ASSIM ERA FRANCISCO SÁ – JARDIM PÚBLICO MUNICIPAL
Enoque Alves Rodrigues
PRAÇA JACINTO SILVEIRA |
Quando a 31 de Janeiro do ano de 1969 o Prefeito Eurico
Penna da Silveira inaugurou na Praça Jacinto Silveira, em frente á igreja
matriz do Brejo das Almas ou Francisco Sá, “igual a ti, outro não há,” o Jardim
Público Municipal, poucos Brejalminos acreditavam que aquele projeto havia
finalmente se materializado, deixando em definitivo o papel.
Concebido na prancheta daquele a
quem poderíamos chamar de “o Niemayer do Brejo,” o Dr. Arthur Jardim de Castro
Gomes, parte integrante e indissolúvel da vida de Francisco Sá desde os
primórdios, onde exerceu com fervor, transparência, dedicação e galhardia, os
mais diversos cargos públicos, inclusive o de Prefeito em gestões coroadas de êxitos
e muitas realizações com avanços em todas as áreas administrativas do município
os quais hoje fica difícil pontuar.
A execução da obra do Jardim
Público Municipal ficou a cargo de Antonio Plácido que muito se desdobrou para
que o cronograma fosse cumprido dentro do curtíssimo prazo estipulado por
Eurico.
Muitos brejeiros hão de lembrar,
pois, afinal, não faz tanto tempo assim. Em 31/01/1969 eu tinha dezesseis anos
incompletos e lá estava em meio á quase totalidade da população do Brejo
naquela praça, em frente aquele “monumental e gigantesco amontoado de concreto.”
Todos queriam assistir ao rompimento da fita inaugural e presenciar aquele
feito inédito e indescritível.
Um pouco antes do discurso de
Eurico Penna a praça já estava tomada pela multidão ávida por ouvi-lo. Todos se
acotovelavam em busca do melhor ângulo onde pudessem observa-lo e escuta-lo sem
se perder nenhum detalhe. Baixinho à época, não me restou nenhuma alternativa
senão me atracar ao tronco liso da centenária palmeira que ainda hoje insiste
em manter-se de pé no mesmo lugar, de onde, enquanto “a cacunda” aguentava, podia
visualizar toda a cerimônia que transcorria animada e na mais perfeita ordem.
Depois das bênçãos do Padre que proferiu nas escadarias da Matriz uma breve
homilia, deu-se, de fato, o inicio dos trabalhos. Eurico iniciou seu discurso
ressaltando os feitos que havia realizado até então e as ações que ainda
restavam por tomar frente á Prefeitura Brejeira. Enfatizou a importância
daquela obra do Jardim Público para os munícipes de Francisco Sá.
No tronco da palmeira, em
pensamento, tentava eu entender a quais importâncias Eurico se referiam. O que
haveria de tão relevante numa obra de um pequeno e diminuto jardim onde nem
flores existiam? O que, de positivo, agregaria a vida de todos nós, Brejeiros?
Seria ou não aquele discurso exagerado e tendencioso que não passava de um monte
de falácias desprovidas de qualquer cunho de verdade?
Enquanto eu me via perdido no
mundo emaranhado das interrogações, eis que Eurico já se achava finalizando sua
fala. Se eu tivesse tido o dom da paciência e sido menos precipitado, certamente
que nenhuma daquelas duvidas e questionamentos teriam povoado a minha mente. Involuntariamente,
mas como se tivesse lendo o meu pensamento, o grande Prefeito Eurico Penna da
Silveira, sim, este “Silveira”
pertence á mesma linhagem e estirpe do
“cara”. O maior de todos, passou a justificar:
“É possível que algum conterrâneo
que aqui se encontra neste momento maravilhoso esteja tentando entender qual
seria a importância desse simples jardim público para o Brejo. Quiçá esteja
imaginando também que este monumento terá como sua única incumbência segurar a
placa que nele se encontra ostentando o meu nome, etc. No entanto, quero dizer
que ele muito representará para todos nós hoje e para os pósteros. Durante
muito tempo este projeto do Dr. Jardim ficou engavetado porque os meus
antecessores não queriam correr o risco de passar por tais questionamentos. As
minhas explicações são simples. Tudo que pudermos fazer, por pequenino que
possa parecer, para embelezar a paisagem urbana da nossa cidade, ela vai nos
agradecer. E, tirando do bolso da camisa duas fotos em branco e preto acenou-as
para a multidão: veja aqui em minha mão o antes, onde esta praça se acha sem o
jardim, e o depois, onde ela já aparece munida do seu jardim. É ou não é
incontestável a diferença? Vocês reconheceriam esta praça se aqui não
estivessem?”
Não. Respondemos todos.
É...
Por vezes, dizia um certo politico
mineiro de nome José Maria Alkmin, nascido em 11/06/1901, em Bocaiuva. Lembram-se
dele? “Em política o que importa é a
versão e não os fatos.” No caso em tela que acabo de descrever, esta máxima
foi pras cucúias, pois, fato e versão, coadunavam-se. Contra fatos não há
argumentos e os fatos estavam ali, em nossa frente, em mãos de Eurico,
consolidado incontestavelmente por duas trêmulas, distorcidas e meio desfocadas
fotos que muito representavam.
E tenho dito!
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