O
BREJO E SUA GENTE IX – BENJAMIM FIGUEIREDO
*Enoque
Alves Rodrigues
Entre
os cinco últimos prefeitos que ocuparam a Prefeitura de Francisco Sá no regime intervencionista,
ou seja, Dr. Antonio Tenório, Dr. Benjamim Marinho Figueiredo, Cel. Francisco
Ataíde, Dr. Othon Novais e Dr. Aníbal Serra, antes de chegarmos ao grande
Feliciano Oliveira no inicio do período de redemocratização do Brasil,
farei um breve relato nesta minha crônica do mês de Setembro-2015 á figura do
Belo-horizontino de nascimento e Brejeiro por convicção Dr. Benjamim Marinho Figueiredo
não só em virtude da relevância de sua bem-sucedida administração, mas, também,
ou quiçá, principalmente, pelo seu imenso e incondicional amor que sempre
demonstrou para com o Brejo e sua gente, por que nem mesmo depois de ter sido
vitima de traições políticas de um deputado antigo correligionário seu, que
serviram para abreviar a sua gloriosa gestão no auge de grandes realizações,
radicou-se em Montes Claros de onde obtinha informações da política e
administração do Brejo, mantendo-se sempre á postos para colaborar a qualquer
momento com quem quer que fosse o prefeito, somente pelo simples desejo de
seguir servindo ao nosso povo. Por várias vezes, em noites caladas e silenciosas,
humilde e discretamente, sem ser notado, visitava o Brejo das Almas, àquela
altura Francisco Sá, postando-se em frente a serra do Catuni de onde observava
as paisagens adjacentes, retornando, invariavelmente á Montes Claros antes do
amanhecer.
A
indicação de Benjamim Figueiredo para Prefeito de Francisco Sá foi feita pelo
Governador do Estado de Minas Gerais Benedito Valadares. Naquela época esta era
uma das prerrogativas dos governadores de estado. Tudo normal, não fosse á
forma confusa, incoerente e desastrada do governador ao tomar sua decisão que
acabou por tumultuar todo o processo da indicação e talvez residam ai ás
resistências e dificuldades que Benjamim enfrentaria uma vez empossado
Prefeito, que certamente contribuíram para aflorar invejas e vaidades alheias que
culminaram com a interrupção de sua excelente gestão.
Contrassenso?
Não!
Realidade.
Sou
um modesto executivo da Engenharia. No entanto, entendo, que sempre que alguém
se propõe a escrever alguma coisa, até mesmo por respeito aos poucos que o
leem, não pode, jamais, ocultar os fatos que causaram suas consequências como
também deve se abster de dourar a pílula dando ao personagem retratado virtudes
que não teve ou tem. Lealdade aos fatos e respeito a quem lê são premissas
básicas de uma formação razoável.
Antes
de optar pela indicação de Benjamim Figueiredo, o Governador Benedito Valadares
havia dado a sua palavra ás principais lideranças politicas do Brejo, divididas
em duas correntes opostas sob o comando dos irmãos Dias, de um lado João de
Deus e do outro Gentil Dias apoiado por Osmani Barbosa, (PSD – UDN), garantindo
que o indicado seria Filomeno Ribeiro, da região e aceito por todos ali por
unanimidade. A robustez e comprometimento de um líder político local daquela
época não se media com qualquer aparelhinho “Xing-ling” como se faz hoje. O
cara valia o quanto pesava e o seu peso era aferido pela palavra dada e
cumprida. Se o sujeito tinha crédito, se sempre cumpriu com a palavra, todos
nele confiavam cegamente até o dia em que deixasse de cumpri-la.
-
Fulano falou que até o dia 32 de dezembro deste ano vai fazer jorrar ouro do
morro do mocó!
Todos
acreditavam. Mesmo sabendo que o mês de dezembro só tem 31 dias, preferiam
aguardar até o último dia do mês para ver o que aconteceria e só depois disso é
que iam rever os seus conceitos de credibilidade sobre o tal fulano.
Foi
assim que quando o Governador Benedito, - que evidentemente, não era o santo
porreta que conhecemos e que jamais deixou de cumprir uma promessa -, roeu a corda,
grande frustração causou a todos os políticos que tinham como liquido e certo a
indicação de Filomeno Ribeiro. A decepção era geral não só por que ninguém ali
conhecia o novo indicado, mas principalmente pela vergonha e orgulho ferido das
lideranças que já haviam se comprometido junto ás suas bases onde disseminaram
a indicação infalível de Filomeno que aquela altura já era saudado como o novo
prefeito de Francisco Sá. Por onde ele passava era recebido com muita pompa e reverência.
O balde de água gelada que o governador “furão”
jogou na gente Brejeira e seus lideres com aquela indicação inusitada causou
muitos constrangimentos a todos especialmente a Filomeno que viu escapar por
entre os dedos a grande oportunidade de ser Prefeito, e ao próprio Benjamim que
desconhecia aquela malfadada articulação de bastidores. Mas também serviu para
lhe despertar a consciência para a grande responsabilidade que viria assumir
assim como para a luta feroz que teria pela frente. Ele tinha de reverter
àquela situação de insegurança que pairava sobre sua pessoa apenas por não ser
do lugar. O primeiro passo seria se tornar conhecido do povo Brejeiro, pois
assim ganharia sua confiança e a melhor maneira de trazer o povo para o seu
lado para que ele pudesse se mostrar por inteiro e revelar as suas intenções de
realizar o seu melhor seria conquistando, antes, os seus lideres. Foi o que ele
fez. Aos poucos e com muita humildade o Prefeito Benjamim Marinho Figueiredo ia
pavimentando o seu caminho construindo Obras de impacto social irrefutável. É
de sua gestão a implantação do primeiro sistema de abastecimento de águas de
Francisco Sá, entre outras. Madrugador, trabalhador contumaz, polido, fluência
verbal perfeita, possuía um marketing pessoal de dar inveja aos marqueteiros
políticos de hoje, que ao contrário do grande Benjamim, por não terem o que
mostrar, mentem, descaradamente.
Havia,
entretanto, outra liderança ali. Aliás, diga-se de passagem, a mais poderosa da
região, a qual não se simpatizava muito com Benjamim. Jeito matreiro, de pouco
falar, apesar de grande articulador, riquíssimo, proprietário de muitas
fazendas sendo a principal delas a Fazenda Burarama, hoje uma linda e progressista
Cidade que leva o seu merecido e honroso nome. Exercia poder absoluto sobre os
destinos do Brejo das Almas, Montes Claros e adjacências. Ele mandava prender e
soltar. Era, no entanto, de boa índole e benevolente e ao que se sabe nunca
abusou de seu poder e autoridade sobre os menos favorecidos. Parecia justo. Mas
estava na política para onde levou também seus dois filhos Pedro e Antonio. Seu
nome? Enéas Mineiro de Souza, ou Capitão Enéas. Cito-o neste final apenas para lembrar
que no episódio que culminou com a exoneração do Prefeito Benjamim á pedido de
um deputado de tendência duvidosa que fundamentou o seu argumento ao fato de ser
Benjamim um prefeito “realizador, mas, espalhafatoso”, (referia-se a divulgação
que dava ás suas Obras), o Capitão Enéas preferiu não tomar partido. Não se
lançou mão sequer de uma bazuquinha de seu poderio bélico. Até ai nada demais
se não tivesse na sequência, ou á partir da substituição de Benjamim por
Francisco Ataíde, seu correligionário, ter sido ele, junto com Pedrão, seu
filho, beneficiários políticos de uma herança abortada no momento em que mais se
realizava em prol do povo brejeiro, profícua, arrojada e transparente.
Os
homens passam, mas suas histórias ficam.
E
tenho dito!
*Enoque
Alves Rodrigues é Brejeiro.
Esta série composta por dez capítulos que teve início em
Janeiro-2015 será encerrada no próximo mês de outubro-2015 com Feliciano
Oliveira.
Alô Brejeiros!!!
É hoje, 05/09/2015, ás 19:00
horas, na Câmara Municipal do Brejo, o lançamento de nossa amiga e conterrânea Karla Celene Campos. “Cadernos de Ediclar” é a sua nova Obra
que pelos informes que recebi, nos conduz ao reencontro com a História de nossa
Cidade escrita nas ruas, casas, campos e botecos, por seus personagens, muitos já no
andar de cima, que a sua maneira a souberam amar, honrar e dignificar.
Sobre esse novo trabalho de Karla,
vejam o que diz a grande Diva, maior autoridade no assunto em todo o nosso
estado, a doutora Maria Luiza Silveira Teles: http://www.minaslivre.net/site/index.php/85-maria-luiza-silveira-teles/3565-o-passeio-de-karla-celene-e-ediclar-pela-historia-de-brejo-das-almas.
Obrigado!
Um forte abraço a todos vocês!
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