parabéns meu brejo das almas pelos seus 91 anos de emancipação
“Brejo das Almas ou Francisco Sá, igual a ti
outro não há...”
*Enoque Alves Rodrigues
“Elevado à categoria de
município com a denominação de Brejo das Almas, pela lei estadual n°. 843, de
07-09-1923, desmembrado de Montes Claros e Grão Mogol. Sede no antigo distrito
de Brejo das Almas. Constituído do distrito sede. Instalado em 07-09-1924...”
Amanhã, domingo, 07/09/2014 o meu, o
seu, o nosso Brejo das Almas ou Francisco Sá estará completando 91 anos de
emancipação político administrativa. Tenho visto alguns folders falando em 90
anos. Acredito que se refiram ao ano de 07/09/1924 quando se instalou em
definitivo a sede administrativa do Município e nesse caso estaremos
comemorando realmente 90 anos de existência da Cidade e 91 de sua emancipação.
Ao comemorarmos, festivamente uma
data tão importante para o calendário de nossa terra e de nosso povo, não
podemos nos esquecer daqueles que um dia lutaram e tombaram no sentido de que
tudo isso que hoje vivenciamos se realizasse. Os grandes homens que hoje
conduzem com eficiência os destinos deste nosso pujante Município rumo a
excelência em todos os seus aspectos, foram, de igual forma, precedidos por
outros empreendedores contumazes que deixaram para todos nós, brejeiros, seus
pósteros, marcas indeléveis de suas impolutas figuras. Sensíveis que somos a
tudo o que se encontra a nossa volta, no Brejo ou fora dele, não nos é preciso
seguir uma cronologia exata para nos depararmos com aqueles que deram os
primeiros passos na construção de nosso Município para que ele se transformasse
no que hoje é. Certamente que indispensáveis se fizeram as incontáveis idas e
vindas de muitos Joãos de barro ás Lagoas que antes existiam em busca da
principal matéria prima com a qual dariam início à edificação de um amontoado
de pequeninas casas que se chamaria Brejo das Almas e depois Francisco Sá.
A história do Brejo começou em 1704. Engana-se quem
pensa que a história de um Município só se inicia quando ele atinge a sua
emancipação. A emancipação é apenas uma etapa no processo histórico de
desenvolvimento político, cultural, social e econômico de um núcleo demográfico
e sua respectiva geografia.
Da chegada a estas plagas na tarde do
dia 02/11/1704 acompanhado por vinte homens, de um Sertanista de nome Antônio,
Paulista de Santos, filho de Maria Gonçalves Figueira de quem herdou o sobrenome
e de Manoel Afonso Gaia, remanescente da expedição de um certo Fernão, até o
primeiro tremor no dedo indicador de um Coronel de nome Jacinto que acusaria,
tempos depois, a presença do Parkinson, durante acirrada discussão na Câmara
Municipal da bela MOC, cuja pauta era exatamente a aprovação do projeto de lei
que emanciparia (07/09/23) o Brejo das Almas, ou Francisco Sá (17/12/38),
muitas águas rolaram no Gorutuba e no São Domingos.
De 08/01/38 desencarne de Jacinto ao decreto lei
148 de 17/12/38 transcorreram-se onze meses. Promoveu a alteração toponímica do
Município de São Gonçalo do Brejo das Almas para Francisco Sá, ilustre Ministro
de Viação, mas que ao contrário do grande Jacinto, nada fizera pelo Brejo. Ao
invés de aproveitarem o calor dos acontecimentos da perda irreparável do grande
Líder, oferecendo à Cidade pela qual lutou e finalmente emancipou, o seu nome,
deram a ela o nome de alguém muito importante para o Brasil, mas insignificante
para o Brejo.
Do início da emancipação feminina em 1940 à
construção do Mariquinha Silveira que foi concebido nos anos 1950 onde foi
criado o curso ginasial que preparava as mulheres para uma nova vida até então
restrita a lavoura e cuidar da casa, foram dois lustros. Da transformação e
mudança de nome do Mariquinha Silveira para Tiburtino Pena na década de 1960
foi um pulo. Da implantação do curso do Magistério no Tiburtino Pena em 1965
que capacitava as nossas deusas brejeiras a voos mais altos no campo do
intelecto até a formação da primeira turma de normalistas em 1967 passaram-se
dois anos somente. Do luto velado e permanente das viúvas até a participação
ainda que tímida do divino ser brejeiro (mulher) na política local foi uma
eternidade. Pouco mais de uma dezena de nossas guerreiras chegaram à Vereança.
Em 2004 tivemos no Brejo a primeira candidata mulher a Prefeitura. Vários
partos de porco espinho se deram para que tudo isso se tornasse realidade.
Barreiras e entraves até curiosos, pacientemente, superados, fundem a história
da emancipação da mulher brejeira com a do próprio Brejo. Não, nenhum machismo:
o mundo era assim e não sei se você sabe, o nosso brejo querido é parte
integrante do mundo.
Das missas rezadas em latim nos áureos tempos do
despojado Augusto a modernidade da igreja do abastado Silvestre, muitos badalos
bateram. A centenária palmeira, postada ali, silenciosa, à guisa de atalaia não
me deixa mentir.
Da fartura do ouro branco (algodão e alho) dos meus
tempos de menino ás secas que esturricavam o solo sob o pipocar de mamonas e
fretenes tristes das cigarras não
se passou muito tempo. Somente 18 anos, mas que foram suficientes para me
tangerem da vida cotidiana do Brejo que até hoje, seguramente, ainda “lamenta”
a minha perda, não obstante não existir ali uma vivalma sequer que me conheça
pessoalmente. Quanto a mim, então, mesmo tendo conseguido tudo que quis
mediante trabalho árduo, mas que me apraz, devo dizer, sem falso romantismo,
que continuo escutando o gorjear dos pássaros brejeiros, o barulho de todos os
rios que o banham, o cantar da juriti e das revoadas de suas maritacas, assim
como do coaxar vespertino de “meu igual” cururu na Lagoa das Pedras de antanho.
Quantas eleições foram ganhas com a palavra dada e
cumprida apenas com o fio do bigode? Do mesmo jeito quantas eleições foram
perdidas por que alguém deixou de cumprir promessas vazias feitas no afã de
iludir o povo, soberano em sua sabedoria?
Enquanto isso, na velha Câmara, de Jacinto a
Rogério, de Augusto a Gentil, de Francelino a Jacinto, o Teixeira, de Zé de
Deus a Euler, de Adalberto a Valda, de Zé Nunes a Alineu, de Idalino a Ronaldo
apenas para citar alguns, até os dias atuais quantos projetos, simples e
polêmicos foram aprovados ou deixados de aprovar debaixo de acaloradas
discussões?
E na prefeitura do mestre Benfica? Quantos já se
passaram? O que fizeram ou deixaram de fazer?
No São Dimas, quantas vidas foram salvas? Quantas
pereceram? Se salvas, é o estado se fazendo presente no amparo ao Cidadão
pagador de impostos. Se perdidas, aonde, Deus, se achava o estado? O que
aconteceu? Por que diabos deixou que o Cidadão Brejeiro morresse? Bem, é fácil
de explicar: Cidadãos morrem aqui e em qualquer lugar, até mesmo na Suíça! Ok,
parcialmente de acordo, mas você vive na Suíça ou no Brejo? Então: por mim
ninguém morreria em parte alguma, mas se alguém tem de morrer desamparado que
não seja em meu Brejo, uai?
Acalmem se, por favor... Chega de urticárias... Não
empurrem... Vamos devagar por que eu tenho pressa. Mas ainda não acabei...
Dos digníssimos homens públicos do passado sobre os
quais falei acima ao mais vil e reles que constrangeu e decepcionou a nossa
gente até o palanque comemorativo das atuais festividades onde desfilam
consciências imaculadamente límpidas e comprometidas com as causas dos menos
favorecidos, revezando-se em seus comedidos discursos onde não tem vez e voz as
vaidades e promoções pessoais mais apenas às alusões ao que representa este dia
07 de setembro de 2014 para o nosso lugar, quanto tempo se passou? Muito, mas
valeu a pena!
Portanto, regozijam-se Brejeiros. Saiam ás ruas em
desfile e brindem essa data. Temos muito que comemorar. Os tempos são outros.
As mudanças que se faziam necessárias estão, aos poucos, se processando.
Estejam certos de que o amor filial que vocês demonstram á querida mãe que se
chama Brejo das Almas é recíproco e verdadeiro. A jovem e bem cuidada senhora
de noventa e um anos, alegre e feliz, comovida e carinhosamente lhes agradecem.
E tenho dito.
*O
autor nasceu no Brejo.
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