FRANCISCO SÁ, MG - RIQUEZAS
NATURAIS I – SERRAS.
Enoque Alves Rodrigues
Muitas foram, até aqui, ás vezes em que ressaltei
em minhas crônicas semanais as belezas naturais de minha Terra. Desnecessário
seria utilizar-me de um bairrismo exacerbado para afirmar sem quaisquer dúvidas
ser o meu berço natal, não obstante seu tamanho diminuto em termos
populacional, um dos mais belos e virtuosos de todo o nosso Estado de Minas
Gerais. Enquanto sua densidade demográfica se estima hoje em pouco menos de 30
mil almas, sua extensão territorial hoje ainda é muito grande, apesar de ter
sido infinitamente maior algumas dezenas de anos atrás quando o Município de
Brejo das Almas ou Francisco Sá, devido seu tamanhão foi fracionado, dando vida
a outros grandes Municípios. Hoje estes Municípios dispõem de uma
infraestrutura igual a de Francisco Sá e suas respectivas rendas per captas,
saneamento básico e condições de vida se assemelham e equiparam inteiramente
aos mesmos do Brejo das Almas.
No entanto, sem delongas, cedemos nossas terras
para que fossem criados estes Municípios, belos, é também bom ressaltar, mas a
Matriz onde se encontra a Terra-mãe destes Municípios, ou seja, o pedaço de
chão que corresponde a Francisco Sá, é, queiram ou não, o mais bonito, pois é o
que reúne as mais lindas e importantes paisagens de nossa região. Sem egoísmo,
abrimos mão de vasta faixa de nosso território. Mas, com galhardia, abraçamos o
que nele havia de mais belo e destes, jamais abriremos mão. Dentro do nosso
Município de Francisco Sá ou Brejo das Almas há ainda nascentes de importantes
rios que banham, além do nosso, outros Municípios, além de muitas outras
pequenas nascentes que dão vida a córregos e riachos também importantes. Sem
mencionar aqui pela simples redundância, das inúmeras lagoas, lagos e brejos
que ainda hoje persistem como se estivessem permanentemente martelando aos
nossos ouvidos suas existências a fim de que não nos esqueçamos, jamais, das
nossas origens. De nossa toponímia. De que assim como a nossa terra, somos
belos.
Falar o que de nossa fauna e de nossa flora? Bem,
sobre isso eu já falei há alguns milhares de crônicas atrás. Que elas são as
mais lindas do Planeta? Você, brejeiro, que assim como eu ai nasceu, mas ao
contrário de mim, ainda vive no Brejo, sabia que na fauna do Brejo das Almas há
espécies de animais e pássaros que não existem em nenhuma outra parte do Mundo?
Que nossa flora é riquíssima em plantas medicinais que só nascem e crescem ai
no Brejo? Pois é. Baba baby.
A título de ilustração do tema que discorro acima, me
apropriarei, em toda a sua íntegra, da obra prima em que consiste o
Relatório-Manografia escrito pelo eminente ex-prefeito Dr. Arthur Jardim de
Castro Gomes, quando de sua prestação de contas, ao deixar a Prefeitura do
Município de Brejo das Almas, depois de ter trabalhado dias e noites
incansavelmente, e exercido com retidão de caráter, lisura, abnegação e esmero,
sua bela e transparente gestão frente aos destinos do Município em épocas hoje
remotas. Aliás, sem querer pender-me para este lado, que, algumas vezes,
frustrado, cutuco, o nosso Município assim como a maioria dos Municípios
Brasileiros em dias atuais ressentem da falta de políticos do quilate do Dr. Arthur
Jardim de Castro Gomes. Os pósteros quiçá premidos por consequências e
circunstancias que não existiam à sua época ou quem sabe, pelas muitas
facilidades que hoje existem em apropriarem-se do que não os pertence, não
conseguiram imitar em igualdade de caráter aquele grande homem.
Diz o Dr. Arthur Jardim de Castro Gomes em seu
lindo e imparcial libelo:
A Serra do Catuni é um planalto
que desce bruscamente, na vertente ocidental, que é a do Verde Grande, de 900 –
1000 metros de altitude média, 700 – 650 na base da elevação e a menos, já na
baixada. Visto daí, seu corte do firmamento é dado por linhas retas niveladas e
rentes como uma amplíssima cremalheira. Esse perfil inesperado é que a torna
singular para o visitante habituado ao tumultuário levantamento de cômoros,
píncaros, e agulhas das cordilheiras litorâneas e das regiões sul-central.
Quem segue pela estrada de
Salinas, e galga a encosta, tem no cimo a surpresa de um tabuleiro que se
desdobra para o nascente, em suas ondulações, e onde farfalham as elegantes
palmeiras de Catolé, batidas pelo vento constante e vivificador do Nordeste...
Mas, também anunciador da seca que, amiúde, crassa nossa linda e paisagística
região. O Brejo das Almas ou Francisco Sá, igual a ti, outro não há, nada mais
é senão um pequeno torrão, encantador e aprazível, encravado no Norte das Minas
Gerais, quase já na divisa com os sertões da Bahia.
Os contrafortes desta serrania
nunca se estendem a mais de uma a duas léguas de seu flanco, para o poente, e
não tem ramificações muito longas no sentido Leste-Oeste.
As maiores são as de Vaca Brava,
Campo Alegre e Barra. Estes contrafortes parecem partir de um centro de
impulsão situado na profundidade da terra, sob a massa dos Gerais, rumo
aproximado ESE, originando as elevações de Sete Passagens, Pilatos, Morro do
Trigo e a serie de montes das cabeceiras do Boa Vista e outros.
Estas elevações secundárias
alcançam uma profundidade para o poente de 18 a 30 quilômetros, em altitudes
crescentes.
Pela maior parte constituem-se de
argila e calcários em lajedos, xistos, cascalhos rolados e com arestas, bancos
normais de quartzo leitoso; e, bombeando cada vez mais o dorso, separando os
“baixos”, em que correm rios temporários, transformam-se depois em chapadas e
tabuleiros cobertos de “carrascos” ou de “catandubas”, como diz o nativo, e até
de caatingas mais férteis que sobem das baixas.
Os imponentes e de beleza sem
igual, contrafortes da Barra, Brejo, Carrapato, Sitio Novo, Masseira, Cana
Brava, Santo André, de SW para NE, são ramificações que não se estendem muito.
Esse caráter pode ser dado a
todos os serros que se erguem esparsos a maior ou menor distância, dentro do
vale, e cujo maior lance é no sentido aproximado da corrente do Rio Verde
Grande, OSO para NNE.
A maioria desses serros termina com a Serra do Catuni, em linhas de cumeadas niveladas e extensas, ficando o seu perfil, no fundo vastíssimo da paisagem descortinados das elevações, como uma sucessão infinita de planaltos e cavaleiros dos vales.
A maioria desses serros termina com a Serra do Catuni, em linhas de cumeadas niveladas e extensas, ficando o seu perfil, no fundo vastíssimo da paisagem descortinados das elevações, como uma sucessão infinita de planaltos e cavaleiros dos vales.
Puxando aqui um pouco a sardinha para a minha
brasa, pois sou pequeno e carente de afagos em meu “ego infantil”, lembro-me de
duas crônicas que escrevi há muito tempo: “A beleza da fauna Brejeira” e “A beleza
da flora Brejeira”, que farão parte do meu próximo livro “O Brejo das Almas em Crônicas”
que sairá pela Editora Livre Expressão. Sinceramente meus queridos
conterrâneos: se hoje eu decidisse parar de escrever, o simples fato de eu ter
escrito estas duas crônicas já me deixaria intelectualmente realizado. Palmilhei
grande parte do chão brejeiro onde tive contato direto com suas belezas
naturais que me deram o embasamento necessário para escrevê-las.
E tenho dito.
Enoque Alves Rodrigues, que vive
em São Paulo, é brejeiro de nascimento e convicção. Atua há mais de 41 anos na
área de Engenharia. É autor do livro “Liderança
Conquistada” temática simples sobre otimismo, liderança e motivação, cuja primeira
edição já está quase esgotada. Colunista, Historiador e divulgador voluntário
de Francisco Sá, Brejo das Almas, Minas Gerais, Brasil. Caso queiram, sigam-me
no twetter: @enoqueal