sábado, 12 de maio de 2012

ASSIM ERA FRANCISCO SÁ - JARDIM PÚBLICO MUNICIPAL


ASSIM ERA FRANCISCO SÁ – JARDIM PÚBLICO MUNICIPAL

Enoque Alves Rodrigues

PRAÇA JACINTO SILVEIRA
Quando a 31 de Janeiro do ano de 1969 o Prefeito Eurico Penna da Silveira inaugurou na Praça Jacinto Silveira, em frente á igreja matriz do Brejo das Almas ou Francisco Sá, “igual a ti, outro não há,” o Jardim Público Municipal, poucos Brejalminos acreditavam que aquele projeto havia finalmente se materializado, deixando em definitivo o papel.

Concebido na prancheta daquele a quem poderíamos chamar de “o Niemayer do Brejo,” o Dr. Arthur Jardim de Castro Gomes, parte integrante e indissolúvel da vida de Francisco Sá desde os primórdios, onde exerceu com fervor, transparência, dedicação e galhardia, os mais diversos cargos públicos, inclusive o de Prefeito em gestões coroadas de êxitos e muitas realizações com avanços em todas as áreas administrativas do município os quais hoje fica difícil pontuar.

A execução da obra do Jardim Público Municipal ficou a cargo de Antonio Plácido que muito se desdobrou para que o cronograma fosse cumprido dentro do curtíssimo prazo estipulado por Eurico.
Muitos brejeiros hão de lembrar, pois, afinal, não faz tanto tempo assim. Em 31/01/1969 eu tinha dezesseis anos incompletos e lá estava em meio á quase totalidade da população do Brejo naquela praça, em frente aquele “monumental e gigantesco amontoado de concreto.” Todos queriam assistir ao rompimento da fita inaugural e presenciar aquele feito inédito e indescritível.

Um pouco antes do discurso de Eurico Penna a praça já estava tomada pela multidão ávida por ouvi-lo. Todos se acotovelavam em busca do melhor ângulo onde pudessem observa-lo e escuta-lo sem se perder nenhum detalhe. Baixinho à época, não me restou nenhuma alternativa senão me atracar ao tronco liso da centenária palmeira que ainda hoje insiste em manter-se de pé no mesmo lugar, de onde, enquanto “a cacunda” aguentava, podia visualizar toda a cerimônia que transcorria animada e na mais perfeita ordem. Depois das bênçãos do Padre que proferiu nas escadarias da Matriz uma breve homilia, deu-se, de fato, o inicio dos trabalhos. Eurico iniciou seu discurso ressaltando os feitos que havia realizado até então e as ações que ainda restavam por tomar frente á Prefeitura Brejeira. Enfatizou a importância daquela obra do Jardim Público para os munícipes de Francisco Sá. 

No tronco da palmeira, em pensamento, tentava eu entender a quais importâncias Eurico se referiam. O que haveria de tão relevante numa obra de um pequeno e diminuto jardim onde nem flores existiam? O que, de positivo, agregaria a vida de todos nós, Brejeiros? Seria ou não aquele discurso exagerado e tendencioso que não passava de um monte de falácias desprovidas de qualquer cunho de verdade?

Enquanto eu me via perdido no mundo emaranhado das interrogações, eis que Eurico já se achava finalizando sua fala. Se eu tivesse tido o dom da paciência e sido menos precipitado, certamente que nenhuma daquelas duvidas e questionamentos teriam povoado a minha mente. Involuntariamente, mas como se tivesse lendo o meu pensamento, o grande Prefeito Eurico Penna da Silveira, sim, este “Silveira” pertence á mesma linhagem e estirpe do “cara”. O maior de todos, passou a justificar:

“É possível que algum conterrâneo que aqui se encontra neste momento maravilhoso esteja tentando entender qual seria a importância desse simples jardim público para o Brejo. Quiçá esteja imaginando também que este monumento terá como sua única incumbência segurar a placa que nele se encontra ostentando o meu nome, etc. No entanto, quero dizer que ele muito representará para todos nós hoje e para os pósteros. Durante muito tempo este projeto do Dr. Jardim ficou engavetado porque os meus antecessores não queriam correr o risco de passar por tais questionamentos. As minhas explicações são simples. Tudo que pudermos fazer, por pequenino que possa parecer, para embelezar a paisagem urbana da nossa cidade, ela vai nos agradecer. E, tirando do bolso da camisa duas fotos em branco e preto acenou-as para a multidão: veja aqui em minha mão o antes, onde esta praça se acha sem o jardim, e o depois, onde ela já aparece munida do seu jardim. É ou não é incontestável a diferença? Vocês reconheceriam esta praça se aqui não estivessem?”
Não. Respondemos todos.
É...

Por vezes, dizia um certo politico mineiro de nome José Maria Alkmin, nascido em 11/06/1901, em Bocaiuva. Lembram-se dele? “Em política o que importa é a versão e não os fatos.” No caso em tela que acabo de descrever, esta máxima foi pras cucúias, pois, fato e versão, coadunavam-se. Contra fatos não há argumentos e os fatos estavam ali, em nossa frente, em mãos de Eurico, consolidado incontestavelmente por duas trêmulas, distorcidas e meio desfocadas fotos que muito representavam.

E tenho dito!

Enoque Alves Rodrigues, que vive em São Paulo, é brejeiro de nascimento e convicção. Atua há 40 anos na área de Engenharia. É Escritor, com dois livros a serem lançados, (Liderança Conquistada que será lançado agora em maio/12 e Brejo das Almas em Crônicas), Colunista, Historiador e divulgador voluntário de Francisco Sá, Brejo das Almas, Minas Gerais, Brasil.

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