domingo, 10 de agosto de 2014

EXEMPLOS DE BONS BREJEIROS - PARTE III


 

*Enoque Alves Rodrigues

- Bom dia, irmão Laudelino...

- Deus seja louvado!

- Ontem, à noite, escutei na Rádio Nacional do Rio de Janeiro que o homem desceu na Lua...

- Mentira... Deus não daria tanto poder e inteligência ao homem!

- Foi a Rádio quem disse...

- A Rádio mentiu!

- Acredito que neste ano faremos uma farta colheita...

- Isso sim, é verdade... Deus seja louvado!

- O senhor precisa se juntar a nós durante ás refeições. Há sempre uma cadeira para o senhor...

- Não posso. Não sou digno de tanta reverência. Já lhes dou muito trabalho. Basta as minhas limitações físicas causadas pela velhice que não me permitem colaborar com vossa pessoa e família nos muitos afazeres da casa...

- Não se preocupe irmão. Deus já nos deu mais que o suficiente que é a saúde para que possamos trabalhar com fervor. De nossa parte não nos é nenhum esforço ou favor ampara-lo. Ficaremos agradecidos se pudermos suprir vossas necessidades. Quero que saiba que tudo que temos também lhe pertence...

Pronto... A sorte estava lançada, por que a simples citação do nome do Criador por parte de Liberato, meu avô, já era a senha de acesso a todos os segredos que levavam aqueles dois senhores de barbas brancas a intermináveis conversas que, via de regra, varavam noites.  Não obstante as elevadas culturas de ambos, amealhadas na grande universidade da vida, além de professarem a mesma doutrina, raramente seus pontos de vista se convergiam. Convencionaram entre si, por quais critérios eu jamais soube, só iriam dormir quando finalmente chegassem a um acordo. Enquanto isso não ocorria o céu era o limite. Eu, criança ainda, admirador confesso do meu avô, ficava ali, de plateia, observando tudo aquilo e, na maioria das vezes, torcendo para que eles jamais se entendessem para que eu pudesse solver um pouquinho mais do conhecimento de cada um. Ás vezes eu apostava comigo mesmo... Quem afinal cederia? Quem concordaria com quem? De quem seria a palavra final? Frustro-me confessar, cinquenta anos depois, que eu dificilmente acertava. Os caras eram foda mesmo, e quando um já se considerava vencedor ou detentor da palavra final que encerraria a celeuma, o outro, inesperadamente, “levantava uma questão de ordem qualquer” e, bíblia em punho, com o indicador apontando capítulo e versículo que sustentavam suas afirmativas na dita cuja, começava tudo de novo. Enquanto eu cochilava, dormia e acordava o “embate” corria solto, principalmente nas noites de sextas-feiras por que, como adventistas, não trabalhavam aos sábados, ou seja, o meu avô não trabalhava aos sábados já que Laudelino, como já disse, nunca trabalhava por suas limitações. Era exatamente assim: cada qual se munia de sua bíblia e toda e qualquer discussão, dúvidas e acertos eram elucidados mediante as claras letras do livro sagrado. Fora dele não havia conversa. O diabo é que como acontece ainda em dias atuais, cada um a interpreta á sua maneira o que seria até aceitável, porque difícil e complicado se torna quando um quer convencer o outro de que certa e inquestionável é a sua interpretação. Ai o bicho pega mesmo.

Naquela noite a coisa parecia que ia ferver. Aqueles dois senhores do bem se miravam, de soslaio, como se fossem fulminar o outro.

O tema era “festa das cabanas.”. Se você não é ou nunca foi adventista “quatrocentão” não vai saber do que estou falando. Isso vem do Velho Testamento. É coisa antiga, mas que era costume daquela época já longínqua. Também não vou te explicar por entender subjetivo. O mineirismo é proposital.

Pois é, Laudelino tentava convencer Liberato, meu avô a respeito da origem ou de como, quando e onde começou a primeira festa das cabanas. Dizia Laudelino que foi Abraão no Egito, “um bilhão” de anos antes de Cristo. Já Liberato afirmava categoricamente que quem celebrou essa “p” pela primeira vez foi Moisés, rumo à terra prometida, e que o fez para comemorar as farturas, etc., que data e local jamais poderiam ser as mencionadas por Laudelino por que o tal de Moisés nunca antes pisara aquelas terras. Já de inicio se percebia que aquela noite seria longa. Que o tema seria demasiadamente polêmico e que os dois debatedores não estariam dispostos a cederem. Que não abririam mão de suas minucias em beneficio do outro. Quando minha Dindinha (avó) percebia isto, corria à cozinha e preparava chás, biscoitos, água e leite que deixava sobre a mesa à disposição do marido Liberato e do irmão Laudelino que, envolvidos nas acaloradas discussões nunca tomavam conhecimento daqueles mimos.

Cinco horas da manhã. De tanto molharem o dedo para folhear a bíblia estavam com a boca seca. Mesmo assim não se entregavam. Não se deixavam convencer. Os argumentos eram inconsistentes no entendimento de ambos.

Esgotado apesar de curioso para assistir aquele final, acabei dormindo. Ao me despertar ás 10 horas vi que o meu avô repousava sobre um velho catre que ficava na sala não obstante ser este mobiliário próprio de dormitório, enquanto que o irmão Laudelino dormia, a sono profundo, sobre duas cadeiras à guisa de cama. Frustrado e mais que desiludido por ter “perdido o ultimo ato” perguntei ao meu avô quem havia vencido. E ele, para minha surpresa e felicidade tranquilizou-me: Não se preocupe Noquinho. A peleja ainda não terminou. Combinamos apenas uma trégua a fim de descansarmos um pouco para, quem sabe, liquidarmos esse assunto hoje á noite... O irmão Laudelino é muito sabido, mas um pouco “cabeça dura!”.

- Perdão, meu Deus!... – Exclamou meu avô, dando três tapinhas na boca. – Eu não queria dizer isto!

* O autor é Brejeiro de nascimento.
 

sexta-feira, 25 de julho de 2014

FRANCISCO SÁ E AS REDES SOCIAIS EM SUA DIVULGAÇÃO


FRANCISCO SÁ E AS REDES SOCIAIS EM SUA DIVULGAÇÃO

*Enoque Alves Rodrigues

De 2004 até 2009 mantive dois blogs hospedados em sites da Editora Abril, aqui em São Paulo, hoje desativados. No primeiro, denominado “Isto é Espiritismo”, repercutia, sem proselitismos, a Doutrina Espírita disseminada por Kardec, na França, em 1854. Já no outro blog, “Gente, Causos e Coisas do Brejo”, divulgava Francisco Sá, o querido Brejo das Almas. Nele escrevia minhas crônicas quinzenais, hoje vertidas para o livro, “O Brejo das Almas em Crônicas.”.

Quando em 2009 a Abril extinguiu aqueles sites após tê-los mantido por quase cinco anos no ar, jaziam, no registrador de visitas do blog “Gente, Causos e Coisas do Brejo”, para minha total surpresa e decepção, apenas e tão somente a bagatela de 212 acessos. Uma ninharia, suficiente para desmotivar qualquer mortal que se propõe a escrever algo. Pois, o mínimo que alguém que se atreve a escrever alguma coisa, despretensiosamente, espera, é que outros leem e, se possível, comentem o que se escreveu. Aliás, entendo que faz parte de uma boa educação, manifestarmos através de um simples recado ou comentário, toda vez que acessarmos a página de alguém. É uma maneira de dizermos: “Olá, estive aqui. Visitei sua página rapidamente. Um abraço. Fui!”.

 No caso em tela, seria muito de minha parte desejar que alguém comentasse, visto que ninguém lia, porque ninguém acessava. O pior, no entanto, já havia ocorrido. Em 2006, criei no Orkut duas comunidades que ainda existem: “Alô Brejeiro!” e “Francisco Sá, Meu Amor!”. Pois é... Fiasco total. Até hoje o único acesso que consta lá é o meu próprio. Para a pergunta que postei: “você conhece Francisco Sá?” Nenhuma resposta. Ou melhor, uma resposta. A minha: conheço, sim, senhor. E daí, qual é o problema, cara pálida? Triste, não! Mas é a realidade. Minha filha, que naquele tempo frequentava o Orkut, tinha em sua página, inúmeros adicionados, enquanto eu não tinha um sequer em minhas páginas comunidades.

- Filha, quando é que você vai prestigiar o papai com  sua visita a uma de minhas páginas no Orkut?

- Pai, me desculpe, mas com esses títulos estranhos vai ser muito difícil alguém se aventurar. Acho que estas páginas não terão nenhum outro acesso senão o do senhor! Dito e feito. Ainda bem que eu não escrevi mais nada lá. Alias, nem eu sei hoje o que lá se encontra. Nunca mais entrei naquela joça. Só atualizo a minha página pessoal no Orkut por que não posso desativa-la devido ter lá adicionados alguns amigos. Que o Orkut com sua morte anunciada para agosto ou setembro de 2014 se encarregue de extingui-las.

Em maio de 2009 ao visitar meus pais em Burarama, passei, anonimamente, um dia e uma noite no Brejo. Ao retornar para São Paulo iniciei pelo site, “City Brasil”, alguns relatos de pouca relevância sobre Francisco Sá. Hoje este blog se encontra com quase 340 mil acessos. Além dos outros blogs que mantenho alusivos ao Brejo, criados na mesma época, todos eles muito bem frequentados e comentados.

Mesmo com todas as postagens as quais me referi no inicio destas mal traçadas linhas, em 2008, se você jogasse no Google “Francisco Sá”, o resultado da pesquisa trazia um certo Francisco Sá Carneiro, que até hoje não sei quem é. Pois, por não se tratar do meu Francisco Sá, Cidadezinha que se achava perdida nos rincões das Gerais, terra abençoada por Deus que me viu nascer, nenhum outro interesse teria eu em pesquisar ou procurar saber a quem se referia. Por certo, pelo simples fato de esse senhor ostentar o mesmo nome do Ministro da Viação que dá nome ao nosso lugar, já deve ser um grande motivo para fruir de toda felicidade e sucesso. Por favor, não me chamem de bairrista, “porque eu sou”.

No velho Orkut que hoje agoniza, passaram a criar, aqui e acolá, algumas comunidades alusivas ao Brejo das Almas. Nada disso, no entanto, foi suficiente para romper as barreiras virtuais que separavam o nosso Brejo das Almas ou Francisco Sá do mundo incomensurável do WWW (World Wide Web), que em português significa "Rede de alcance mundial". A coisa não engatava ou talvez porque o Brejo não queria “ser alcançado” ou quem sabe, ainda, algum brejeiro, sem querer dividi-lo com o mundo, havia enterrado uma cabeça de jumento aos pés do cruzeiro.

Hoje, no entanto, graças aos esforços e dedicação de todo o nosso povo, a coisa mudou radicalmente. Se você digitar “Francisco Sá”, receberá de volta uma grande enxurrada de referências sobre a nossa Cidade. Com o advento do facebook e twitter, então, as comunicações ganharam muito mais velocidade. Ferramentas poderosíssimas que entre suas incontáveis funções colocam vários indivíduos online, repercutindo, ao mesmo tempo assuntos, ás vezes de pouca importância aparente, mas que, lá no fundo, ao se analisar melhor, se constata, surpreendentemente, que a principal missão dos idealizadores de tais ferramentas está sendo cumprida ao pé da letra: aglutinar pessoas, aproximando-as cada vez mais uma das outras. Transportando-as para as diversas partes do Orbe sem que precisem tirar um só pé do chão. De deslumbramento comedido, uma vez que encaro tudo na vida com naturalidade, deparo-me hoje com as facilidades que não existiam antanho. No Oriente Médio abro um simples computador de mão em meio a uma rua qualquer de Bagdá e de lá meus olhos veem a desfilarem-se no canto direito da pequena tela, “tops” ou curtas mensagens me informando que alguém, em um ponto qualquer do Planeta, curtiu ou comentou o meu link. Que há alguém querendo me adicionar a fim de ter-me como seu novo amigo. Com dois cliques sobre um link e em átimos de segundos estou dentro do Brejo. Volto para o facebook e os “tops” continuam me informando: Que o Brejo agora tem um Centro de Memórias. Que voltou a produzir alho como antes. Que as onças do Catuní voltaram a atacar rês. Que lá em “Capivara” a dita cuja que dá nome ao povoado foi extinta. Que no morro não há mais mocós. Que dos dois riachos só ficou um. Que o uivo dos ventos que varriam as ruas do Brejo emudeceu. Que as águas do Gorutuba e São Domingos estão secando. Que Lagoa Seca transbordou-se. Que a Vaca Morta acaba de ressuscitar, etc. Com o deslizar do mouse sou remetido a fotos antigas dos Padres Augusto, Silvestre e Salustiano, da Casa Viena, do Mercado Velho, do Cel. Tito, de Feliciano, filho de Lauro, de Denilson criança, de Karla Celene, neta de Edith e Antonio, de Wanderlino, em tarde de autógrafos na bela MOC, etc. Com mais dois cliques vejo e ouço um conterrâneo vereador, ao vivo e em cores, aos berros, em acalorado discurso na Câmara Brejeira, em defesa de Munícipes menos favorecidos. Dois cliques mais e sou transportado para o mais completo e bem elaborado jornal regional. Trata-se de “O Jornal de Francisco Sá”, do amigo Flávio Leão. Aqui, sem que seja necessário que eu dê qualquer clique, mas apenas com a barra de rolagem, vejo-me, como que por encanto, literalmente no Paraiso. Em meio a beldades, formosas mulheres, com olhares ternos e inocentes de quem acaba de deixar a adolescência, dignas representantes da mais pura “beleza brejeira”. Estou extasiado. Não... Não vou mais navegar... Navegar não é mais preciso. Quem gostava de navegar era o Cabral e nós sabemos aonde ele foi parar. Perdeu-se pelos caminhos “tortuosos” das índias e acabou “dando” aqui. Quanto a mim, cheguei, finalmente, ao meu Porto Seguro que é este céu e estou rodeado por anjos e divas sob intensos cafunés. Daqui não saio. Daqui ninguém me tira. Não mais desperdiçarei o meu precioso tempo com agenda apertada, compromissos inadiáveis, cálculos matemáticos precisos e outras preocupações naturais de vocês terráqueos. E que o sol da minha vida e razão maior do meu existir, a dona Teresa, não me leia. Amém!

Voltando à realidade atual podemos afirmar com toda convicção que mesmo a passos lentos, ciberneticamente falando, Francisco Sá, o nosso Brejo das Almas, hoje é conhecido no Mundo. Quanto aos méritos, são de todos nós, seus filhos, que sempre nos orgulhamos em levar adiante a sua divulgação.

Valeu peixe!

*O autor nasceu em Francisco Sá, Brejo das Almas, Minas Gerais, Brasil.


domingo, 13 de julho de 2014

FRANCISCO SÁ E AS REDES SOCIAIS EM SUA DIVULGAÇÃO


FRANCISCO SÁ E AS REDES SOCIAIS EM SUA DIVULGAÇÃO

*Enoque Alves Rodrigues

De 2004 até 2009 mantive dois blogs hospedados em sites da Editora Abril, aqui em São Paulo, hoje desativados. No primeiro, denominado “Isto é Espiritismo”, repercutia, sem proselitismos, a Doutrina Espírita disseminada por Kardec, na França, em 1854. Já no outro blog, “Gente, Causos e Coisas do Brejo”, divulgava Francisco Sá, o querido Brejo das Almas. Nele escrevia minhas crônicas quinzenais, hoje vertidas para o livro, “O Brejo das Almas em Crônicas.”.

Quando em 2009 a Abril extinguiu aqueles sites após tê-los mantido por quase cinco anos no ar, jaziam, no registrador de visitas do blog “Gente, Causos e Coisas do Brejo”, para minha total surpresa e decepção, apenas e tão somente a bagatela de 212 acessos. Uma ninharia, suficiente para desmotivar qualquer mortal que se propõe a escrever algo. Pois, o mínimo que alguém que se atreve a escrever alguma coisa, despretensiosamente, espera, é que outros leem e, se possível, comentem o que se escreveu. Aliás, entendo que faz parte de uma boa educação, manifestarmos através de um simples recado ou comentário, toda vez que acessarmos a página de alguém. É uma maneira de dizermos: “Olá, estive aqui. Visitei sua página rapidamente. Um abraço. Fui!”.

 No caso em tela, seria muito de minha parte desejar que alguém comentasse, visto que ninguém lia, porque ninguém acessava. O pior, no entanto, já havia ocorrido. Em 2006, criei no Orkut duas comunidades que ainda existem: “Alô Brejeiro!” e “Francisco Sá, Meu Amor!”. Pois é... Fiasco total. Até hoje o único acesso que consta lá é o meu próprio. Para a pergunta que postei: “você conhece Francisco Sá?” Nenhuma resposta. Ou melhor, uma resposta. A minha: conheço, sim, senhor. E daí, qual é o problema, cara pálida? Triste, não! Mas é a realidade. Minha filha, que naquele tempo frequentava o Orkut, tinha em sua página, inúmeros adicionados, enquanto eu não tinha um sequer em minhas páginas comunidades.

- Filha, quando é que você vai prestigiar o papai com  sua visita a uma de minhas páginas no Orkut?

- Pai, me desculpe, mas com esses títulos estranhos vai ser muito difícil alguém se aventurar. Acho que estas páginas não terão nenhum outro acesso senão o do senhor! Dito e feito. Ainda bem que eu não escrevi mais nada lá. Alias, nem eu sei hoje o que lá se encontra. Nunca mais entrei naquela joça. Só atualizo a minha página pessoal no Orkut por que não posso desativa-la devido ter lá adicionados alguns amigos. Que o Orkut com sua morte anunciada para agosto ou setembro de 2014 se encarregue de extingui-las.

Em maio de 2009 ao visitar meus pais em Burarama, passei, anonimamente, um dia e uma noite no Brejo. Ao retornar para São Paulo iniciei pelo site, “City Brasil”, alguns relatos de pouca relevância sobre Francisco Sá. Hoje este blog se encontra com quase 340 mil acessos. Além dos outros blogs que mantenho alusivos ao Brejo, criados na mesma época, todos eles muito bem frequentados e comentados.

Mesmo com todas as postagens as quais me referi no inicio destas mal traçadas linhas, em 2008, se você jogasse no Google “Francisco Sá”, o resultado da pesquisa trazia um certo Francisco Sá Carneiro, que até hoje não sei quem é. Pois, por não se tratar do meu Francisco Sá, Cidadezinha que se achava perdida nos rincões das Gerais, terra abençoada por Deus que me viu nascer, nenhum outro interesse teria eu em pesquisar ou procurar saber a quem se referia. Por certo, pelo simples fato de esse senhor ostentar o mesmo nome do Ministro da Viação que dá nome ao nosso lugar, já deve ser um grande motivo para fruir de toda felicidade e sucesso. Por favor, não me chamem de bairrista, “porque eu sou”.

No velho Orkut que hoje agoniza, passaram a criar, aqui e acolá, algumas comunidades alusivas ao Brejo das Almas. Nada disso, no entanto, foi suficiente para romper as barreiras virtuais que separavam o nosso Brejo das Almas ou Francisco Sá do mundo incomensurável do WWW (World Wide Web), que em português significa "Rede de alcance mundial". A coisa não engatava ou talvez porque o Brejo não queria “ser alcançado” ou quem sabe, ainda, algum brejeiro, sem querer dividi-lo com o mundo, havia enterrado uma cabeça de jumento aos pés do cruzeiro.

Hoje, no entanto, graças aos esforços e dedicação de todo o nosso povo, a coisa mudou radicalmente. Se você digitar “Francisco Sá”, receberá de volta uma grande enxurrada de referências sobre a nossa Cidade. Com o advento do facebook e twitter, então, as comunicações ganharam muito mais velocidade. Ferramentas poderosíssimas que entre suas incontáveis funções colocam vários indivíduos online, repercutindo, ao mesmo tempo assuntos, ás vezes de pouca importância aparente, mas que, lá no fundo, ao se analisar melhor, se constata, surpreendentemente, que a principal missão dos idealizadores de tais ferramentas está sendo cumprida ao pé da letra: aglutinar pessoas, aproximando-as cada vez mais uma das outras. Transportando-as para as diversas partes do Orbe sem que precisem tirar um só pé do chão. De deslumbramento comedido, uma vez que encaro tudo na vida com naturalidade, deparo-me hoje com as facilidades que não existiam antanho. No Oriente Médio abro um simples computador de mão em meio a uma rua qualquer de Bagdá e de lá meus olhos veem a desfilarem-se no canto direito da pequena tela, “tops” ou curtas mensagens me informando que alguém, em um ponto qualquer do Planeta, curtiu ou comentou o meu link. Que há alguém querendo me adicionar a fim de ter-me como seu novo amigo. Com dois cliques sobre um link e em átimos de segundos estou dentro do Brejo. Volto para o facebook e os “tops” continuam me informando: Que o Brejo agora tem um Centro de Memórias. Que voltou a produzir alho como antes. Que as onças do Catuní voltaram a atacar rês. Que lá em “Capivara” a dita cuja que dá nome ao povoado foi extinta. Que no morro não há mais mocós. Que dos dois riachos só ficou um. Que o uivo dos ventos que varriam as ruas do Brejo emudeceu. Que as águas do Gorutuba e São Domingos estão secando. Que Lagoa Seca transbordou-se. Que a Vaca Morta acaba de ressuscitar, etc. Com o deslizar do mouse sou remetido a fotos antigas dos Padres Augusto, Silvestre e Salustiano, da Casa Viena, do Mercado Velho, do Cel. Tito, de Feliciano, filho de Lauro, de Denilson criança, de Karla Celene, neta de Edith e Antonio, de Wanderlino, em tarde de autógrafos na bela MOC, etc. Com mais dois cliques vejo e ouço um conterrâneo vereador, ao vivo e em cores, aos berros, em acalorado discurso na Câmara Brejeira, em defesa de Munícipes menos favorecidos. Dois cliques mais e sou transportado para o mais completo e bem elaborado jornal regional. Trata-se de “O Jornal de Francisco Sá”, do amigo Flávio Leão. Aqui, sem que seja necessário que eu dê qualquer clique, mas apenas com a barra de rolagem, vejo-me, como que por encanto, literalmente no Paraiso. Em meio a beldades, formosas mulheres, com olhares ternos e inocentes de quem acaba de deixar a adolescência, dignas representantes da mais pura “beleza brejeira”. Estou extasiado. Não... Não vou mais navegar... Navegar não é mais preciso. Quem gostava de navegar era o Cabral e nós sabemos aonde ele foi parar. Perdeu-se pelos caminhos “tortuosos” das índias e acabou “dando” aqui. Quanto a mim, cheguei, finalmente, ao meu Porto Seguro que é este céu e estou rodeado por anjos e divas sob intensos cafunés. Daqui não saio. Daqui ninguém me tira. Não mais desperdiçarei o meu precioso tempo com agenda apertada, compromissos inadiáveis, cálculos matemáticos precisos e outras preocupações naturais de vocês terráqueos. E que o sol da minha vida e razão maior do meu existir, a dona Teresa, não me leia. Amém!

Voltando à realidade atual podemos afirmar com toda convicção que mesmo a passos lentos, ciberneticamente falando, Francisco Sá, o nosso Brejo das Almas, hoje é conhecido no Mundo. Quanto aos méritos, são de todos nós, seus filhos, que sempre nos orgulhamos em levar adiante a sua divulgação.

Valeu peixe!

*O autor nasceu em Francisco Sá, Brejo das Almas, Minas Gerais, Brasil.
 

terça-feira, 1 de julho de 2014

EXEMPLOS DE BONS BREJEIROS - PARTE II

Exemplos de Bons Brejeiros – Parte II

*Enoque Alves Rodrigues

Quando Laudelino, o forasteiro, finalizou o culto que ele por iniciativa própria não obstante ser um recém-chegado àquelas paragens celebrou, o meu saudoso avô, sábio e tranquilo como sempre, reuniu-se com a filharada informando a todos que por “motivos alheios a sua vontade” naquele dia ele não faria o culto matinal. Que todos deveriam permanecer atentos para novas recomendações. Que teria de avaliar melhor as circunstâncias que se apresentavam naquele momento para depois fazer o seu juízo de valor e comunicação oficial a respeito dos próximos passos. Que ele, enquanto condutor daquela família, se retiraria por algumas horas quando retornaria com a decisão que todos aguardavam. Lembro-me como se fosse hoje do olhar de minha tia Nira, primogênita de meu avô a quem idolatrava. Corpo vergado e mãos sobrepostas em posição de ternura e reverência a figura imaculada do pai, aproximou-se do mesmo, e delicadamente disse-lhe:

- Perdoe-me, meu pai, se lhe pareço inoportuna, mas, por favor, se me permite gostaria de vos fazer uma pergunta. É possível?

- Claro, minha filha, como não? Do que se trata?

- Jamais deixamos de ter o culto matinal antes de nos dirigirmos ao trabalho. Não consigo entender por quais razões vamos interromper as tradições de nossa doutrina apenas por que um estranho sobre o qual jamais escutamos falar fez aqui, sem a vossa autorização e consentimento, um culto onde pregou para si mesmo sem a presença sequer de uma vivalma.

- Minha filha, - respondeu-lhe meu avô -, o irmão Laudelino, imbuído das melhores intenções fez seu culto onde estava aparentemente só aos nossos olhos. No decorrer desse culto percebi que ele ao passar a palavra para alguns “irmãos invisíveis” darem seus testemunhos, ele próprio permanecia em silêncio olhando atentamente para algo que eu não conseguia ver, mas que ele certamente os via e ouvia, devido à eloquência com que ele os aparteava, assim como os agradecia por tão importantes palavras. Com fundamento nos ensinamentos de Deus e na doutrina que professamos a qual eu sempre lhes transmiti, não devemos acreditar em “coisas” que não estejam inteiramente ao alcance de nossas vistas. É por isto que vou me retirar por alguns instantes para ver que decisão tomar a respeito desse nosso irmão. Espere com paciência. Permaneça vigilante...

Ao meio dia em ponto o meu avô retornou ao casarão da fazenda. Olhar tranquilo e sereno. Feição suavíssima que não deixava dúvida quanto á segurança e firmeza da decisão que tomara.

Com palavras simples, mas, comedidas, proferidas em um só tom, baixas e pausadas como é o costume arraigado em nossas tradições Mineiras, pediu que minha santa Dindinha, (avó) sua adorada esposa, lhe desse um pedaço de cuscuz acompanhado de um bule de alumínio cheio de café de fedegoso (os adventistas daqueles tempos não tomavam café por entendê-lo tóxico). De posse daquelas iguarias dirigiu-se ao casebre adjacente onde estava Laudelino a pouco mais de vinte e quatro horas aonde, como se velhos amigos fossem, conversaram na mais perfeita harmonia que se assemelhava a um diálogo de anjos. Por ser eu criança, extremamente apegado ao meu avô, nenhuma restrição fez quanto a minha presença ali.

Liberato, o meu avô, após saudar Laudelino, o forasteiro, ofereceu-lhe o café com cuscuz. Este, agradecido, desculpou-se com meu avô por não poder aceitar os alimentos informando que se achava em jejum por uma graça obtida. Diante disso o meu avô, calmamente, começou a falar-lhe sobre o assunto que o levara até aquele local. Eu, pasmo, só observava. Nada podia falar. Até por que eu nada entendia.

- Gostei muito do culto que o irmão fez hoje de manhã!

- Deus seja louvado, - respondeu Laudelino. - Observamos vossa presença. Os “irmãos” estavam muito felizes com a acolhida que nos destes.

- É um prazer “tê-los” em nossa casa!

- Então, eu posso continuar recebendo os “irmãos” nos cultos que eu realizar aqui?

- Pode. Claro. Como não? Como eu já vos disse, fique a vontade!

- Apenas precisamos combinar uma coisa: Refere-se aos horários dos cultos. Como eu saio para trabalhar com meus filhos todos os dias ás seis horas da manhã, gostaria claro, se o irmão concordar, que eu realizasse o meu culto para os meus familiares ás cinco horas com a duração de trinta minutos, pois vou necessitar de mais trinta minutos para o desjejum... Pode ser? Depois disto vossa pessoa poderá realizar o vosso culto na hora que melhor lhe aprouver, inclusive terá melhor horário para receber e conversar com vossos “irmãos!”.

- Laudelino não era um sujeito comum. Ele era um ser de luz de marca maior. Chegou aqueles cafundós com uma missão muito especial. Mesmo tendo depois se revelado a pessoa que ele realmente era e que jazia natural e humildemente por debaixo daquela sofrida carcaça, foi difícil ao velho Laudelino suportar tamanha carga de simplicidade, desprendimento, tolerância, cordialidade e fraternal demonstração inequívoca de amor ao próximo de um matuto como o meu avô que jamais antes saíra de sua fazenda a não ser para ir ao Centro do Brejo das Almas, ou Francisco Sá, onde vendia suas colheitas.

Meio desconcertado, Laudelino, sinônimo de todas essas virtudes só restou exclamar:
- Meu Deus! O que é isto, meu irmão?

- Como é possível o senhor me pedir licença para demandar o que é vosso? O forasteiro aqui sou eu! Cheguei ás suas terras sem avisar. Mesmo assim fui recebido. Fiz um culto onde recebi os meus “irmãos” ás cinco da manhã acordando a todos e mesmo assim o senhor vem até mim com todo esse respeito e solicitude?

Ao passo que meu avô lhe respondeu:

- Não sou o verdadeiro dono dessas terras ou dessa fazenda. Apenas possuo os títulos por que cheguei primeiro e as comprei de outro que também não era o dono como dono não foram nenhum dos que por aqui passaram. O verdadeiro Dono disto aqui é o Dono do Mundo. É Deus. Sendo assim, ainda que fosse da minha vontade eu não poderia negar a ninguém o direito a um pouso por curto ou prolongado que seja!

 Laudelino agradeceu e a partir dali uma grande parceria se formou.

Nos próximos capítulos dessa verídica história vamos encontrar esses dois gigantes do bem se debatendo entre si no campo das ideias.

E quais eram essas ideias?

Como o Cristão de verdade deve se comportar para tornar a vida de seu semelhante um pouco melhor.

Até a próxima, Brejeiros. Fraternal abraço.

* O autor é Brejeiro de nascimento
Foto de Francisco Sá, Brejo das Almas - Atrás destas serras se localizava a Fazenda de meu avô

sábado, 24 de maio de 2014

EXEMPLOS DE BONS BREJEIROS - PARTE I



Exemplos de  Bons Brejeiros – Parte I

*Enoque Alves Rodrigues

Quando criança passava minhas férias Escolares na Fazenda Terra Branca, no Município do Brejo das Almas ou Francisco Sá, próximo ao morro da masseira, de propriedade de meu saudoso avô Liberato ou João Albério Rodrigues.

Adventista, vegetariano e Sabatista, denominação esta atribuída aqueles que guardam o Sábado. Lembro-me que o casarão daquela Fazenda que ficava ao norte de Minas Gerais era todo rodeado de pequeninas casas onde residiam alguns colaboradores serviçais além de outros parentes, próximos ou distantes, que meu avô socorria, levando-os para morar ali, onde participavam dos cultos assim como de toda liberdade na casa como se familiares também fossem. Naquela fazenda cortada por caudaloso rio, além da criação de gado leiteiro mantinha o cultivo de todo tipo de cultura, além de um grande canavial que quando era tempo da colheita o Engenho de madeira puxado por duas trelas de bois gemia dia e noite meses a fio, na fabricação de rapadura, melado e puxa. Que gostoso.

Minha diversão era cavalgar sobre um velho pangaré que de vez em quando cismava e me atirava ao chão saindo em desabalada carreira, deixando-me sozinho naquelas quebradas no mais completo abandono.

Certa manhã quando o meu avô tirava o leite das vacas vi, ao longe, descendo a serra por uma picada que ficava em frente á Fazenda, trôpego e cansado, um senhor alto, de idade avançada, com barbas brancas, que ao postar-se diante de nós apresentou-se:

- Bom dia, eu sou o Laudelino...

- Que o Senhor esteja nesta casa! Saudou-nos.

- Amém, assim seja irmão. Seja bem-vindo em nome de Jesus! Respondeu-lhe o meu avô.

Lembro-me, que jamais saia de perto do meu avô, que eu estava com uma cuia tomando o leite quentinho que ele acabava de tirar, misturado com farinha de milho e rapadura raspada. O meu avô não conhecia Laudelino, mas ao escutar sua saudação de chegada foi logo dizendo para mim: não se assuste Noquinho, é um irmão da Igreja.

- Preciso de um “poiso” por esta noite. Necessito descansar para seguir viagem!

- É um prazer, em nome de Deus, recebe-lo, irmão, em nossa humilde casa. Sinta-se a vontade!

- Amém!

A família que o meu avô constituiu era numerosa.  Era composta por ele, minha avó, sete filhas mulheres, sendo uma casada à época (tia Cota) e seis solteiras, além de três homens sendo o meu pai o mais velho.

Os adventistas daqueles tempos eram bem mais rígidos por que tinham toda a sua Doutrina fundamentada no Velho Testamento. A denominação seguida por meu avô e sua família era a do (movimento de reformas que depois passou a chamar-se da completa reforma.). O meu avô, já velho, ao levantar-se todos os dias, passava em frente aos dormitórios de todas as filhas e filhos batendo nas portas, e antes de sair para o batente duro realizava um culto matinal ás 6 horas onde todos tinham de participar. Ele sempre se postava na cabeceira da mesa e após entoar hinos punha-se a leitura da Bíblia. Apenas ele como o chefe daquela família tinha aquela primazia. A ninguém mais, nem mesmo ao filho mais velho era permitido assumir a posição de destaque do meu avô na direção do culto e na cabeceira da mesa. Naquela manhã, por volta das cinco horas, no entanto, algo de muito inusitado estava acontecendo naquela “jurisdição disciplinada de quartel.”.  Pois antes que meu querido avô se levantasse, já podia escutar lá fora cânticos de louvores e alguém a tilintar uma velha enxada convidando os moradores daquela imensa casa a acompanha-lo no culto que faria. Era o velho Laudelino, o forasteiro, recém- chegado àquelas plagas. Observador que sempre fui, Recordo-me, ainda hoje das feições de meu avô naquele episódio inesperado. Seus aposentos ficavam na parte de cima da casa e da janela pode observar esta cena: Laudelino, que tinha a mesma idade (73) anos e feição de meu avô, inclusive a mesma barba longa e branca, própria dos adventistas de antanho, havia montado uma mesa na frente da casa sobre a qual tinha sua Bíblia e na cabeceira assentou-se iniciando ali o culto. Em meio ao culto Laudelino, como se estivesse rodeado de uma multidão de pessoas presentes, passava a palavra para alguns que depois de “darem seus respectivos testemunhos” devolviam-na ao dirigente Laudelino que agora, ou seja, quarenta minutos depois finalizava o culto. Enquanto isto o meu avô, calmo como sempre foi, assistia a tudo aquilo de sua janela, tranquilo e sereno e, passivamente, como era de seu costume, sorrindo, deslizando a mão pela sua bem cuidada barba e a cada refrão de Glória a Deus de Laudelino lá embaixo meu avô respondia lá de cima em sua janela: Aleluia, amém, irmão!

Curioso, passei a matutar em meu cantinho.

Para quem, diabos, Laudelino estava pregando? Quem eram aqueles seres invisíveis a quem ele concedia a palavra? Por que eu não os via? Eram eles realmente verdadeiros? De carne e osso?

E agora? O que aconteceria depois de Laudelino terminar o culto? O meu avô faria outro culto ou “validaria” o culto de Laudelino?

De onde veio Laudelino? Quem era ele? O que pretendia ele ali naquela localidade? Foi enviado por alguém? Continuaria por lá?

Quem, finalmente, se revelaria por debaixo daquela velha carcaça? Uma pessoa de boa ou má índole? Por quanto tempo o meu amado avô o toleraria?

A que se dedicaria ali? Sim, por que não obstante ele ter a mesma idade de meu avô, em termos de condicionamento e força física não o assemelhava em nada. Estava demasiado gasto e até mesmo para dar um passo manquitolava.

Trabalhador incansável que sempre foi o meu avô, será que ele o manteria ali em sua fazenda sem condições para o trabalho?

É o que veremos no desenrolar dessa verídica história de minha infância.

Até a próxima, Brejeiros. Fraternal abraço.

* O autor é Brejeiro de nascimento.
Brejo das Almas e Adjacências - Atrás destes morros ficava a Fazenda Terra Branca - Propriedade de meu avô

quarta-feira, 23 de abril de 2014

BREJO DAS ALMAS - LINDO E LIMPO


Brejo das Almas – Lindo e Limpo!
*Enoque Alves Rodrigues
 
Recentemente, ou precisamente, anteontem, 20/04/2014, minha filha Letícia esteve de passeio por Francisco Sá, nosso querido Brejo das Almas. Acompanhavam-lhe os nossos familiares de Montes Claros e Capitão Enéas. Conhecedora do meu amor e devoção pelo Brejo, eufórica, toda feliz, ligou-me, de lá, a fim de me informar á respeito das novidades da Terra querida “que me viu nascer.”.  Ao seu retorno á São Paulo, ratificou, detalhadamente, todas as belezas que presenciou. Devido não ser esta a primeira vez em que ela visita o Brejo, por que lá já esteve comigo em outras ocasiões, quando nos deparamos com um Brejo das Almas esquecido pela gestão anterior, em pandarecos, pois a impressão que tivemos era de uma Pompéia pós Vesúvio cujas erupções a transformara em ruinas, com ruas e praças esburacadas e imundas tomadas pelo lixo, com sujeiras por todos os lados, prédios de autarquias municipais caindo aos pedaços, esmoleres abandonados ao léu como se farrapos humanos fossem etc., possui todas as qualidades para tecer, com isenção, comparativas entre o antes e o depois que é o momento atual.
 
Pois é, Brejeiros.
Primeiramente quero ressaltar, que é possível que alguns de vocês que vivem e respiram cotidianamente os ares desta nossa Cidade não tenham percebido o quanto ela mudou para melhor. É próprio de alguns seres humanos que o condicionamento ao qual estamos afetos e inseridos em determinado contexto da vida nos tornem ás vezes insensíveis a certas mudanças que ocorrem ao nosso redor, por mais significativas e radicais que elas sejam, quer positivas ou negativamente. Aliás, principalmente, se elas forem positivas, por que a maioria de nós está predisposta, queiramos ou não, a ver somente o lado negativo das coisas a fim de poder justificar nossas críticas, muitas vezes, ou quiçá, quase sempre, destrutivas embasadas que estão em nosso próprio egoísmo e fraqueza. Costumo dizer que não há crítica destrutiva. Que toda crítica é construtiva. Mas, toda vez que insistimos em não querer ver, ouvir e sentir o lado positivo das coisas e pessoas, não obstante as evidências que as compõem e fundamentam saltarem-se à nossa frente, todas e quaisquer críticas tornam-se destrutivas e o que é pior, entorpecem, em definitivo, a mente e os olhos, qual cegueira, privando-nos de visualizar, com todo prazer, o lado bom da vida.
 
E o que viu Letícia no Brejo das Almas desta vez? Lembrando que ela não esteve só no Centro. Visitou também alguns bairros.

Pois não. Vou sintetizar.
Viu, entusiasmada, um Brejo das Almas muito mais bonito e hospitaleiro que chega a convidar o forasteiro à nele permanecer, por, pelo menos, uma noite.  Uma Cidade atrativa de visual novo, com gente ordeira, bonita e saudável a transitar por suas ruas e praças, limpas e arborizadas. Lixeiras colocadas estrategicamente onde o Brejeiro civilizadamente deposita o seu lixo. Prédios reformados ou em obras. Localidades antes íngremes e esburacadas passaram por terraplenagem e asfalto. Ao longe, no alto, iluminado, o Cristo Redentor Brejeiro, com os seus braços abertos saudando a todas as almas encarnadas ou desencarnadas que chegam ou passam belo Brejo. E o mirante com sua visão de trezentos e sessenta graus de onde a Cidade pode ser observada? Que maravilha. Que colosso. Como o meu Brejo das Almas que tantas inspirações me trazem está se modificando. As afirmações de Letícia, minha filha, evidenciadas por uma infinidade de fotos e vídeos feitos, orgulhosa e exclusivamente para o paizão Brejeiro aqui, não deixam dúvidas: o choque de gestão sobre o qual este profeta “de araque” que vos fala havia vaticinado há algum tempo, quando disse que o Brejo das Almas ou Francisco Sá, passaria por grandes modificações, está se cumprindo. Os homens de boa vontade, entre uma dificuldade e outra, estão á postos, trabalhando por uma Cidade cada vez melhor. Talvez, quem sabe, o que outrora nos parecia inatingível ou utópico não esteja tão longe assim. Mesmo com os inúmeros obstáculos e “lombadas” de ultima hora, colocadas, propositadamente, sem prévio aviso, por gestões passadas, no meio do caminho, a Cidade que todos nós ansiosamente queremos e merecemos está surgindo diante dos nossos olhos de ver.
 
Basta seguirmos acreditando e, se possível, colaborando, substancialmente, com aquilo que esteja ao nosso alcance. Na impossibilidade de contribuir, que, pelo menos, fechemos os nossos olhos de ver e ouvidos de ouvir, às críticas destrutivas de alguns adeptos do quanto pior, melhor. Daqueles que pouco ou nada produzem além de palavras de pessimismo a guisa de ponto de vista fundamentado em suas próprias derrotas, misérias e investidas infrutíferas. Ou melhor, dizendo, daqueles que querem mais é que o mundo se acabe em barranco para morrerem encostados.
Muito em breve, pessoalmente, os meus olhinhos castanhos estarão conferindo, alegremente, estas mudanças, caminhando que estarei, anonimamente, por estas ruas e praças, no meio do meu povo Brejeiro.
 
É...
Por vezes, ou quase sempre, é quando fechamos os olhos para as pequenas ou grandes realizações da vida, é que morremos para os homens, para o mundo e para Deus.
 
Ou eu estou errado!
E tenho dito.
 
*Enoque Alves Rodrigues, nasceu no Brejo das Almas.
 

sexta-feira, 18 de abril de 2014

FELIZ PÁSCOA, BREJEIROS - O BREJO DAS ALMAS EM CRÔNICAS ESTÁ CHEGANDO!


*Enoque Alves Rodrigues

Feliz Páscoa, Brejeiros.

Neste momento muito especial em que todos nós estamos com os corações voltados para o Símbolo Maior da Páscoa, Jesus, quero desejar a todos vocês, Brejeiro ou não, mas frequentador deste meu BLOG toda felicidade do Mundo. Que todas as suas expectativas se cumpram. Que a verdadeira simbologia da Páscoa se materialize em vossa vida. Que a paz, saúde e prosperidade jamais lhes faltem.




O Brejo das Almas Em Crônicas.

O meu livro “O Brejo das Almas em Crônicas” composto de 302 páginas onde estão elencadas quarenta e seis histórias do antigo Brejo das Almas e de seus personagens que marcaram época, será lançado aqui em São Paulo no próximo mês de Junho/2014.

No ano passado eu havia solicitado à Municipalidade do Brejo a gentileza de me enviar lista com indicações de nomes de instituições públicas, como escolas, bibliotecas e outras entidades de interesse do Município para que eu encaminhasse, gratuitamente, alguns exemplares do meu livro “O Brejo das Almas em Crônicas.”. Acompanhei a evolução deste meu pedido até a sua terceirização, encaminhado que foi a outro órgão para que me atendesse. Mesmo não tendo recebido à lista com as indicações dos nomes e endereços para envios, prometo ao meu povo que quando for a Minas passarei no Brejo para distribuir, graciosamente, alguns exemplares diretamente a quem encontrar pelas ruas.

O Brejo e os antigos personagens que fizeram a sua história a qual muito nos orgulha e enaltece enquanto Brejeiros, não obstante somente alguns fragmentos dela terem sido repassados realmente de pai para filho, são muito lindos e não podemos deixar de forma alguma que tudo isto morra algum dia. O tempo, nem sempre, senhor absoluto da razão, não pode jamais apagar o que há de bom em nossas memórias a respeito de nossa Terra, assim como de sua gente antiga que muito sofreu, vivendo e escrevendo a sua história de maneira simples, muitas vezes, despretensiosa, no intuito de deixa-la gravada com marcas indeléveis a posteridade atual e vindoura.

Em virtude de todas as crônicas relatadas neste livro serem inteiramente inéditas, tão logo ele seja publicado voltarei a atualizar este BLOG semanalmente como sempre fiz cuja interrupção foi necessária devido ao grande acúmulo de trabalho na área de minhas atividades, conciliado com a revisão de dois livros sendo o próprio “O Brejo das Almas em Crônicas” e o outro de temática Espírita que será distribuído gratuitamente.

Um forte abraço para todos vocês, Brejeiros!

E vamos em frente...

*Enoque Alves Rodrigues nasceu no Brejo.