terça-feira, 7 de janeiro de 2014

BREJO DAS ALMAS - 76 ANOS SEM JACINTO



BREJO DAS ALMAS - 76 ANOS SEM JACINTO


*Enoque Alves Rodrigues


Brejo das Almas, 17h30m do dia 8 de Janeiro de 1938. Com quase 67 anos, falecia, depois de padecer por doze anos do mal de Parkinson, no Brejo das Almas, ou Francisco Sá, distante 480 quilômetros da Capital Belo Horizonte, ao norte de Minas Gerais, Jacinto Alves da Silveira. Portanto, brejeiros, amanhã, quarta-feira, oito de Janeiro de 2014, o nosso Brejo completa 76 anos sem o seu fundador, ou principal responsável por sua emancipação politico-administrativa. 

A Parkinson é idiopática, ou seja, é uma enfermidade primária de causa obscura. Há deterioração e morte celular dos neurônios produtores de dopamina. É, por isso, uma doença degenerativa do sistema nervoso central, com início geralmente após os 50 anos de idade. É uma das patologias neurológicas mais frequentes visto que sua prevalência situa-se entre 80 e 160 casos por cem mil habitantes, acometendo, aproximadamente, 1% dos indivíduos acima de 65 anos de idade. Apesar do muito que já se pesquisaram, decorridos quase duzentos anos do descobrimento desta gravíssima doença por James Parkinson, pouco ou quase nada se sabe sobre suas causas.


O fato é que, deve-se a ela, todas as consequências de doze anos de sofrimentos que vitimaram o grande e insubstituível benfeitor de nossa Cidade. Tudo começou quando ainda vereador em Montes Claros, no momento em que lutava pela aprovação de mais um projeto que beneficiaria o Brejo. Ali ele sentiu as primeiras dores no dedo indicador da mão direita, que insistia em não obedecer aos seus comandos. Seu colega de partido, Antônio Ferreira de Oliveira, o Niquinho “Açúcar”, ou Farmacêutico, é quem conta com todos os detalhes, o inicio desse duradouro tormento, que, como já mencionei, doze anos depois ceifaria a vida do nosso mais ilustre Brejeiro.


Jacinto Alves da Silveira foi, até hoje, o único capaz de reunir todos os predicados que habilitam qualquer individuo a afirmar ter vivido a vida em toda a sua plenitude na prática do bem. Descendente de famílias de Ouro Preto, assim como os Pena, Oliveira, Dias, Xavier, entre outras, esta última pertencente à genealogia do grande Mártir da Inconfidência, o Tiradentes, Jacinto, um dos muitos filhos do velho Fazendeiro José Alves da Silveira, nasceu no Brejo, lá pelos idos de 1871, quando o Brejo sequer sonhava em ter as feições de hoje. Ao contrário, assemelhava-se, muito mais, ao longínquo dois de novembro de 1704, quando não passava de uma vasta mata às margens dos rios Verde Grande, São Domingos e Gorutuba, onde Antônio Gonçalves Figueira, dono de várias fazendas na região, fincou pela primeira vez, ao lado da Lagoa das Pedras, o imenso cruzeiro que marcaria para sempre, no tempo e no espaço, o inicio de uma nova era, de uma promissora civilização e de uma progressista Cidade, como o próprio Bandeirante profetizara. Jacinto, ao contrário de seus outros irmãos que eram todos Fazendeiros, desde a infância, apesar de rústico, já se revelava muito inteligente, quando lia, escrevia e realizava cálculos difíceis até mesmo para quem tinha a mais elevada cultura. Era, desde aqueles tempos, um iluminado, na mais clara e límpida definição do termo.


Bonito, com 1,80 de altura, bigodes aparados e bem fornidos, cabelos cortados à escovinha, trajando-se sempre de brim-cáqui, o belo jovem Jacinto Silveira juntamente com outros peões, percorria, no lombo do cavalo, por estradas de chão batido a longa distância de 270 quilômetros conduzindo grandes manadas de gados de corte que eram vendidas na cidade de Curralinho, hoje, Corinto, situada ao norte de Minas Gerais. Com 24 anos conheceu e casou-se com a normalista Maria Luiza de Araújo, na velha Matriz de Montes Claros, no dia 16 de Novembro de 1895. Maria Luiza foi durante toda a vida, sua fiel e inseparável companheira, a qual foi responsável pela condução dos destinos do povo brejeiro no campo da educação e cultura, enquanto Jacinto preparava esse mesmo povo na política e principalmente para a emancipação administrativa do Brejo, que ocorreria em 1923/24. Foi o primeiro presidente da primeira legislatura municipal brejeira, 1924/1930, que era composta pelos seguintes vereadores: Padre Augusto Prudêncio da Silva, Francisco Fernandes de Oliveira, José Dias Pereira Zeca, João de Deus Dias de Farias e Rogério da Costa Negro, este último, um grande comerciante do ramo de tecidos.


Lutador incansável pelos direitos de seu povo, íntegro, transparente, correto em todas as suas atitudes, honesto até a medula, numa época em que a mosca varejeira sequer sonhava sobrevoar o mundo da política, Jacinto Silveira conduzia os destinos do povo Brejeiro pelos caminhos da retidão e do porvir, assim como Moisés do Egito conduzia seu povo rumo à Terra Prometida. Jamais perdeu uma só eleição. O Brejeiro daqueles tempos sabia reconhecer os valores inalienáveis daquele homem e o tinha como a um verdadeiro Líder. E como tal se comportava: respeitador e cerimonioso, de falar pausado, olhava sempre nos olhos do interlocutor e não o interrompia quando o outro se pronunciava. Firme e assertivo, sempre expressou o seu pensamento. Nunca se utilizou de meias palavras. Era homem de posições claras e definidas. Benevolente e despojado, servia a todos com amor sem pedir nada em troca. Disciplinado, sabia ser enérgico sem ser jactante. Muitos foram os Governadores de Estado que utilizaram o prestigio de Jacinto. A palavra dele era uma ordem e nela todo e qualquer Brejeiro acreditava cegamente por que Jacinto nunca deixou de cumpri-la.


Rico, dono de várias fazendas de gado e cultivo, casas comerciais e muitas outras fontes de renda, Jacinto Alves da Silveira, homem que durante toda a existência sempre teve a casa cheia de amigos e correligionários, que sem nenhum apego às coisas materiais, ajudava, com recursos pessoais a todos, brejeiros ou não; bancava, do próprio bolso, inúmeros candidatos em campanhas eleitorais caríssimas. Depois de ter custeado a emancipação do Brejo das Almas, tendo inclusive doado prédios de sua propriedade para comporem a Sede Administrativa e o conjunto arquitetônico do Município, condição esta indispensável a sua homologação, já no final da vida, corroído pela enfermidade degenerativa, ainda era obrigado a arrastar-se de sua casa até a Prefeitura, onde dava expedientes, deixando-nos o belo exemplo de que é no trabalho que nos realizamos e enobrecemos. Morreu, no entanto, pobre, mas digno e praticamente só, tendo a seu lado apenas os familiares.


Não é sem motivo que um de seus filhos, o também Coronel Geraldo Tito Silveira, assim se expressa em um de seus lindos libelos, referindo-se as indiferenças das quais fora vitima o pai: “Nos áureos tempos de sua vida abastada, quando ele plantava as sementes de uma pequena fortuna, depois esbanjada nos ardores da política, feita somente para o bem-estar de outrem, sua casa solarenga vivia repleta de “amigos”. Até então, não se via pela estrada real, que ia dar à Bahia, uma só pousada ou hospedaria, de modo que os forasteiros que por ali passavam procuravam a casa do Coronel Jacinto, onde recebiam todo o conforto, gratuitamente. Muitas dessas pessoas eram acometidas de terríveis pestes inclusive febre brava!”.


E arremata o grande escritor do Norte de Minas, Geraldo Tito Silveira, agora lamentando mais uma grande injustiça com a qual brindaram o pai. Aliás, muito já falei sobre tal injustiça que espero um dia, quiçá nessa atual encarnação ver corrigida: “Como corolário da ingratidão dos homens, mudaram o nome de Brejo das Almas, não para perpetuar o nome de Jacinto Silveira, na terra que engrandecera, mas para honrar o nome de outro Brasileiro, Ilustre, é verdade, mas que nada fizera por ela.”. Refere-se ao Doutor Francisco Sá, (1862-1936), nascido na fazenda Brejo de Santo André, que naqueles tempos pertencia ao Município de Grão Mogol e que foi Ministro da Viação e levou a Estrada de Ferro Central do Brasil até Montes Claros, que muito lhe deve.


Não sei, até porque de há muito não vivo mais no Brejo e não participo de seu dia-a-dia, se a Sociedade Brejalmina ou Brejalmense, movida por nobres sentimentos de gratidão, ou, quiçá, políticos locais, se lembrarão de promover neste dia 8 de Janeiro, alguma cerimônia, por mais simples que seja, ainda que um singelo minuto de silêncio, àquele que foi, é e será, o primeiro e mais importante Brejeiro. O maior de todos, porque deu tudo de si, até a própria vida, para que o Brejo das Almas ou Francisco Sá figurasse no mapa de Minas e do Brasil, como o Município importante e promissor que é.


Depois de permanecer longo tempo na erraticidade, acha-se, atualmente, no meio de nós. Não dentro da política que, convenhamos, mudou muito, e para pior. Servidor nato e dedicado que jamais fugiu à luta, não obstante toda a ingratidão que recebeu, acreditem céticos de plantão: Se hoje se realizassem uma “chamada oral” convocando homens de bem a colaborarem com qualquer causa que tivesse por objetivo o bem comum, a justiça social, a luta contra as desigualdades dos menos favorecidos, alguém, digno, decente, probo e humano em quem, todos nós pudéssemos nos espelhar, ao bradarem o nome “Jacinto Alves da Silveira!” Com toda certeza ouviríamos, prontamente, em algum lugar do Brasil, a voz firme, forte e determinada do Coronel e grande Líder: “Presente... Eis-me aqui!”.


E tenho dito


*O autor nasceu em Francisco Sá, Brejo das Almas, Minas Gerais, Brasil.



ALGUNS FRAGMENTOS ALUSIVOS A JACINTO SILVEIRA – CRÔNICAS PUBLICADAS

*Enoque Alves Rodrigues


      

“Que Jacinto Luz era sogro de José Alves da Silveira, grandes fazendeiros no Brejo das Almas de antigamente, sendo este último pai de Jacinto Alves da Silveira, principal responsável pela fundação e emancipação do Brejo das Almas, hoje Francisco Sá?...”.

“Naquele tempo, Jacinto que era seu compadre, dava expediente na Prefeitura”. A farmácia de França ficava exatamente no trajeto, que Jacinto fazia três vezes ao dia, pois almoçava em casa. Numa dessas passagens, França, desesperado, chamou-o:

- Compadre!

- Pois não. Respondeu-lhe o Coronel Jacinto, sempre educado, cordial e solícito.

- Já não sei mais o que fazer compadre. Não posso mais aceitar porco, galinha e mantimentos como forma de pagamento. Os meus cercados estão cheios. Se eu continuar assim vou quebrar. Mas também não posso deixar o povo sem remédio. O senhor precisa me ajudar!

Jacinto, homem prático, de raciocínio rápido, desses que em fração de segundos cria, amadurece e executa uma ideia, ali mesmo, sobre o balcão da farmácia, pegou sua pena e num papel timbrado escreveu em letras garrafais: “Com o único objetivo de zelar e preservar a valiosa saúde do povo brejeiro, com o intuito exclusivo de evitar propagação de doenças e pestes eventuais, inerentes ás espécies suínas e ovinas, porcos e penosas, proíbo, a partir de hoje, qualquer forma de pagamento de remédios mediante tais modalidades”.

Depois de assinar, entregou o papel para França com a recomendação: “Aqui está compadre, a solução para o seu problema. Pegue isso e cole na frente da farmácia. Quando alguém chegar com porcos e galinhas, basta o senhor mostrar o cartaz. Como a maioria não sabe ler, diga que o papel lhe proíbe de vender remédios para receber de outra forma que não seja em dinheiro vivo...”.


“Quantos, porventura, de nossos conterrâneos saberiam definir o quanto representou o nome gravado naquela velha placa para o Brejo das Almas? O certo é que o Padre Augusto Prudêncio da Silva, sobre o qual muito já escrevi neste mesmo espaço foi, juntamente com Jacinto Silveira, um dos maiores beneméritos do antigo Brejo das Almas...”.


“Alto, magro e esguio”. Vestido do mais puro brim, cáqui, calçado com botas de couro, canos longos, com chapéu panamá à cabeça, olhar tranquilo e falar manso. Sentado estava no solar de seu casarão de onde observava todo o Brejo das Almas, reduzido, naquele tempo, a um pequeno amontoado de casas. Ao avistar Marcolino, elegantemente se expressou:

- Bom dia, meu amigo. Como vai o senhor? Porventura, há algo que eu possa fazer para lhe ajudar?

- Sabe o que é coronel! Eu vim aqui para lhe vender o meu voto. Quanto é que Mercê está pagando?

- Vender, o que, meu filho? Por favor, seja mais especifico. Não lhe entendi!

- Então, coronel, o senhor sabe que todo eleitor aqui vende o voto e que aqui no Brejo qualquer candidato só se elege se comprar votos, já que não tem voto de cabresto para todo o mundo.

Aquele candidato olhou para Marcolino com piedade. Após fitar-lhe de alto a baixo, respondeu-lhe educadamente.

- Creio que o amigo esteja enganado. O voto deve ser dado e não vendido.  Voto não tem preço, voto tem consequência. Aliás, você nem precisa conhecer a pessoa para votar nela. O que você tem que conhecer é o seu plano de governo. Não faça de seu voto moeda de troca senão os candidatos vão fazer de você massa de manobra e posso lhe garantir que esta ciranda perversa não é benéfica nem para você tampouco para à Democracia que todos nós um dia almejamos. Não vote, jamais, em quem se propõe a comprar o seu voto. “Ele não o merece...”.

Democracia? De que diabos aquele coronel visionário estava falando em plena década de 1920 quando a maioria das questiúnculas era resolvida à bala ou sorrateiramente?

Impossível seria mesmo entender, quanto mais explicar, não fosse aquele candidato o Coronel Jacinto Alves da Silveira que, segundo os anais da história, jamais perdeu uma eleição das muitas que disputou.


“E o nosso fundador, Seu Jacinto. Você já leu alguma coisa sobre ele?...”.


Certa vez se encontravam na casa do Padre Augusto, no Brejo das Almas, o Dr. Honorato Alves, Camilo Prates, Alfredo Sá, Jacinto Silveira, Antonio Ferreira, Francelino Dias...


Depois de longos minutos neste diapasão coube a Jacinto intervir.

- Compadres, por favor, parem com isso! Os senhores ainda não perceberam que este Lucas dos Infernos está tirando sarro de todos nós? O que ele lhes manda fazer, jamais conseguirão. Ninguém é capaz de fazer isso. Foi bem mais fácil para mim, apesar de sabermos o quanto me foi difícil, (o Coronel Jacinto, como bom Mineiro, de quando em vez também se dava ao luxo de colocar em prática o seu Mineirismo), emancipar o Brejo das Almas. Este negro não quer contar história coisíssima nenhuma!


“Até mesmo o Coronel Jacinto Silveira, meio sisudo, por natureza, recebia com sorrisos os seus gracejos...”.


“Assim sendo, personagens, cuja vida detalhei em suas minúcias como, por exemplo, o Padre Augusto Prudêncio da Silva, Jacinto Alves da Silveira, Geraldo Tito, Feliciano Oliveira, entre outros, não serão abordados...”


“Aqui estamos diante do túmulo do ilustre Brasileiro e acima de tudo, Brejeiro, Jacinto Alves da Silveira, que por toda a sua vida...”.


“Ainda solteiro, Jacinto conduzia grandes boiadas que eram vendidas em Curralinho, hoje, Corinto...”.


“Dos muitos filhos do velho Zé Alves Jacinto foi o único a inclinar para o campo do intelecto e, menino ainda, já dominava o alfabeto e tabuada...”.


“Ali foi celebrado o enlace matrimonial de Jacinto Alves da Silveira com Maria Luiza de Araújo, que...”.


“Não obstante ter sacrificado a própria vida pelo Brejo das Almas, Jacinto Silveira pouca ou quase nenhuma homenagem recebeu em vida...”.


“A esposa de Jacinto Silveira, dona Maria Luiza, tinha uma cultura refinada e muito além de seu tempo. ela foi a primeira normalista do Brejo das Almas...”.


“Mantendo as mesmas tradições de injustiças com que regalaram o marido Jacinto, Maria Luiza, mesmo tendo sido a primeira Normalista do Brejo, não teve a primeira Escola do lugar nominada em sua homenagem...”.


“Nem mesmo na concessão do Cartório do Brejo se dignaram a destina-lo a esposa de Jacinto, agregando-o a outra família, também merecedora, claro, mas sua tradição e amor ao Brejo sequer se aproximavam da tradição dos Silveira...”.

*O autor nasceu em Francisco Sá, Brejo das Almas, Minas Gerais, Brasil.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Votos de Um Ótimo 2014!!!

Desejo a todos os amigos frequentadores deste Blog um
2014 com muito trabalho, sucesso e realizações em todos as áreas de suas atividades.

Um forte abraço.

Enoque.




sexta-feira, 15 de novembro de 2013

VIVA A REPÚBLICA - VIVA O BRASIL



*Enoque Alves Rodrigues

Não importa sobre qual montaria, cavalo, jumento, égua ou burro, se achava Deodoro em Quinze de Novembro de Mil Oitocentos e Oitenta e Nove. Também não interessam, a meu ver, quais eram suas condições de saúde naquele ato, ou sequer se foi ele realmente quem proclamou a República. Há controvérsias, diria o Poeta, e eu as respeito. O que importa, meus diletos compatriotas é que a persistir as decisões que estão sendo tomadas neste instante no ninho da corrupção que se localiza no Planalto Central deste imenso País, parece que finalmente o homem probo de moral íntegra e ilibada terá motivos para se orgulhar do ato de Manuel Deodoro da Fonseca e, quiçá por alguns instantes, esquecer um pouco a profecia do Grande Jurisconsulto Brasileiro Ruy Barbosa que após ressaltar a incolumidade dos atos ilícitos frente às leis capengas e inócuas, roubalheiras e tudo o que de ruim e pernicioso que são praticados pelos contumazes vendilhões do templo Brasileiro, congênitos em seus distúrbios de personalidade de moral e caráter, finalizava sua oratória com o chicote que ainda hoje bate forte em nossos lombos e muito avilta e constrange aqueles que procuram caminhar sempre pelos caminhos da retidão. O Cidadão de bem: “o homem sentirá vergonha de ser honesto”.
 
O Brasil sempre foi, é e será maior do que aqueles que ao invés de agirem como nós, honestos trabalhadores, que lutamos todos os dias, em busca de nossa própria subsistência digna e de seu engrandecimento, não dormem, debruçados que estão sobre mil formas que os permitam viver nas benesses do estado dilapidando-o, desavergonhadamente em detrimento daqueles que batalham.

Chegará o dia em que serão vocês, senhores achacadores  que se sentirão vergonha de seus ilícitos e ai sim, quem sabe, num rompante de consciência, passarão para o nosso lado. O lado do bem. O lado daqueles que sabem perfeitamente que não há circunstância que justifique se apossar daquilo que não é seu. De que o crime, em toda e qualquer hipótese, não compensa. Ai sim, estaremos aqui, em nosso lado de braços abertos prontos para recebê-los.

Sejam bem-vindos senhores ex-corruptos e ladrões da Pátria. Nós lhes perdoamos. Más, por favor, não pequem mais, diria o Mestre que venceu o Madeiro. Ah, me esqueci... Vocês ainda não O conhecem.

Viva a República!

Viva o Brasil!

E tenho dito.

* O autor é orgulhosamente Brasileiro.

sábado, 26 de outubro de 2013

Alô Brejeiros - 200.000 acessos...




Na próxima semana a minha página no citybrasil totalmente voltada para a divulgação da cidade de Francisco Sá, Minas Gerais, terra onde nasci, estará atingindo os duzentos mil acessos.

Muito Obrigado a todos os amigos internautas, brejeiros ou não, que me deram a honra de suas visitas.

Espero, sinceramente, que o que ali escrevo tenha agregado algo ao conhecimento de todos sobre a nossa cidade.

Recomendo sempre que ao ler minhas crônicas não saiam da página sem visitar também o link http://www.citybrazil.com.br/mg/franciscosa/historia-da-cidade

Um grande abraço a todos e contem sempre com o amigo EAR aqui.

Enoque.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

O BREJO ERA ASSIM... DE TUDO UM POUCO



O BREJO ERA ASSIM... DE TUDO UM POUCO

*Enoque Alves Rodrigues

O povoado:

Em 1830 o povoado de São Gonçalo do Brejo das Almas florescia em torno de diminuta capela deste santo padroeiro. Ao contrário do que possa parecer à povoação do Brejo das Almas não se deu em torno do cruzeiro fincado ali pelo Bandeirante Antônio Figueira, cruz esta que deu a primeira denominação do lugar de Cruz das Almas das Caatingas do Rio Verde. Todas as casas mais antigas foram construídas na Rua das Aroeiras e no Largo da Matriz. Elevado á categoria de distrito do Município de Grão Mogol, forças politicas daquele lugarejo começaram a se movimentar junto á assembleia da província no sentido de que o mesmo fosse anexado ao Município de Montes Claros à época dotado de melhor infraestrutura cuja efetivação veio a ocorrer em cinco de Outubro de 1870.

Emancipação:

Através da Lei 843, de sete de setembro de 1923 depois de árdua batalha, finalmente conseguiam emancipar aquele outrora pequeno distrito e exatamente um ano depois eram empossados na Câmara Municipal do Brejo das Almas, hoje Francisco Sá, a primeira legislatura que daria os primeiros passos rumo ao desenvolvimento social, econômico e político do Município.

Primeira Escola:

A primeira Escola com instrução máxima até o curso primário funcionava em prédio precário que assim como todos os demais foi doado por Jacinto, criada em 1923, tinha inicialmente como professoras as normalistas a própria dona Maria Luiza, esposa de Jacinto Silveira, dona Augusta Guimarães Ataíde e como interina dona Maria Augusta Dias. Naqueles tempos somente alguns abastados fazendeiros possuíam linhas telefônicas com as quais se conectavam com o mundo limitado a sua volta, entre eles, figuravam-se, Francelino Dias, Altino Soares Pereira, José Dias Pereira e mais uns três além deles.

Um Professor “Arrojado”:

Algum tempo depois ingressou naquela escola um professor arrojado de nome José Maria Fernandes ao qual foi facultado implantar sua metodologia de ensino que veio revolucionar as infantis cabeças dos Brejeirinhos. O método era simples. Ele queria somente ensinar os seus alunos a pensar. Inusitada e impensadamente para nós em dias atuais começou por abolir o uso do lápis e do caderno. Ele escrevia no quadro negro e o aluno tinha dez minutos para ler e decorar os textos, assim como as frações aritméticas. Ao fim de cada chamada ia selecionando os que respondiam corretamente enquanto que aos pobres coitados que errava ele entregava a cada um uma enxada com ordens expressas para utilizar todo o tempo do recreio carpindo ao redor da escola e quando não se tinha mais o que carpir ali mandava o infeliz carpir as erva na Rua das Aroeiras onde ficava o Grupo. Quando a tarefa de carpir não era executava integralmente ele fazia uso da palmatória e ai meu nego, o pau comia literalmente. Toda ação da molecada era supervisionada pelo Inspetor Escolar Mateus Alves, um crioulo de quase dois metros de altura que era à sombra de cada aluno, relatando ao mestre José Maria todas as estripulias. Quando por fim José Maria Fernandes devido a envolvimento com o álcool foi substituído pelo Professor Manuel José Veloso, ou Neco Surdo em 1924, os alunos assim como os seus pais fizeram uma festa. Até mesmo os pais se incomodavam com os métodos primitivos de José Maria, enquanto que Neco Surdo, figura tranquila totalmente oposta ao antecessor era querido por todos.

Lagoa das Pedras:

A denominação de Lagoa das Pedras é atribuída a um veio de pedras calcárias de grosso porte que se encontrava ao lado Sul, na antiga estrada de Boa Vista para o Areal rumo a serra do Catuni a qual margeia em direção ao Norte prosseguindo muito além. Para se atravessar esse veio calcário, que formava lajedos, lutava-se com muitas dificuldades, principalmente se fosse a cavalo, pois era muito escorregadio e somente os cavalos ferrados conseguiam manter-se de pé, em equilíbrio.
Somente depois de se erguerem ali muitas caieiras em tempos remotos onde arrebentaram as pedras para produzirem à cal as pedras mais salientes foram removidas o que tornou possível o tráfego de caminhões e outros veículos motorizados. Esta é sem duvida alguma a razão do nome “Lagoa das Pedras”, hoje inexistente nos moldes anteriormente vistos e que muita gente atraia ás suas margens. Não passa de lenda a versão de que os primeiros moradores do Brejo se agrupavam em torno do cruzeiro erguido pelo Frei Clemente à cabeceira da Lagoa das Pedras. Tampouco a povoação do Brejo começou ali.

Igreja Matriz do Brejo:

É uma incógnita até mesmo nos dias de hoje a atribuição direta e definitiva do principal responsável pela construção da Igreja Matriz do Brejo das Almas ou Francisco Sá. Restam apenas especulações que dão conta de que a mesma foi erguida pelo povo numa faixa de dois quilômetros quadrados de terra que foi doada pelo Sargento Mor Jerônimo Xavier ao São Gonçalo. Outra versão dá conta de que a construção desta Igreja foi feita pelo próprio Sargento Mor. Mais verossímil se é que assim podemos chamar, é a narrativa de que a construção da Matriz se deve ao Major Antônio Gonçalves da Silva que motivado por sua esposa, ao erguer um casarão no Arraial do Brejo das Almas aproveitou o ensejo e construiu a Igreja Matriz. Nada no entanto confirma nenhuma dessas versões. O certo é que esta Igreja é a primeira do Brejo, pois a ela o Padre Augusto Prudêncio da Silva que faleceu em 1931 se referia como bicentenária. Havia livros e farta documentação que era guardada no porão que dava acesso ao altar mor entrando pela sacristia à esquerda onde seguramente constava o “registro de nascimento e batistério” de nossa primeira igreja. Todos estes livros e documentos, entretanto, foram queimados propositadamente pelo Padre Salustiano Fernandes dos Anjos, o Padre Salú, que sucedeu o Padre Augusto. É certo, no entanto, que a conclusão daquela pequena capela, hoje nossa Igreja Matriz se deu no ano de 1768. No compulsar de alguns livros podemos encontrar um tal de Joaquim Benedito do Amaral, natural da antiga Serro Frio, colaborando com a construção da Matriz na condição de Mestre de Obras, no ano de 1764 o qual veio a falecer exatamente no ano de sua inauguração, em 1768. Essa ultima versão era sustentada pelo Deputado e ex-prefeito do Brejo Feliciano Oliveira. Repito que nenhuma dessas versões teve sua veracidade confirmada. Muito já pesquisei nesse sentido e hoje é tudo que sei. Apesar de sua má fama o Padre salú foi responsável por importante reforma na Matriz no que tange a parte outrora ladrilhada enquanto que seu antecessor o Padre Augusto com a mão de obra do Carpinteiro Antônio Carapina responde pelos altares mores, abóboda e assoalhos de madeira lá pelos idos de 1914-1915. Ali existiam muitas sepulturas o que indica ter sido aquele local o antigo cemitério do lugar. Durante as escavações daquela área nas administrações do Dr. Paulo Cerqueira e do Dr. João Bawden no sentido de nivelar a praça muitas ossadas humanas foram encontradas.

E tenho dito.

*O autor nasceu no Brejo das Almas.