro.


Jacinto Alves da Silveira foi, até hoje, o único capaz de reunir todos os predicados que habilitam qualquer individuo a afirmar ter vivido a vida em toda a sua plenitude na prática do bem. Descendente de famílias de Ouro Preto, assim como os Pena, Oliveira, Dias, Xavier, entre outras, esta última pertencente à genealogia do grande Mártir da Inconfidência, o Tiradentes, Jacinto, um dos muitos filhos do velho Fazendeiro José Alves da Silveira, nasceu no Brejo, lá pelos idos de 1871, quando o Brejo sequer sonhava em ter as feições de hoje. Ao contrário, assemelhava-se, muito mais, ao longínquo dois de novembro de 1704, quando não passava de uma vasta mata às margens dos rios Verde Grande, São Domingos e Gorutuba, onde Antônio Gonçalves Figueira, dono de várias fazendas na região, fincou pela primeira vez, ao lado da Lagoa das Pedras, o imenso cruzeiro que marcaria para sempre, no tempo e no espaço, o inicio de uma nova era, de uma promissora civilização e de uma progressista Cidade, como o próprio Bandeirante profetizara. Jacinto, ao contrário de seus outros irmãos que eram todos Fazendeiros, desde a infância, apesar de rústico, já se revelava muito inteligente, quando lia, escrevia e realizava cálculos difíceis até mesmo para quem tinha a mais elevada cultura. Era, desde aqueles tempos, um iluminado, na mais clara e límpida definição do termo.


Bonito, com 1,80 de altura, bigodes aparados e bem fornidos, cabelos cortados à escovinha, trajando-se sempre de brim-cáqui, o belo jovem Jacinto Silveira juntamente com outros peões, percorria, no lombo do cavalo, por estradas de chão batido a longa distância de 270 quilômetros conduzindo grandes manadas de gados de corte que eram vendidas na cidade de Curralinho, hoje, Corinto, situada ao norte de Minas Gerais. Com 24 anos conheceu e casou-se com a normalista Maria Luiza de Araújo, na velha Matriz de Montes Claros, no dia 16 de Novembro de 1895. Maria Luiza foi durante toda a vida, sua fiel e inseparável companheira, a qual foi responsável pela condução dos destinos do povo brejeiro no campo da educação e cultura, enquanto Jacinto preparava esse mesmo povo na política e principalmente para a emancipação administrativa do Brejo, que ocorreria em 1923/24. Foi o primeiro presidente da primeira legislatura municipal brejeira, 1924/1930, que era composta pelos seguintes vereadores: Padre Augusto Prudêncio da Silva, Francisco Fernandes de Oliveira, José Dias Pereira Zeca, João de Deus Dias de Farias e Rogério da Costa Negro, este último, um grande comerciante do ramo de tecidos.


Lutador incansável pelos direitos de seu povo, íntegro, transparente, correto em todas as suas atitudes, honesto até a medula, numa época em que a mosca varejeira sequer sonhava sobrevoar o mundo da política, Jacinto Silveira conduzia os destinos do povo Brejeiro pelos caminhos da retidão e do porvir, assim como Moisés do Egito conduzia seu povo rumo à Terra Prometida. Jamais perdeu uma só eleição. O Brejeiro daqueles tempos sabia reconhecer os valores inalienáveis daquele homem e o tinha como a um verdadeiro Líder. E como tal se comportava: respeitador e cerimonioso, de falar pausado, olhava sempre nos olhos do interlocutor e não o interrompia quando o outro se pronunciava. Firme e assertivo, sempre expressou o seu pensamento. Nunca se utilizou de meias palavras. Era homem de posições claras e definidas. Benevolente e despojado, servia a todos com amor sem pedir nada em troca. Disciplinado, sabia ser enérgico sem ser jactante. Muitos foram os Governadores de Estado que utilizaram o prestigio de Jacinto. A palavra dele era uma ordem e nela todo e qualquer Brejeiro acreditava cegamente por que Jacinto nunca deixou de cumpri-la.


Rico, dono de várias fazendas de gado e cultivo, casas comerciais e muitas outras fontes de renda, Jacinto Alves da Silveira, homem que durante toda a existência sempre teve a casa cheia de amigos e correligionários, que sem nenhum apego às coisas materiais, ajudava, com recursos pessoais a todos, brejeiros ou não; bancava, do próprio bolso, inúmeros candidatos em campanhas eleitorais caríssimas. Depois de ter custeado a emancipação do Brejo das Almas, tendo inclusive doado prédios de sua propriedade para comporem a Sede Administrativa e o conjunto arquitetônico do Município, condição esta indispensável a sua homologação, já no final da vida, corroído pela enfermidade degenerativa, ainda era obrigado a arrastar-se de sua casa até a Prefeitura, onde dava expedientes, deixando-nos o belo exemplo de que é no trabalho que nos realizamos e enobrecemos. Morreu, no entanto, pobre, mas digno e praticamente só, tendo a seu lado apenas os familiares.


Não é sem motivo que um de seus filhos, o também Coronel Geraldo Tito Silveira, assim se expressa em um de seus lindos libelos, referindo-se as indiferenças das quais fora vitima o pai: “Nos áureos tempos de sua vida abastada, quando ele plantava as sementes de uma pequena fortuna, depois esbanjada nos ardores da política, feita somente para o bem-estar de outrem, sua casa solarenga vivia repleta de “amigos”. Até então, não se via pela estrada real, que ia dar à Bahia, uma só pousada ou hospedaria, de modo que os forasteiros que por ali passavam procuravam a casa do Coronel Jacinto, onde recebiam todo o conforto, gratuitamente. Muitas dessas pessoas eram acometidas de terríveis pestes inclusive febre brava!”.


E arremata o grande escritor do Norte de Minas, Geraldo Tito Silveira, agora lamentando mais uma grande injustiça com a qual brindaram o pai. Aliás, muito já falei sobre tal injustiça que espero um dia, quiçá nessa atual encarnação ver corrigida: “Como corolário da ingratidão dos homens, mudaram o nome de Brejo das Almas, não para perpetuar o nome de Jacinto Silveira, na terra que engrandecera, mas para honrar o nome de outro Brasileiro, Ilustre, é verdade, mas que nada fizera por ela.”. Refere-se ao Doutor Francisco Sá, (1862-1936), nascido na fazenda Brejo de Santo André, que naqueles tempos pertencia ao Município de Grão Mogol e que foi Ministro da Viação e levou a Estrada de Ferro Central do Brasil até Montes Claros, que muito lhe deve.


Não sei, até porque de há muito não vivo mais no Brejo e não participo de seu dia-a-dia, se a Sociedade Brejalmina ou Brejalmense, movida por nobres sentimentos de gratidão, ou, quiçá, políticos locais, se lembrarão de promover neste dia 8 de Janeiro, alguma cerimônia, por mais simples que seja, ainda que um singelo minuto de silêncio, àquele que foi, é e será, o primeiro e mais importante Brejeiro. O maior de todos, porque deu tudo de si, até a própria vida, para que o Brejo das Almas ou Francisco Sá figurasse no mapa de Minas e do Brasil, como o Município importante e promissor que é.


Depois de permanecer longo tempo na erraticidade, acha-se, atualmente, no meio de nós. Não dentro da política que, convenhamos, mudou muito, e para pior. Servidor nato e dedicado que jamais fugiu à luta, não obstante toda a ingratidão que recebeu, acreditem céticos de plantão: Se hoje se realizassem uma “chamada oral” convocando homens de bem a colaborarem com qualquer causa que tivesse por objetivo o bem comum, a justiça social, a luta contra as desigualdades dos menos favorecidos, alguém, digno, decente, probo e humano em quem, todos nós pudéssemos nos espelhar, ao bradarem o nome “Jacinto Alves da Silveira!” Com toda certeza ouviríamos, prontamente, em algum lugar do Brasil, a voz firme, forte e determinada do Coronel e grande Líder: “Presente... Eis-me aqui!”.


E tenho dito


*O autor nasceu em Francisco Sá, Brejo das Almas, Minas Gerais, Brasil.



ALGUNS FRAGMENTOS ALUSIVOS A JACINTO SILVEIRA – CRÔNICAS PUBLICADAS

*Enoque Alves Rodrigues


      

“Que Jacinto Luz era sogro de José Alves da Silveira, grandes fazendeiros no Brejo das Almas de antigamente, sendo este último pai de Jacinto Alves da Silveira, principal responsável pela fundação e emancipação do Brejo das Almas, hoje Francisco Sá?...”.

“Naquele tempo, Jacinto que era seu compadre, dava expediente na Prefeitura”. A farmácia de França ficava exatamente no trajeto, que Jacinto fazia três vezes ao dia, pois almoçava em casa. Numa dessas passagens, França, desesperado, chamou-o:

- Compadre!

- Pois não. Respondeu-lhe o Coronel Jacinto, sempre educado, cordial e solícito.

- Já não sei mais o que fazer compadre. Não posso mais aceitar porco, galinha e mantimentos como forma de pagamento. Os meus cercados estão cheios. Se eu continuar assim vou quebrar. Mas também não posso deixar o povo sem remédio. O senhor precisa me ajudar!

Jacinto, homem prático, de raciocínio rápido, desses que em fração de segundos cria, amadurece e executa uma ideia, ali mesmo, sobre o balcão da farmácia, pegou sua pena e num papel timbrado escreveu em letras garrafais: “Com o único objetivo de zelar e preservar a valiosa saúde do povo brejeiro, com o intuito exclusivo de evitar propagação de doenças e pestes eventuais, inerentes ás espécies suínas e ovinas, porcos e penosas, proíbo, a partir de hoje, qualquer forma de pagamento de remédios mediante tais modalidades”.

Depois de assinar, entregou o papel para França com a recomendação: “Aqui está compadre, a solução para o seu problema. Pegue isso e cole na frente da farmácia. Quando alguém chegar com porcos e galinhas, basta o senhor mostrar o cartaz. Como a maioria não sabe ler, diga que o papel lhe proíbe de vender remédios para receber de outra forma que não seja em dinheiro vivo...”.


“Quantos, porventura, de nossos conterrâneos saberiam definir o quanto representou o nome gravado naquela velha placa para o Brejo das Almas? O certo é que o Padre Augusto Prudêncio da Silva, sobre o qual muito já escrevi neste mesmo espaço foi, juntamente com Jacinto Silveira, um dos maiores beneméritos do antigo Brejo das Almas...”.


“Alto, magro e esguio”. Vestido do mais puro brim, cáqui, calçado com botas de couro, canos longos, com chapéu panamá à cabeça, olhar tranquilo e falar manso. Sentado estava no solar de seu casarão de onde observava todo o Brejo das Almas, reduzido, naquele tempo, a um pequeno amontoado de casas. Ao avistar Marcolino, elegantemente se expressou:

- Bom dia, meu amigo. Como vai o senhor? Porventura, há algo que eu possa fazer para lhe ajudar?

- Sabe o que é coronel! Eu vim aqui para lhe vender o meu voto. Quanto é que Mercê está pagando?

- Vender, o que, meu filho? Por favor, seja mais especifico. Não lhe entendi!

- Então, coronel, o senhor sabe que todo eleitor aqui vende o voto e que aqui no Brejo qualquer candidato só se elege se comprar votos, já que não tem voto de cabresto para todo o mundo.

Aquele candidato olhou para Marcolino com piedade. Após fitar-lhe de alto a baixo, respondeu-lhe educadamente.

- Creio que o amigo esteja enganado. O voto deve ser dado e não vendido.  Voto não tem preço, voto tem consequência. Aliás, você nem precisa conhecer a pessoa para votar nela. O que você tem que conhecer é o seu plano de governo. Não faça de seu voto moeda de troca senão os candidatos vão fazer de você massa de manobra e posso lhe garantir que esta ciranda perversa não é benéfica nem para você tampouco para à Democracia que todos nós um dia almejamos. Não vote, jamais, em quem se propõe a comprar o seu voto. “Ele não o merece...”.

Democracia? De que diabos aquele coronel visionário estava falando em plena década de 1920 quando a maioria das questiúnculas era resolvida à bala ou sorrateiramente?

Impossível seria mesmo entender, quanto mais explicar, não fosse aquele candidato o Coronel Jacinto Alves da Silveira que, segundo os anais da história, jamais perdeu uma eleição das muitas que disputou.


“E o nosso fundador, Seu Jacinto. Você já leu alguma coisa sobre ele?...”.


Certa vez se encontravam na casa do Padre Augusto, no Brejo das Almas, o Dr. Honorato Alves, Camilo Prates, Alfredo Sá, Jacinto Silveira, Antonio Ferreira, Francelino Dias...


Depois de longos minutos neste diapasão coube a Jacinto intervir.

- Compadres, por favor, parem com isso! Os senhores ainda não perceberam que este Lucas dos Infernos está tirando sarro de todos nós? O que ele lhes manda fazer, jamais conseguirão. Ninguém é capaz de fazer isso. Foi bem mais fácil para mim, apesar de sabermos o quanto me foi difícil, (o Coronel Jacinto, como bom Mineiro, de quando em vez também se dava ao luxo de colocar em prática o seu Mineirismo), emancipar o Brejo das Almas. Este negro não quer contar história coisíssima nenhuma!


“Até mesmo o Coronel Jacinto Silveira, meio sisudo, por natureza, recebia com sorrisos os seus gracejos...”.


“Assim sendo, personagens, cuja vida detalhei em suas minúcias como, por exemplo, o Padre Augusto Prudêncio da Silva, Jacinto Alves da Silveira, Geraldo Tito, Feliciano Oliveira, entre outros, não serão abordados...”


“Aqui estamos diante do túmulo do ilustre Brasileiro e acima de tudo, Brejeiro, Jacinto Alves da Silveira, que por toda a sua vida...”.


“Ainda solteiro, Jacinto conduzia grandes boiadas que eram vendidas em Curralinho, hoje, Corinto...”.


“Dos muitos filhos do velho Zé Alves Jacinto foi o único a inclinar para o campo do intelecto e, menino ainda, já dominava o alfabeto e tabuada...”.


“Ali foi celebrado o enlace matrimonial de Jacinto Alves da Silveira com Maria Luiza de Araújo, que...”.


“Não obstante ter sacrificado a própria vida pelo Brejo das Almas, Jacinto Silveira pouca ou quase nenhuma homenagem recebeu em vida...”.


“A esposa de Jacinto Silveira, dona Maria Luiza, tinha uma cultura refinada e muito além de seu tempo. ela foi a primeira normalista do Brejo das Almas...”.


“Mantendo as mesmas tradições de injustiças com que regalaram o marido Jacinto, Maria Luiza, mesmo tendo sido a primeira Normalista do Brejo, não teve a primeira Escola do lugar nominada em sua homenagem...”.


“Nem mesmo na concessão do Cartório do Brejo se dignaram a destina-lo a esposa de Jacinto, agregando-o a outra família, também merecedora, claro, mas sua tradição e amor ao Brejo sequer se aproximavam da tradição dos Silveira...”.

*O autor nasceu em Francisco Sá, Brejo das Almas, Minas Gerais, Brasil.