domingo, 24 de junho de 2012

FRANCISCO SÁ, MG - RIQUEZAS NATURAIS I - SERRAS


FRANCISCO SÁ, MG - RIQUEZAS NATURAIS I – SERRAS.
Enoque Alves Rodrigues

Muitas foram, até aqui, ás vezes em que ressaltei em minhas crônicas semanais as belezas naturais de minha Terra. Desnecessário seria utilizar-me de um bairrismo exacerbado para afirmar sem quaisquer dúvidas ser o meu berço natal, não obstante seu tamanho diminuto em termos populacional, um dos mais belos e virtuosos de todo o nosso Estado de Minas Gerais. Enquanto sua densidade demográfica se estima hoje em pouco menos de 30 mil almas, sua extensão territorial hoje ainda é muito grande, apesar de ter sido infinitamente maior algumas dezenas de anos atrás quando o Município de Brejo das Almas ou Francisco Sá, devido seu tamanhão foi fracionado, dando vida a outros grandes Municípios. Hoje estes Municípios dispõem de uma infraestrutura igual a de Francisco Sá e suas respectivas rendas per captas, saneamento básico e condições de vida se assemelham e equiparam inteiramente aos mesmos do Brejo das Almas.

No entanto, sem delongas, cedemos nossas terras para que fossem criados estes Municípios, belos, é também bom ressaltar, mas a Matriz onde se encontra a Terra-mãe destes Municípios, ou seja, o pedaço de chão que corresponde a Francisco Sá, é, queiram ou não, o mais bonito, pois é o que reúne as mais lindas e importantes paisagens de nossa região. Sem egoísmo, abrimos mão de vasta faixa de nosso território. Mas, com galhardia, abraçamos o que nele havia de mais belo e destes, jamais abriremos mão. Dentro do nosso Município de Francisco Sá ou Brejo das Almas há ainda nascentes de importantes rios que banham, além do nosso, outros Municípios, além de muitas outras pequenas nascentes que dão vida a córregos e riachos também importantes. Sem mencionar aqui pela simples redundância, das inúmeras lagoas, lagos e brejos que ainda hoje persistem como se estivessem permanentemente martelando aos nossos ouvidos suas existências a fim de que não nos esqueçamos, jamais, das nossas origens. De nossa toponímia. De que assim como a nossa terra, somos belos.

Falar o que de nossa fauna e de nossa flora? Bem, sobre isso eu já falei há alguns milhares de crônicas atrás. Que elas são as mais lindas do Planeta? Você, brejeiro, que assim como eu ai nasceu, mas ao contrário de mim, ainda vive no Brejo, sabia que na fauna do Brejo das Almas há espécies de animais e pássaros que não existem em nenhuma outra parte do Mundo? Que nossa flora é riquíssima em plantas medicinais que só nascem e crescem ai no Brejo? Pois é. Baba baby.  

A título de ilustração do tema que discorro acima, me apropriarei, em toda a sua íntegra, da obra prima em que consiste o Relatório-Manografia escrito pelo eminente ex-prefeito Dr. Arthur Jardim de Castro Gomes, quando de sua prestação de contas, ao deixar a Prefeitura do Município de Brejo das Almas, depois de ter trabalhado dias e noites incansavelmente, e exercido com retidão de caráter, lisura, abnegação e esmero, sua bela e transparente gestão frente aos destinos do Município em épocas hoje remotas. Aliás, sem querer pender-me para este lado, que, algumas vezes, frustrado, cutuco, o nosso Município assim como a maioria dos Municípios Brasileiros em dias atuais ressentem da falta de políticos do quilate do Dr. Arthur Jardim de Castro Gomes. Os pósteros quiçá premidos por consequências e circunstancias que não existiam à sua época ou quem sabe, pelas muitas facilidades que hoje existem em apropriarem-se do que não os pertence, não conseguiram imitar em igualdade de caráter aquele grande homem.

Diz o Dr. Arthur Jardim de Castro Gomes em seu lindo e imparcial libelo:

A Serra do Catuni é um planalto que desce bruscamente, na vertente ocidental, que é a do Verde Grande, de 900 – 1000 metros de altitude média, 700 – 650 na base da elevação e a menos, já na baixada. Visto daí, seu corte do firmamento é dado por linhas retas niveladas e rentes como uma amplíssima cremalheira. Esse perfil inesperado é que a torna singular para o visitante habituado ao tumultuário levantamento de cômoros, píncaros, e agulhas das cordilheiras litorâneas e das regiões sul-central.

Quem segue pela estrada de Salinas, e galga a encosta, tem no cimo a surpresa de um tabuleiro que se desdobra para o nascente, em suas ondulações, e onde farfalham as elegantes palmeiras de Catolé, batidas pelo vento constante e vivificador do Nordeste... Mas, também anunciador da seca que, amiúde, crassa nossa linda e paisagística região. O Brejo das Almas ou Francisco Sá, igual a ti, outro não há, nada mais é senão um pequeno torrão, encantador e aprazível, encravado no Norte das Minas Gerais, quase já na divisa com os sertões da Bahia.
Os contrafortes desta serrania nunca se estendem a mais de uma a duas léguas de seu flanco, para o poente, e não tem ramificações muito longas no sentido Leste-Oeste.

As maiores são as de Vaca Brava, Campo Alegre e Barra. Estes contrafortes parecem partir de um centro de impulsão situado na profundidade da terra, sob a massa dos Gerais, rumo aproximado ESE, originando as elevações de Sete Passagens, Pilatos, Morro do Trigo e a serie de montes das cabeceiras do Boa Vista e outros.

Estas elevações secundárias alcançam uma profundidade para o poente de 18 a 30 quilômetros, em altitudes crescentes.
Pela maior parte constituem-se de argila e calcários em lajedos, xistos, cascalhos rolados e com arestas, bancos normais de quartzo leitoso; e, bombeando cada vez mais o dorso, separando os “baixos”, em que correm rios temporários, transformam-se depois em chapadas e tabuleiros cobertos de “carrascos” ou de “catandubas”, como diz o nativo, e até de caatingas mais férteis que sobem das baixas.

Os imponentes e de beleza sem igual, contrafortes da Barra, Brejo, Carrapato, Sitio Novo, Masseira, Cana Brava, Santo André, de SW para NE, são ramificações que não se estendem muito.
Esse caráter pode ser dado a todos os serros que se erguem esparsos a maior ou menor distância, dentro do vale, e cujo maior lance é no sentido aproximado da corrente do Rio Verde Grande, OSO para NNE.
A maioria desses serros termina com a Serra do Catuni, em linhas de cumeadas niveladas e extensas, ficando o seu perfil, no fundo vastíssimo da paisagem descortinados das elevações, como uma sucessão infinita de planaltos e cavaleiros dos vales.

Puxando aqui um pouco a sardinha para a minha brasa, pois sou pequeno e carente de afagos em meu “ego infantil”, lembro-me de duas crônicas que escrevi há muito tempo: “A beleza da fauna Brejeira” e “A beleza da flora Brejeira”, que farão parte do meu próximo livro “O Brejo das Almas em Crônicas” que sairá pela Editora Livre Expressão. Sinceramente meus queridos conterrâneos: se hoje eu decidisse parar de escrever, o simples fato de eu ter escrito estas duas crônicas já me deixaria intelectualmente realizado. Palmilhei grande parte do chão brejeiro onde tive contato direto com suas belezas naturais que me deram o embasamento necessário para escrevê-las.

E tenho dito.

Enoque Alves Rodrigues, que vive em São Paulo, é brejeiro de nascimento e convicção. Atua há mais de 41 anos na área de Engenharia. É autor do livro “Liderança Conquistada” temática simples sobre otimismo, liderança e motivação, cuja primeira edição já está quase esgotada. Colunista, Historiador e divulgador voluntário de Francisco Sá, Brejo das Almas, Minas Gerais, Brasil. Caso queiram, sigam-me no twetter: @enoqueal

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