Enoque Alves Rodrigues
De 2004 até 2009 mantive dois blogs hospedados em importantes sites da Editora Abril, aqui em São Paulo, hoje desativados. No primeiro, denominado “isto é espiritismo”, fazia a divulgação, sem proselitismos, da Doutrina disseminada por Kardec, na França, em 1854. Ali postava fotos, resultados de pesquisas realizadas por companheiros do caminho, como materializações, psicografias, passes mediúnicos, palestras, etc., além de relatar experiências adquiridas no curto convívio que tive com Chico Xavier, em Uberaba, no começo dos anos 70, quando eu trabalhava na Mendes Jr., na construção da Usina Hidrelétrica de Volta Grande, na divisa de São Paulo com Minas. Já no outro blog, “gente, causos e coisas do brejo”, cuidava da divulgação de Francisco Sá, o querido Brejo das Almas. Naquele blog, escrevia minhas crônicas quinzenais, hoje vertidas para um livro, (Brejo das Almas em Crônicas), cujo original será publicado no próximo ano de 2012 e oferecido graciosamente às Bibliotecas do Norte de Minas, principalmente, a todos os Órgãos Públicos de minha Cidade de nascimento, a fim de se resgatar coisas e casos que de a muito julgávamos perdidos no tempo e no espaço. Postava também fotos e fragmentos de livros e jornais antigos, de uma época que de tão remota, fica até difícil acreditarmos ter existido. Todo esse acervo e muito mais que consegui garimpar de lá para cá, repousa, amarelado, em minha Biblioteca particular, onde a traça e o cupim não tem vez nem razão.
Quando em 2009 a Abril extinguiu aqueles sites após tê-los mantido por quase cinco anos no ar, jaziam, no registrador de visitas do “blog do brejo”, para minha total surpresa e decepção, apenas e tão somente a bagatela de 212 acessos. Uma ninharia, suficiente para desmotivar qualquer mortal que se propõe escrever algo. Pois, o mínimo que alguém, tonto como eu, que se atreve a escrever alguma coisa sem qualquer outra pretensão, espera, é que outros leem e, se possível, comentem o que se escreveu. Aliás, entendo que faz parte de uma boa educação, manifestarmos através de um simples recado ou comentário, toda vez que acessarmos a página de alguém. É uma maneira de dizermos: “Olá, estive aqui. Visitei sua página rapidamente. Um abraço. Fui!”
No caso em tela, seria muito de minha parte desejar que alguém comentasse, visto que ninguém lia, porque ninguém acessava. O pior, no entanto, já havia ocorrido: Em 2006, criei no Orkut duas comunidades que ainda existem:
“Alô Brejeiros” e
“Francisco Sá, meu amor!”. Pois é... Fiasco total. Até hoje o único acesso que consta lá é o meu próprio. Para a pergunta que postei: “você conhece Francisco Sá?” Nenhuma resposta. Ou melhor, uma resposta. A minha: conheço, sim, senhor. E daí, qual é o problema, cara pálida? Triste, não! Mas é a realidade. Minha filha, que naquele tempo frequentava o Orkut tinha em sua página milhares de adicionados, enquanto eu não tinha nenhum sequer em minhas páginas comunidades.
- Filha, quando é que você vai prestigiar o papai com sua visita a uma de minhas páginas no Orkut?
- Ah, velho, me desculpe, mas com esses títulos estranhos vai ser muito difícil de alguém se aventurar. Acho que estas páginas não terão nenhum outro acesso senão o do senhor! Dito e feito: ainda bem que eu não escrevi mais nada lá. Alias, nem eu sei hoje o que lá se encontra. Nunca mais entrei naquela joça. Só atualizo a minha página pessoal no Orkut por que não posso desativa-la devido ter lá adicionados amigos caros, em sua maioria, familiares.
Em maio de 2009 ao visitar meus pais em Burarama, passei um dia e uma noite no Brejo. Ao retornar para São Paulo reiniciei em outro site, “City Brasil”, alguns relatos de pouca ou quase nenhuma relevância. No entanto, hoje, esse blog se encontra com quase 115 mil acessos. Além dos outros blogs que mantenho, sempre se referindo ao Brejo, criados na mesma época, todos eles muito bem frequentados.
Mesmo com todas aquelas postagens as quais me referi no inicio destas mal traçadas linhas, em 2008, se você jogasse no Google “Francisco Sá”, o resultado da pesquisa trazia um certo Francisco Sá Carneiro, que até hoje não sei quem é. Pois, por não se tratar do meu Francisco Sá, Cidadezinha que se achava perdida nos rincões das Gerais, terra abençoada por Deus que me viu nascer, nenhum outro interesse teria eu em pesquisar ou procurar saber a quem se referia. Por certo, pelo simples fato de esse senhor ostentar o mesmo nome do Ministro da Viação que dá nome ao nosso lugar, já deve ser um grande motivo para fruir de toda felicidade e sucesso. Por favor, não me chamem de bairrista, “porque eu sou”.
No velho, e assim como eu, quase aposentado orkut, passaram a criar, aqui e acolá, algumas comunidades alusivas ao Brejo das Almas. Nada disso, no entanto, foi suficiente para romper as barreiras Cibernéticas que separavam o nosso “Brejo das Almas ou Francisco Sá, igual a ti, outro não há”, como diria Niquinho e Corinto, do mundo incomensurável do WWW (World Wide Web), que em português significa "Rede de alcance mundial". A coisa não engatava. Não dava liga. O Brejo não queria aparecer ou quem sabe, algum brejeiro, sem querer dividi-lo com o mundo, enterrou uma cabeça de jumento aos pés do cruzeiro.
Hoje, no entanto, graças aos esforços e dedicação de todo o nosso povo, a coisa mudou radicalmente. Se você digitar “Francisco Sá”, receberá de volta uma grande enxurrada de referências sobre a nossa Cidade. Com o advento do facebook, então, as comunicações ganharam muito mais velocidade. Ferramenta poderosíssima que entre suas incontáveis funções possui também a de colocar vários indivíduos online, repercutindo, ao mesmo tempo e em tempo real, assuntos de grande, média ou de quase nenhuma relevância aparente, mas que, lá no fundo, ao se analisar melhor, se constatará, fortuita e alvissareiramente que a principal missão dos idealizadores desta ferramenta, missão esta de importância indiscutível, está sendo cumprida ao pé da letra: aglutinar pessoas, aproximando-as cada vez mais uma das outras. Transportando-as para as diversas partes do Globo sem que precisem tirar um só pé do chão. De deslumbramento difícil, uma vez que encaro quase tudo nesta puta vida com naturalidade, até porque o fato de eu ser Espirita há quarenta anos não me torna diferente de ninguém, vejo-me hoje deslumbrado com as facilidades que não existiam antanho. No Oriente Médio a quase doze mil quilômetros de distância da Cidade de São Paulo, onde vivo, abro um simples computador de mão em meio a uma rua qualquer de Bagdá e de lá meus olhos veem a desfilarem-se no canto direito da pequena tela, “tops” ou curtas mensagens me informando que alguém, em um ponto qualquer do Planeta, curtiu ou comentou o meu link. Que há alguém querendo me adicionar a fim de ter-me como seu novo amigo. Dou um clique sobre um link e em átimos de segundos estou no site da Prefeitura do Brejo, onde posso acompanhar todas as ações do amigo Zé, em benefício da gente Brejeira. Entro no link “história da cidade” e vejo lá no final, o meu humilde nome. Volto para o facebook e os “tops” continuam me informando: Que o nosso Brejo agora tem um Centro de Memórias e que estou sendo convidado a participar da cerimônia de inauguração. Que o Brejo voltou a produzir alho como antes. Que as onças do Catuní voltaram a atacar rês. Que lá em “Capivara” a dita cuja que dá nome ao povoado foi extinta. Que lá no morro não há mais mocós. Que os dois riachos já não tem mais os encantos de outrora. Que os ventos que uivavam e varriam as ruas do Brejo das Almas hoje já não uivam mais. Que as águas do Gorutuba e São Domingos estão secando, etc. Com o simples deslizar do mouse sou remetido a fotos antigas das Praças Jacinto Silveira e Rogério da Costa Negro, do Mercado Velho, do Padre Augusto, de Geraldo Tito e Olyntho, de Feliciano, de dona Mariquinhas, de Denilson pequeno, de Roberto do buteco, de Wanderlino, em tarde de autógrafos de um de seus livros de crônicas e poesias, na linda MOC, do Alex sander com sua humildade, lealdade e sede do saber e dos quase dois mil amigos virtuais que frequentam minha página. Com dois cliques sobre um link, vejo e ouço o conterrâneo Tassio, ao vivo e em cores, aos berros, em acalorado discurso na Câmara Brejeira de Vereadores, em defesa dos Munícipes. Mais um clique sobre um link e sou transportado para o mais completo e bem elaborado jornal regional. Trata-se de “o Jornal de Francisco Sá”, do meu amigo Flávio Leão. Aqui, sem que seja necessário que eu dê nenhum outro clique, mas apenas com a barra de rolagem, vejo-me, como que por encanto, literalmente no Paraiso. Cercado agora por lindas beldades, belas e formosas mulheres, com olhares ternos e imaculados de quem acaba de deixar a adolescência, dignas representantes da mais pura “beleza brejeira”, estou extasiado. Não... Não vou navegar mais... Navegar não é mais preciso. Quem gostava de navegar era o Cabral e nós sabemos no que deu. Para mim chega! O meu destino final é aqui. Agenda apertada. Compromissos inadiáveis. Agitação de São Paulo e Bagdá. Poluição. Buzinas nas minhas orelhas. Dez mil projetos de Engenharia iniciando. Vinte mil finalizando. Definitivamente, estou mandando tudo isso às favas. Eu quero mais é ficar neste céu, acompanhado por essas “deusas”, até a morte chegar. E que a dona Teresa, sol que há mais de três décadas ilumina a minha vida, razão maior do meu existir, a mais bonita de todas as deusas, não me leia. Amém!
Voltando à realidade, para finalizar, pergunto: Valeu a pena termos vivenciado aquele engatinhar sofrível desta nova era em prol do conforto que usufruímos nos dias atuais?
A resposta soa-me aos ouvidos na voz do Excelentíssimo Senhor Doutor Deputado Federal Romário de Souza Faria, vulgo, “baixinho”.
- Valeu, peixe!
Enoque Alves Rodrigues, brejeiro de nascimento e convicção, que atua na área de Engenharia, é Escritor com dois livros a serem lançados, (Liderança Conquistada e Brejo das Almas em Crônicas), Colunista, Historiador e divulgador voluntário de Francisco Sá, Brejo das Almas, Minas Gerais, Brasil. Visitem meu blog: Pra variar, é sobre Francisco Sá: http://enoquerodrigues-earodrigues.blogspot.com/ http://www.facebook.com/profile.php?v=info&edit_info=all&ref=nur