domingo, 29 de abril de 2012

VOCÊ SABIA? JACINTO LUZ, ZÉ ALVES E MASSEIRA!


“Brejo das Almas ou Francisco Sá, igual a ti outro não há...”

- VOCÊ SABIA? 

Enoque Alves Rodrigues

CAPITULO XXXI – JACINTO E ZÉ ALVES

Que Jacinto Luz era sogro de José Alves da Silveira, grandes fazendeiros no Brejo das Almas de antigamente, sendo este último pai de Jacinto Alves da Silveira, principal responsável pela fundação e emancipação do Brejo das Almas, hoje Francisco Sá?
Que o passatempo predileto de Jacinto Luz, sogro de Zé Alves, era a caça de veados? Que ele, munido de uma velha espingarda daquelas que se carregava pela boca, mas que nunca falhava, passava longas noites à espreita dos passos cautelosos do mateiro, pendurado numa forquilha de aroeira que se denominava “espera?” Que mencionada “espera” ficava na copa da mais alta e frondosa árvore que, possivelmente ainda existe e que se localiza exatamente na antiga Estrada de Cana Brava, na mata conhecida por “Baixa da Migrada?”
Pergunta: você, porventura também conhece ou conheceu a mata da “Baixa da Migrada” na antiga estrada de Cana Brava?

Pois é...


- VOCÊ SABIA?

Enoque Alves Rodrigues

CAPITULO XXXII – MORRO DA MESSEIRA

Que o Morro da Masseira é observado em sua total amplitude por uma distância que cobre várias léguas?
Que durante toda a década de 1950/1960 uma grande e resplandecente bola de fogo se levantava do Morro do Mocó, na Fazenda de Antonio Miranda, em altas horas da noite, a qual depois de dar uma volta de 360° sobre a Cidade de Francisco Sá, ou Brejo das Almas, ou vice-versa, durante 60 minutos, ganhava os rumos do Morro da Masseira onde  finalmente depois de estrondoso barulho se desintegrava?
Que todos, assustados, ao vê-la em voo rasante pela Cidade diziam tratar-se do tesouro que o Bandeirante Antonio Figueira havia enterrado no Morro do Mocó e que ela estava se mudando devido ás maldições causadas pela cobiça do povo brejeiro na caça ao tesouro?
Perguntas: você sabe por que o Morro da Masseira tem esse nome? Você acha que é pelo seu formato? Quem foi que primeiro o chamou de “Masseira?”

Com a palavra os “não brejeiros.”

Pois é...

sábado, 14 de abril de 2012

SAUDADE BREJEIRA - FELICIANO E MONTALVÃO - REPRISE

SAUDADE BREJEIRA - REPRISE

Enoque Alves Rodrigues

Bem em frente à Igreja Matriz localizada na Praça Jacinto Alves da Silveira, em pleno centro de Francisco Sá, conversavam Feliciano Oliveira e Montalvão, ambos, candidatos aos pleitos eleitorais de um ano qualquer, bem no inicio dos anos 1960.
O primeiro, meio alto e esguio, tez parda, careca, vestindo terno azul marinho com listras de giz, gravata borboleta - apesar do calor de deserto do Brejo das Almas de então -, e calçado com um par de botas de couro com canos longos que iam até os joelhos.

Já o segundo personagem, baixo, loiro, olhos claros, barriga saliente, calça de brim azul batido, camisa branca amarrotada, igualmente calçando botas de canos longos, num estilo bonachão, ensaiavam o discurso que fariam, logo mais, em um comício qualquer, lá no povoado de São Geraldo.

Eram velhas raposas da política do norte de minas, sendo o primeiro candidato à deputado federal e o outro a deputado estadual.

Dentro da Igreja aonde ambos se encontravam defronte, o Padre Silvestre, naquele momento, já se preparava para mais uma homilia. Fiéis assomavam-se à praça, tocados em seus recônditos pela “fé que remove montanhas”.

O Padre Silvestre, para quem não o conheceu, era um senhor alto, loiro, olhos azuis e, acreditem, muito sistemático. Diziam até que ele neste ultimo quesito conseguia superar, e muito, até mesmo o padre Salu, que todo brejeiro antigo só de ouvir falar o nome, tremia. O Padre Salu, sobre cuja personalidade difícil, já discorri neste espaço, realmente não era uma “boa ovelha”. Ranzinza, chegava muitas vezes ao extremo de expulsar as beatas de frente de seu confessionário a chutes. A molecada fugia dele.
Pois bem, o Padre Silvestre, a quem conheci de perto, não tinha, com toda certeza o temperamento do Padre Salu. Ao contrário, era dócil, tranqüilo, falar manso e um coração bondoso. Tratava a todos com amor e elevado espírito de solidariedade. Mas então, onde é que os dois padres se pareciam tanto? Pois não, os dois se assemelhavam devido ao fato de detestarem política. O Padre Silvestre, que posteriormente tornou-se mais flexível e até se aproximou da política, naqueles tempos era bem radical.

Achavam. Achavam? Não, tinham certeza, assim como a temos nós hoje, que na política brasileira se escondem as maiores mentiras. Que o fator que fomenta a política é a mentira. Claro, guardadas as devidas exceções que, aliás, são muitas. Há muita gente de bem dentro da Política no Brasil. Como Cristãos, e sendo a mentira um dos sete pecados capitais, eles, assim como todo e qualquer cidadão de bem, tinham mais é que abomina-la. Até ai, nenhum problema, não fossem os extremos.

Os dois grandes expoentes da política mineira palestravam descontraída e discretamente, já no meio da pequena multidão que se formava na praça. Ambos tinham o nítido desejo, mineiramente disfarçado, de à maneira que os brejeiros se ajuntassem todos, os dois candidatos, meteriam a mão em um bornal que traziam à mão e... zás... de lá sacariam um santinho com suas fotos e números e entregariam aos pretensos eleitores.
Mas o Padre era mesmo terrível. “Aquellos ojos verdes de mirada serena”, enxergavam mais que pirilampos do Mangal. À distancia e de relance, observava a ação dos dois, também, mineiramente. Fingia não vê-los. Os dois, por incrível que possa parecer, eram também amigos do padre Silvestre. Comungavam, ali. Mas o problema é que estavam fazendo política no lugar errado. No território do Padre. Era local sagrado. E isso ele não tolerava.

Não demorou muito e Feliciano puxou do bornal o primeiro santinho para entregar ao fiel eleitor. Tentou entregar, mas não conseguiu. Ao esticar a mão, pasmem. Assim como num passe de mágica, adivinhem de quem foi a mão que estava estendida para receber o santinho da mão de Feliciano Oliveira?
Sim. Foi ela mesma. Ao vivo e a cores: A mão do Padre Silvestre ali estava a tomar da mão de Feliciano o tal santinho.

Não contente, confiscou-lhe, sob os olhares surpresos dos fieis brejeiros, o bornal, cheio de santinhos.

Sem reagir, Feliciano, polido como sempre, mas também surpreso, apenas sorria...
Enquanto a Montalvão, evaporou-se em meio à multidão.

Pairam-me à mente, até hoje: jamais consegui entender como e de que maneira o Padre conseguiu levar a efeito toda esta ação, sem, sequer, proferir uma única palavra. Eu estava muito próximo e posso afirmar que ele não moveu os lábios.
Foram muito engraçadas e hilariantes as justificativas que os dois candidatos, algum tempo depois ao desembarcarem de uma velha Rural Willys já no povoado de São Geraldo, davam aos seus eleitores:

- “Olha pessoal. Viemos aqui falar com vocês, na condição de vossos leais e prestativos amigos de todas as horas. E todos nós sabemos muito bem que para se lembrar do rosto e da fisionomia de um amigo de verdade, aquele velho amigo que só nos faz bem, não se precisa de fotos. As nossas fotos, com toda certeza, já estão lá dentro da memória de todos vocês, nossos amigos. Mas para que não corram o risco de nos esquecerem, uma vez que a pinguinha do brejo que nós lhes oferecemos já está fazendo lá em vossas ideias, os seus efeitos, lhes informamos que o meu nome é FELICIANO OLIVEIRA. Eu sou o mais altinho e careca. Enquanto este aqui que está ao meu lado, baixinho e barrigudo, é o MONTALVÃO. Obrigado meus queridos amigos e correligionários e até a vitória nas urnas, se Deus assim o permitir!”

É...

Por vezes, quando não se tem a certeza necessária, é melhor abrir o jogo, sem delongas.

Enoque Alves Rodrigues, que vive em São Paulo, é brejeiro de nascimento e convicção. Atua há 40 anos na área de Engenharia. É Escritor, com dois livros a serem lançados, (Liderança Conquistada e Brejo das Almas em Crônicas), Colunista, Historiador e divulgador voluntário de Francisco Sá, Brejo das Almas, Minas Gerais, Brasil.